Caso de poliomielite em criança de 3 anos é investigado no Pará

A Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa) disse que o caso "pode estar relacionada a um evento adverso ocasionado por vacinação inadequada e incompleta" da criança

Atualizada às 21h42min

Um comunicado da Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa) informou nesta quinta-feira, 6, ter encontrado o vírus da poliomielite nas fezes de uma criança de 3 anos, residente do município de Santo Antônio do Tauá. A pasta disse, em nota, que trata-se de um “caso ainda sob investigação”. O Ministério da Saúde foi notificado.

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No documento, o caso foi previamente notificado como Paralisia Flácida Aguda (PFA). Em nota, a pasta disse e que o caso "pode estar relacionada a um evento adverso ocasionado por vacinação inadequada e incompleta em uma criança de 3 anos".

O comunicado informa que foi constatado que a criança estava com o ciclo vacinal incompleto. A criança do sexo masculino não tinha recebido as doses da VIP (vacina inativada contra poliomielite) previamente, e só tinha apenas duas doses de VOP (vacina oral poliomielite), o que está em desacordo com as normas do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

De acordo com o alergologista e imunologista Cícero Inácio, como a criança não tomou a vacina injetável (VIP), ela não tinha defesa suficiente para combater o vírus atenuado inativado que vai pela via oral (VOP). As primeiras doses são para estimular a imunidade.

“E esse quadro pode estar relacionado a vacinação porque se a criança não for apresentada antes aos vírus, ou seja, se ele não tem nenhuma defesa contra o vírus que poderia ser com a vacinação injetável e ele agora teve contato com a vacina oral, ele pode sim desenvolver alguns sintomas relacionado a poliomielite porque o vírus está vivo”, explica o imunologista.

A vacina da poliomielite, segundo Cícero, deve ser aplicada com 2 meses de idade, com 4 meses de idade e com 6 meses de idade, que é a injetável. Depois de 1 ano e meio, se faz a oral, a gotinha. "Se faz o reforço com a gotinha e depois de 4 anos outro reforço da gotinha", disse.

Sintomas

A criança do sexo masculino apresentou sintomas no último dia 21 de agosto, com febre, dores musculares, mialgia, comprometimento e redução motora nos membros inferiores, 24 horas após receber as vacinas tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) e VOP (vacina oral contra a poliomielite).

Conforme o comunicado do governo do Pará, a responsável pela criança foi à Unidade Básica de Saúde do município no dia 12 de setembro. No local, ela relatou que no dia 21 de agosto, um dia após a vacinação, o menino apresentou dor no membro inferior direito e começou a mancar.

A partir do dia 10 de setembro, perdeu a força nos membros inferiores, não conseguindo se manter em pé. A Vigilância Epidemiológica municipal afirmou que, ao tomar conhecimento, realizou visita domiciliar e solicitou pesquisa de poliovírus nas fezes da criança.

No dia 16 de setembro, a coleta de fezes foi realizada e encaminhada ao Laboratório de Referência do Instituto Evandro Chagas. O resultado positivo saiu nessa terça-feira, 4, para Sabin Like 3 (vírus da pólio), que é presente nas vacinas e nos laboratórios.

O último caso de poliomielite reportado no Brasil foi em 1989. Em 1994, o País recebeu a certificação de área livre de circulação do Poliovírus selvagem (PVS) da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

A pasta da saúde informou que outras hipóteses diagnósticas não foram descartadas, como síndrome de Guillain-Barré. “Portanto o caso segue em investigação conforme o que é preconizado no Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde”.

Ministério da Saúde

Em nota, o Ministério da Saúde informou que o caso “não se trata de poliomielite” e que não “há registro de circulação viral da poliomielite no Brasil”.

A pasta disse que enviou uma equipe ao estado do Pará nesta quinta-feira, 6, para investigar um caso de Paralisia Flácida Aguda.

“De acordo com informações enviadas pela secretaria estadual de saúde, o caso pode estar relacionado a um evento adverso ocasionado por vacinação inadequada”, disse em nota.

O Ministério da Saúde e a Sespa reforçaram que “pais e responsáveis vacinem suas crianças com todas as doses indicadas para manter o país protegido da poliomielite, doença erradicada no Brasil”.

O imunologista Cícero Inácio ressalta a importância de que todas as vacinas disponibilizadas no calendário vacinal, do Ministério da Saúde, devem serem completas e preenchidas.

“Se você deixa uma dessas vacinas, você acaba deixando a imunidade relacionada a esse antígeno que você não se vacinou incompleta e frágil”, pontuou.

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