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Festa do Pau da Bandeira em Barbalha é reconhecida como Patrimônio Cultural Cearense

Festejos acontecem desde o século XVIII
22:31 | Dez. 14, 2018
Autor Carlos Viana
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Carlos Viana Assistente Núcleo Opinião
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A tradicional festa do santo Antônio do Pau da Bandeira, que acontece anualmente em Barbalha (sul do Estado), teve aprovado dois pareceres conclusivos de registro como Patrimônio Cultural Cearense na categoria Celebrações. A festa já é reconhecida institucionalmente no âmbito nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
  
A decisão foi tomada nessa quinta, 13, durante reunião ordinária do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Ceará (Coepa), na sede da Secretaria de Cultura do Estado (Secult). 
  
Para Alênio Carlos, coordenador de Patrimônio Cultural da Secult, a partir de agora o Estado tem um compromisso para a manutenção dos festejos. “Com essa decisão, algumas demandas de grupos que organizam a festa deverão ser atendidas e um orçamento para contemplá-las deverá ser elaborado nos próximos meses,” explica. 
  
Segundo ele, o reconhecimento da festa do Pau da Bandeira como Patrimônio Cultural Cearense abre precedentes para que outras celebrações tradicionais, como a festa de São Francisco em Canindé, nosso Senhor do Bonfim em Icó e Iemanjá em Fortaleza, também consigam o título. No caso da festa de Iemanjá, o processo para o reconhecimento está em andamento.
  
“Muitos de nossos mestres da cultura já estão na fase final de suas vidas, com 80, 90 anos. Por isso tomamos a decisão, durante a festa desse ano, de buscar o reconhecimento como Patrimônio Cultural Cearense. Assim iremos preservar esse festejo tão importante para nossa cultura,” explica Josier Ferreira, professor de geografia cultural da Universidade Regional do Cariri (Urca) e superintendente de projetos do Centro Pró-Memória de Barbalha Josafá Magalhães.
 
De acordo com o professor, a tradição de cultuar santo Antônio começou na segunda metade do século XVIII, quando o capitão-mor Francisco Magalhães foi morar na região do Cariri. “Ele trouxe uma imagem de santo Antônio e obteve autorização da Igreja para construir uma capela. A partir daí, o santo começou a ser louvado no local”, esclarece.
 
De acordo com Josier, a festa do Pau da Bandeira teve início a partir de 1862, quando o padre Ibiapina visitou a cidade. “Ele acreditava que levantar um mastro com a bandeira do santo durante a festa era uma forma melhor de cultuá-lo. Por isso, incentivou a prática durante a festa de santo Antônio. A partir daí, em todas as festas, há a procissão do pau da bandeira,” afirma.
 
Durante a procissão, que percorre seis quilômetros, os solteiros, principalmente mulheres, são incentivados a tocar no pau ou a tomar o chá feito com raspas da árvore. “A tradição de santo Antônio ser casamenteiro é muito forte no Nordeste. Por isso, com o passar do tempo as moças solteiras começaram a tentar tocar no pau para conseguir um casamento. Além disso, os homens que carregam o mastro, que pesa cerca de três toneladas, tomam cachaça durante o trajeto, como uma forma de obter força para a tarefa”, conclui.

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