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Hospital de Messejana promove campanha de conscientização sobre Cardiopatia Congênita

Objetivo da campanha é alertar e mobilizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e tratamento da doença, que atinge um em cada 100 bebês nascidos, segundo Ministério da Saúde
20:53 | Jun. 12, 2019
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Tipo Notícia

Em alusão ao Dia Nacional da Conscientização da Cardiopatia Congênita, o Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM) realiza, durante essa semana, uma campanha para mobilizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e tratamento da cardiopatia congênita. Na manhã desta quarta-feira, 12, considerado o “Dia D” da campanha, pacientes e familiares se reuniram no hospital para um momento de discussão e celebração.

A cardiopatia congênita, conta a Dra. Isabel Cristina, médica cardiologista pediatra e coordenadora da enfermaria de cardiologia do HM, é um defeito no coração de bebês que se forma ainda na gestação. Existem diversos tipos de cardiopatia, que variam de um nível mais simples, passíveis de correção total, até níveis mais complexos, em que os pacientes precisam passar por mais de uma cirurgia (nem sempre com êxito completo na correção).

Não existe, ainda, nenhuma maneira de prevenção da doença. Dessa forma, a atenção redobrada aos bebês se torna fator fundamental para o diagnóstico da cardiopatia. Isabel indica que essa atenção deve começar ainda na gestação. “No pré-natal, através das ultrassonografias, já dá para ter uma certa noção de que o bebê possa ter cardiopatia. Essa gestante será encaminhada para fazer exames mais detalhados para saber se o diagnóstico é real”.

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Uma segunda maneira é quando a criança nascer. O teste do coraçãozinho, por exemplo, é um exame disponível nas UTIs Neonatais. Através deste teste, como no caso das ultrassonografias, qualquer indício de anormalidade no coração do bebê, deverá ser encaminhado para serviços especiais.

Estavam presentes no evento, pacientes no ambulatório, pacientes tratados em casa e diversos familiares
Estavam presentes no evento, pacientes no ambulatório, pacientes tratados em casa e diversos familiares (Foto: Divulgação)

Uma outra maneira de diagnóstico é a divulgação de informações sobre a doença. Como parte da população acha que problemas do coração não acometem crianças, é importante alertar, por exemplo, que um em cada 100 bebês nascidos, possuem algum tipo de cardiopatia congênita, segundo dados do Ministério da Saúde. Com essas informações compartilhadas, pessoas próximas podem identificar a doença em crianças cardiopatas maiores, que já estão fora do eixo hospitalar. “A mãe que perceber em casa que seu filho não ganha peso, não cresce, é cansado o tempo inteiro, apresenta roxidão [no corpo]. Até que se prove ao contrário, esses sintomas demonstram cardiopatia congênita”, complementa a médica.

Geralmente, os tipos de cardiopatia mais fáceis de corrigir são CIA (comunicação interatrial), CIV (cardiopatia interventricular), canal arterial e coarctação da aorta, coloca Isabel. Outras possuem tratamento mais complicado, como no caso de crianças que possuem apenas um ventrículo (cavidade na porção inferior do coração). Os pacientes deste último tipo terão que conviver com consequências da condição durante toda a vida, sendo necessário acompanhamento. O principal tratamento ainda é a cirurgia, que pode garantir uma correção completa do coração em alguns casos. Mesmo em casos mais complicados, os pacientes, através de acompanhamento especial, podem ter uma vida completamente normal, tomando cuidados específicos e dentro do limite de sua saúde.

É por isso que o Hospital de Messejana, referência no assunto por atender Norte e Nordeste, está encabeçando essa campanha de conscientização. Para além de sensibilizar e mobilizar a população, o hospital também quer chamar atenção de órgãos de saúde e do governo. “A semana de conscientização foi lançada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, como uma maneira de conscientizar a população em geral, mas, também, como uma maneira de sensibilizar o poder público para aumentar a verba e o serviços de cardiologia pediátrica, para que a gente atenda o maior número possível de crianças”, reforça Isabel.

Pequena Vitória e grande Eduardo

Vitória Ellen, de apenas sete meses e sua mãe, Vânia Sousa, vieram do município de Pereiro, distante 338 quilômetros de Fortaleza, para fazer tratamento no Hospital de Messejana. O diagnóstico da pequena Vitória é recente. A primeira crise foi neste Dia das Mães, seguida de uma segunda crise sete dias depois. Vitória tem Tetralogia de Fallot, um tipo de cardiopatia cianótica, em que o corpo da criança apresenta rouxidão. As duas ainda passaram dez dias no Albert Sabin, hospital que também trata a doença, mas, de forma mais limitada. Quando conseguiu uma vaga no Hospital de Messejana, Vânia ficou feliz, já que Vitória precisa passar por uma cirurgia que somente o HM pode realizar.

Pela manhã, a bebê já havia passado por exames, antes de participar das atividades da campanha. A previsão é de que ela seja operada na próxima semana - momento que a mãe espera ansiosamente. Vânia fala com alegria do atendimento do hospital, que reconhece ser parte importante de sua vida e da de Vitória. “O atendimento aqui é ótimo. Não falta nada nem para mim, nem para ela. Eu estou adorando. Se não fosse esse probleminha”, complementa. Ela está acompanhando sua filha no hospital, que também acolhe familiares e pacientes de outros estados.

Apesar da rotina no hospital, uma rede de afeto e apoio acaba sendo formada no dia a dia. Danielle Magalhães, mãe de Eduardo Filho, que há 12 anos é atendido pelo HM, até hoje participa das atividades promovidas pelo hospital. Por conta de toda experiência que viveu, Danielle compartilha com outras mães essas vivências, chegando a formar grupos para a discussão. Seu filho foi diagnosticado cardiopata logo após o nascimento. Da maternidade, foi levado ao Hospital de Messejana e operado com 20 dias de vida.

Eduardo ainda foi operado outras quatro vezes em um período de dois anos. Hoje, com 12 anos, ele usa um tubo valvular para respirar, que precisa ser trocado com frequência específica - serviço que continua recebendo no HM. Eduardo desempenha suas atividades como qualquer outra criança e sonha ser promotor de justiça, para ajudar outras crianças como ele que precisam acessar causas judiciais. “Ele estuda, corre, anda de bicicleta, ele brinca, ele faz tudo”, conta Danielle.

Para os dois, o Hospital de Messejana também é muito importante. “Foi aqui onde meu filho foi acolhido, desde o primeiro acompanhamento. Então, a gente sempre teve essa referência de hospital”, reforça. Ela e Eduardo foram convidados para as atividades da semana, algo que faz com satisfação. “A gente sempre procura estar presente para ajudar e se solidarizar com as mães que estão aqui, porque um dia já estive aqui. Passei por todos os procedimentos, tudo que elas passam. Desde o nascimento do bebê, de como é aceitar essa criança, de como é lidar, cuidar. Eu passei por isso e gosto de ajudar as outras mães”, finaliza.

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