Morre recém-nascido que foi retirado vivo do próprio velório no Acre
Recém-nascido havido sido declarado natimorto pela maternidade. Ministério Público investiga o caso; bebê estava na UTI, mas não resistiu
O recém-nascido de cinco meses de gestação, dado como natimorto na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, e retirado do próprio velório no sábado, 25, não resistiu. O bebê morreu às 23h15min desse domingo, 26, na mesma maternidade da capital acreana.
Conforme a Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), a morte foi em decorrência de um quadro de choque séptico e sepse neonatal, resultado de infecção generalizada que provocou falência múltipla dos órgãos.
De acordo com a família, na manhã do último sábado, 25, uma funerária particular chegou a buscar o corpo da criança na maternidade e o levou para o cemitério.
Pouco antes do sepultamento, uma parente pediu para abrir o caixão e percebeu que o bebê estava vivo e chorando.
O bebê, considerado prematuro extremo, já havia passado cerca de 12 horas fora do hospital.
Os pais, vindos do município de Pauiní, no interior do Amazonas, buscaram atendimento médico no Acre na quinta-feira, 23. O parto ocorreu no dia seguinte, 24 de outubro, quando a família foi informada sobre o suposto falecimento da criança.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) afirmou que “todos os protocolos de reanimação foram rigorosamente seguidos pela equipe multiprofissional, e o óbito foi constatado e comunicado à família”.
Após o episódio no velório, o bebê foi imediatamente levado de volta à Maternidade Bárbara Heliodora e internado na unidade de tratamento intensivo.
Ministério Público cobra esclarecimentos
O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) informou que está atuando para esclarecer todas as circunstâncias do caso, apurar responsabilidades e adotar as medidas cabíveis.
Por meio da 1ª Promotoria Especializada de Defesa da Saúde, o órgão oficiou a Sesacre e a Maternidade Bárbara Heliodora, requisitando informações sobre o ocorrido.
Nas redes sociais, internautas relataram experiências negativas com o atendimento na maternidade e cobraram uma fiscalização mais rigorosa por parte do MPAC, destacando que situações de descaso não são recentes.
Leia na íntegra a nota do MACP:
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O que diz o hospital e a secretaria da Saúde
Em entrevista coletiva concedida na tarde do último sábado, 25, a médica pediatra neonatologista Mariana Collodetti classificou o caso como “uma situação excepcional”.
“A gente não consegue definir o que pode ter acontecido. Se realmente [o bebê] tinha vitalidade, frequência [cardíaca], se parou e depois voltou”, explicou a profissional.
Em nota, a Sesacre afirma que instaurou uma apuração interna “para esclarecer os fatos com total transparência e responsabilidade”.
Comunicado divulgando a morte do recém-nascido, as equipes de saúde expressaram “solidariedade e respeito à mãe, ao pai e a todos os familiares, desejando que encontrem conforto e acolhimento diante dessa perda irreparável”
Os responsáveis pelo atendimento inicial na maternidade foram afastados “para assegurar a lisura de todo o processo” de apuração do caso.
Leia a nota na íntegra a seguir:
“A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), por meio da direção da Maternidade Bárbara Heliodora, comunica, com profundo pesar, o falecimento do recém-nascido atendido na unidade (após ter apresentado sinais vitais, depois de declarado óbito), ocorrido às 23h15 de domingo, 26 de outubro, em decorrência de um quadro de choque séptico e sepse neonatal.
Neste momento de imensa dor, expressamos nossa solidariedade e respeito à mãe, ao pai e a todos os familiares, desejando que encontrem conforto e acolhimento diante dessa perda irreparável.
Todos os esforços possíveis foram realizados para garantir o melhor cuidado e suporte durante todo o período de internação. Reforçamos que, devido à prematuridade extrema do bebê, a transferência para outra unidade não chegou a ser cogitada pela equipe médica, diante do alto risco de agravamento do quadro.
O caso está sendo rigorosamente apurado, e a equipe responsável pelo atendimento inicial foi afastada para assegurar a lisura de todo o processo.
A Sesacre e a equipe da maternidade lamentam profundamente o desfecho e reafirmam seu compromisso de redobrar o olhar e seguir aprimorando, a cada dia, o cuidado e a atenção humanizada à vida.
Simone da Silva Prado
Diretora-geral da Maternidade Bárbara Heliodora
Pedro Pascoal Duarte Pinheiro Zambon
Secretário de Estado de Saúde do Acre.”