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O que se sabe sobre a tragédia de Milagres uma semana depois das mortes

Policiais serão investigados pela conduta no momento da troca de tiros. Buscas por mais integrantes da quadrilha interestadual continuam
13:27 | Dez. 14, 2018
Autor O POVO
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Tipo Notícia
Com 14 mortos, entre reféns e suspeitos, oito presos e 12 policiais afastados, a ação para impedir ataque a dois bancos na cidade de Milagres, no Cariri, completa uma semana nesta sexta-feira, 14. A tragédia no interior do Estado teve repercussão internacional e ainda segue sem respostas para diversos questionamentos. Confira o que se sabe e o que não se sabe sobre a tragédia de Milagres:

Relembre o caso
 
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A madrugada da sexta-feira, 7, foi de terror para os moradores de Milagres, que escutavam a troca de tiros entre Polícia e cerca de 30 suspeitos de articular ataque às agências do Bradesco e Banco do Brasil da Cidade. Seis suspeitos do crime foram mortos e seis reféns, sendo cinco pessoas da mesma família, também foram assassinados. Durante o dia, nas buscas por outros integrantes da quadrilha, outros dois suspeitos foram mortos em troca de tiros em Barro e Brejo Santo. Ao todo, 14 pessoas morreram na tragédia.
 
Quem eram os reféns mortos?
 
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O empresário João Batista Magalhães, 46, e o filho, Vinícius Magalhães, 14, saíram de casa na cidade de Serra Talhada, interior de Pernambuco, para buscar parentes no aeroporto de Juazeiro do Norte. Quando voltavam com Claudineide Campos de Souza, 42, o marido dela, Cícero Tenório dos Santos, 60, e o filho do casal, Gustavo Tenório dos Santos, 13, o carro que utilizavam foi interceptado pelos bandidos. Isso aconteceu quando eles passavam pela BR-116, que tinha sido bloqueada com um caminhão roubado pelos assaltantes. Francisca Edneide da Cruz Santos, 49, natural de Brejo Santo, também foi feita de refém pelos criminosos e acabou morrendo na troca de tiros. 
 
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Outros reféns

Os criminosos fizeram ainda outro refém no caminho para as agências bancárias. Idoso de 72 anos que não quis se identificar relata que foi capturado na frente da própria casa e foi obrigado a seguir o trajeto sentado no capô do carro, se segurando pelos parabrisas, pois o carro não tinha mais espaço para outra pessoa. Chegando próximo ao destino dos suspeitos, o homem diz que já estava acontecendo troca de tiros e o motorista do carro resolveu voltar para deixá-lo na estrada. Ele seguiu andando para casa. Outra refém foi uma mulher que relatou ser obrigada por um criminoso a mantê-lo em sua casa durante a madrugada. O suspeito foi preso pela polícia quando tentava fugir pegando uma van para sair de Brejo Santo. 
 
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Quem foi preso?

Dos 14 mortos, oito eram suspeitos de integrar a quadrilha interestadual que pretendia atacar os bancos. Além deles, outros dois homens foram mortos em trocas de tiros durante as buscas na sexta-feira, um em Brejo Santo e o outro na cidade de Barro. Pelo menos oito pessoas envolvidas no crime foram presas. Entre elas, três são da mesma família: Geronilma Serafim da Silva, 44, natural de Alagoas, é mãe de Denilson Moreira da Silva, 20, e sogra de Jaine Pereira Nogueira, 20. Outro filho de Geronilma, Mackson Junior Serafim da Silva, 26, estava envolvido na ação, mas foi morto na troca de tiros. 

Girlan Araújo dos Santos, 29, de Alagoas e Erivan Jesus da Luz, 27, da Bahia, também foram presos junto com a família. Eles foram autuados em flagrante por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e por integrar organização criminosa. Outros três homens foram presos após buscas da polícia na região. São eles: Robson José dos Santos, de Sergipe, Gian Sidney Wynne Santos, 25, também de Sergipe, e o cearense Cícero Rozelir da Silva, 34. Os três foram autuados por receptação, desobediência, corrupção ativa, crimes de trânsito, posse irregular de arma de fogo e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. 
 
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Quem vai investigar?

O governador Camilo Santana (PT) anunciou, no domingo, 9, a criação de um grupo para investigar a quadrilha e a ação policial em Milagres. Ele informou que a ação reunirá a Delegacia de Roubos e Furtos, Delegacia Regional de Brejo Santo e o Departamento de Polícia do Interior Sul. As Polícias Civis de Sergipe, Alagoas e Bahia também vão contribuir com as investigações. 

Grupo formado por 40 servidores e coordenado pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) deve também investigar o trabalho dos policiais que atuaram na interceptação dos bandidos. Até esta sexta-feira, 12 policiais militares envolvidos na ação foram afastados de suas atividades e colocados em serviços administrativos.

[SAIBAMAIS]O que foi apreendido? 

A polícia apreendeu pelo menos três pistolas (calibre 9 mm, 380 e .40), uma espingarda calibre 12, um revólver calibre 38 e explosivos. Quatro veículos que estavam com os criminosos também foram apreendidos, sendo um dele de modelo Mitsubishi L200 roubado na Região Metropolitana de Aracaju, em Sergipe. Outros carros que foram roubados na BR-116 também foram recolhidos. As armas dos agentes de segurança que trocaram tiros com os suspeitos também foram recolhidas para perícia. 
 
E o caminhão usado para bloquear a rodovia? 
A transportadora responsável pelo caminhão qye foi usado para fechar a BR-116 entre Milagres e Brejo Santo enviou uma nota sobre a ocorrência. No texto, a FedEx Express presta condolências às famílias e aos amigos das vítimas. "Somos gratos pelo fato de o motorista do caminhão não ter sido ferido e estamos cooperando com as autoridades em sua investigação", comunicou a empresa. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi ao ponto de bloqueio e a via foi totalmente liberada ainda na sexta-feira.
 
 
O que ainda não se sabe:

De onde partiram os disparos que mataram os seis reféns?

Em que circunstâncias reféns e assaltantes foram mortos?

Por que a Polícia Rodoviária Federal não foi avisada sobre a operação?

Qual era o reforço em efetivo para barrar a ação da quadrilha, que já era planejada?


Redação O POVO Online 

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