Opioide '500 vezes mais potente que heroína' é encontrado em drogas em SP
De acordo com o estudo conduzido pela USP e pela Unicamp, a substância nitazeno nunca havia aparecido no Brasil
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificaram, por meio de um estudo, a presença de nitazeno em drogas sintéticas vendidas no Brasil, principalmente em São Paulo. A droga tem efeito devastador em quem a utiliza.
O grupo já tinha detectado o fentanil, um potente anestésico, considerado 50 vezes mais forte que a heroína. Nos Estados Unidos foi responsável por 100 mil mortes em 2022 e virou uma questão de saúde pública não só nesse país como também na Europa.
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De acordo com os dados da polícia técnico-científica de São Paulo, o nitazeno foi detectado em 95% das apreensões de opioides, entre julho de 2022 e abril de 2023. Em 71,4% dos casos em que a substância foi encontrada estava misturada com outros compostos ativos, como o canabinoide que apareceu em 30% das amostras analisadas.
Esse é o primeiro relato de apreensão de opioides com nitazeno no País. Os procedimentos foram conduzidos utilizando técnicas de pesquisas avançadas. A descoberta levanta preocupações sobre os riscos dos usuários, que podem desconhecer que estão consumindo opioides potentes com canabinoides sintéticos.
A descoberta de nitazeno em fragmentos de ervas levanta preocupações significativas sobre os riscos para os usuários, que podem não estar cientes de que estão consumindo opioides potentes juntamente com canabinoides sintéticos. Os pesquisadores afirmam que o efeito do uso é imprevisível e que a substância causa problemas respiratórios, além de apresentar um alto risco de abuso e toxicidade.
O professor de toxicologia da faculdade de ciências farmacêuticas da USP, Maurício Yonamine, em entrevista ao Jornal Nacional, explicou que os nitazenos possuem um alto potencial de causar dependência e morte, além de serem opioides “500 vezes mais potentes que a heroína” e “de 10 vezes a 20 vezes mais potentes do que o fentanil”.
A substância é uma droga sintética, as chamadas drogas K, e surgiu em pesquisas farmacêuticas desenvolvidas na década de 1950. Devido a sua alta potência e ação viciante, nunca foi aprovada para ser utilizada na medicina. Assim, se conhece pouco sobre os seus efeitos, pois nunca foi utilizada em grande quantidade em humanos.
Até o momento, o que se sabe sobre a droga vem dos relatos de usuários