Família é condenada por manter mulher por 40 anos em condição análoga à escravidão

A Justiça Federal de Minas Gerais condenou a família Milagres Rigueira por manter Madalena Gordiano em situação análoga à escravidão por quase 40 anos. As penas, somadas, ultrapassam 14 anos de prisão, além de multas de quase R$ 1,3 milhão. Caso ocorreu de Patos de Minas (MG).

O resgate de Madalena aconteceu em 2020, após ela conseguir denunciar a família em um papel no qual pedia R$ 5 emprestados. Ela trabalhou desde os 8 anos para a família, sem possuir registro e outros direitos. A vítima também sofreu com exaustivas jornadas de trabalho e teve acesso negado a direitos fundamentais, como alimentação e educação.

O G1 apurou que os quatro membros da família foram condenados pela Justiça. Dalton e Valdirene Milagres Rigueira foram indiciados por crime de redução à condição análoga à de escravo, furto qualificado e lesão corporal. Raíssa Lopes Fialho Rigueira, filha do casal, por furto qualificado e lesão corporal, e Bianca Lopes Rigueira Nasser por lesão corporal.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a jornada de trabalho de Madalena começava às 2 horas da manhã e se encerrava as 20 horas, sem pausas. Nesse período, a familia repassava somente R$ 100 para que ela pudesse comprar roupas, produtos de higiene e remédios.

O MPF ainda afirma que ela sofria violência doméstica, sendo tratada com desprezo e em “estado permanente de negligência afetiva”. Essas condições desumanas causaram danos físicos e mentais em Madalena.

Após a liberdade, Madalena tem vivido intensamente. Foi a praia pela primeira vez — ação que até contou com gravação do Fantástico, da Rede Globo — retornou aos estudos e foi homenageada no último dia 22 na Câmara Municipal de Uberlândia (MG) com a Comenda Zumbi dos Palmares, entregue a pessoas que tiveram destaque em ações contra a discriminação racial.

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