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É insuficiente a presença da força-tarefa em presídios no Ceará, diz presidente do Copen

De acordo com Ruth Leite, o Estado tem o desafio de manter a ordem nos presídios após a intervenção federal
16:58 | Jan. 28, 2019
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Quarenta e cinco dias de permanência da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) no Ceará são insuficientes para o caos nas unidades. A avaliação é de Ruth Leite Vieira, presidente do Conselho Penitenciário do Estado (Copen). A entidade só terá ciência das tarefas a serem desenvolvidas pelos agentes federais nas unidades prisionais na quinta-feira, 31, quando se reúne com a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).

A vinda da FTIP foi autorizada por Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, em portaria publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira, 28. O planejamento das ações deve ser feito entre o Ministério e o Governo do Estado do Ceará. Questionada pelo O POVO Online, a SAP afirmou não poder divulgar informações sobre o efetivo a ser enviado por razão de segurança. Para Ruth, os agentes devem manter e ampliar as intervenções nas unidades prisionais instituídas nas últimas semanas.

Desde a abertura da portaria, em 14 de janeiro, começaram a contar os 45 dias autorizados para a intervenção nos presídios cearenses. “É exíguo o tempo para a tarefa que tem de ser feita”, afirma Ruth Leite. Para a presidente do Copen, o mais adequado seria a instalação de uma suporte definitivo nas unidades prisionais. “Deveria ser permanente. Quando essa ajuda cessar pode voltar a situação de caos anterior, pela falta de manutenção”.

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Ruth Leite ainda destaca duas frentes como prioritárias. A primeira delas é a manutenção da segurança nas unidades prisionais; a segunda diz respeit ao fortalecimento das ações de ressocialização dos internos à sociedade. Mesmo com isso, o Conselho Penitenciário tem como principal preocupação o período pós-intervenção. Manter as reformas e a reorganização é o principal desafio do Estado. Para Ruth, apenas com forças extras isso não é possível.

Situação atual

Ruth Leite destaca a tensão vivida nos últimos dias dentro das cadeias no Estado do Ceará. “Tenho recebido ligação de muitos familiares com o sentimento de desespero”. Os motivos da inquietação são diversos, desde a falta de notícias dos entes até relatos de maus tratos. “As famílias estão apavoradas. Estamos tentando fazer inspeções (nos presídios) para averiguar e aos poucos tentar acalmá-las”. Ruth afirma que até agora nenhum detento foi encontrado machucado ou com sinais de maus tratos.

Familiar de um interno da Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim, conhecida como CPPL 7, questiona o papel das unidades prisionais. “Eles tratam os presos como se fossem animais. Como se não tivessem famílias que sentissem por eles. Eles estão maltratando nós também. Não é um direito só deles, é um direito nosso também. A comida que servem é fria. A água utilizada é aparada do mesmo canto que a água para tomar banho. Estão como bichos. A família não pode pagar assim. Se pede um remédio, apanha. É uma ruma de gente amontoada, morrendo de calor. Tiraram os ventiladores. Vão matar um monte de gente e massacrar um monte de família”.

 

Italo Cosme

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