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SSPDS contratará mais psicólogos para prevenir violência envolvendo policiais

Atualmente, Secretaria dispõe de três psicólogos e sete estagiários para atendimento a todos os profissionais de segurança do Estado. Saúde mental dos profissionais é uma das preocupações
16:35 | Mar. 07, 2019
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O secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, André Costa, anunciou nesta quinta-feira,7, a contratação de mais psicólogos para atender às forças de segurança do Estado. O Carnaval deste ano foi marcado por diversos episódios de violência relacionados a policiais, inclusive feminicídios, um deles seguido de suicídio. Atualmente, há três psicólogos e sete estagiários para atender todo o efetivo de segurança do Ceará.

ANÁLISE | A tensão que envolve as forças de segurança pública do Ceará

Costa não informou quantos novos psicólogos passarão a integrar os quadros da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), mas afirmou que as contratações já foram autorizadas pelo governador Camilo Santana (PT) em janeiro. Os especialistas, todavia, ainda não estão atuando. O secretário disse que os profissionais serão alocados tanto na Centro de Atendimento da Polícia Militar quanto na própria SSPDS.

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O titular da SSPDS disse que haverá medidas de curto, médio e longo prazo voltadas à saúde mental das forças de segurança do Estado. Ele anunciou as ações ao ser questionado pelo O POVO Online sobre os diversos casos nos quais agentes de segurança protagonizaram tragédias durante o Carnaval deste ano. A medida mais irgente, segundo ele, é ampliar a quantidade de profissionais para atendimento psicossocial. Em 2018, a secretária realizou cerca de quatro mil atendimentos, segundo ele.

"A gente já vinha identificando um problema que é essa questão do adoecimento psicológico dos nossos profissionais. Alguns casos levando até o suicídio, e, infelizmente, também vitimando familiares, especialmente as esposas, resultando em feminicídio", afirmou André em entrevista coletiva para apresentar dados relativos à Segurança Pública durante o período carnavalesco.

"(O objetivo é) dar atendimento não só psicológico e psiquiátrico, mas a saúde geral do policial. A ideia é evitar o adoecimento; mas caso isso aconteça, para a gente poder ampliar o atendimento ao policial", explicou.

A exemplo da parceria tecnológica feita com a Universidade Federal do Ceará (UFC), a SSPDS se reúne na tarde desta quinta-feira, com uma universidade cearense, cujo nome não foi informado, para amadurecer a ideia de um estudo sobre os casos de violência envolvendo policiais cearenses. A pesquisa também deve incluir os casos envolvendo morte de familiares, as esposas em particular.

"A gente precisa entender, no caso do ceará, o que tem levado os nossos profissionais a esse momento de matar ou se matarem. É o estresse do trabalho? São problemas financeiros ou familiares? Assédio moral? Nosso trabalho sempre é feito com transparência, a gente quer abrir os dados para a universidade, para que, com profissionais nossos, a gente coordene um projeto de pesquisa para entender isso aí”.

Avaliação

Pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência, César Barreira considera as medidas preventivas corretas. “Tem de dar assistência psicológica. Eles (policiais) vivem uma situação delicada, que é a questão do suicídio. Isso tudo decorre da pressão psicológica. O problema deve ser fundamentalmente atacado”, pontua. Para ele, a violência dos agentes de segurança contra familiares está diretamente ligada ao estresse passado no dia a dia por esses profissionais.

Questionado se a violência enfrentada pelos agentes de segurança no início do ano, durante onda de ataques em todo o Ceará, pode ter influenciado os crimes envolvendo os policiais no Carnaval, César afirma que sim. “Essas questões não são superadas da noite para o dia. Uma questão muito forte é o estresse, a pressão. Tudo isso tem de ser trabalho numa lógica de treinamento e acompanhamento psicológico”, reflete.

“O policial é treinado para dar segurança ao cidadão. Se eles mesmo estão inseguros, isso é transmitido para a população, que fica num clima de medo, insegurança e intranquilidade. Nós temos de romper essa naturalidade do percentual de mortes provocados por policial, do mesmo jeito que não pode ser aceita a questão da morte do policial em serviço”.

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