Esposa de baiano agredido em Portugal denuncia descaso de boate

Douglas Rosa foi internado em estado grave

O que era para ser apenas um momento de distração, virou caso de xenofobia explícita na cidade de Faro, em Portugal, que tem pouco mais de 60 mil habitantes. O baiano Douglas Rosa, que trabalha na área da construção civil na Europa, foi brutalmente agredido por seguranças de uma discoteca e está internado em um hospital, esperando por alta, após passar por duas cirurgias.

O amigo do casal, o venezuelano Juan Pérez, que também foi agredido na região do olho, passou por operação, mas já retornou para casa e prestou queixa, junto com a esposa. O cunhado do baiano foi outra vítima, mas não teve ferimentos tão graves quanto os de Douglas.

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O caso aconteceu na noite do último sábado (6). Gislaine Rosa, que também é baiana de Ilhéus, revelou que depois da agressão e expulsão da boate e da divulgação do caso na mídia de Portugal e do Brasil, a casa noturna não só não entrou em contato para tentar ajudar, como a bloqueou nas redes sociais.

De acordo com a auxiliar de cozinha, desde 2019, quando se mudaram para Portugal, essa é a primeira vez que sofrem violência psicológica e física. "Saímos [da Bahia] em busca de melhoria de vida, segurança, educação, que infelizmente onde a gente morava não tinha. E aconteceu esse ocorrido logo na parte de segurança, pois Portugal é um país muito seguro, mas ainda há casos isolados de violência", ressaltou.

Gislaine e Douglas
Gislaine e Douglas (Foto: Reprodução / Redes Sociais)

Apesar disso, a família, que tem três filhos, duas meninas e um menino, já vivenciou um caso de xenofobia com a criança mais nova, de 10 anos. Segundo Gislaine, o menor tem um porte físico pequeno para a idade e acabou recebendo ataques de outros colegas na escola.

"Ele ficou em uma turma que os colegas eram maiores. Mandaram ele voltar para o Brasil, riram do sotaque. Depois de um tempo, eu percebi que ele não queria ir mais a escola", contou. Ao chamar o filho para conversar, a criança revelou que três colegas o seguraram para bater: "Acionei a escola e depois disso não houve mais nenhum ocorrido. Ele voltou para uma turma menor".

Longe do Brasil e também do Sistema Único de Saúde (SUS), a auxiliar de cozinha revelou que em Portugal, a situação é diferente em relação à saúde pública. Apesar do hospital ser público, eles terão de pagar um valor após a internação de Douglas na unidade de saúde. "O hospital de Lisboa, onde ele estava, é um hospital público, porém, depois de alguns dias, chega em casa um valor que a gente tem de pagar", explicou.

O casal vai prestar queixa e vai procurar o Consulado Brasileiro, em Portugal, após Douglas sair do hospital, o que pode ocorrer ainda nesta quarta-feira (10). A discoteca, por meio das redes sociais, alegou que não compactuava com as agressões e que não aceitava os preconceitos que os imigrantes sofreram.

"Estamos à procura da melhor solução para o ocorrido. Sempre recebemos pessoas de todos os gêneros e nacionalidades, com funcionários qualificados e preparados para oferecer o melhor serviço. Não nos identificamos com comportamentos preconceituosos e estamos sempre a combater tais atitudes", diz um trecho da nota.

Gislaine está assustada com toda a situação e afirmou que já presenciou outros casos de xenofobia, mas nunca imaginou que seria mais uma vítima na estatística de preconceitos no país.

 

Do Correio 24h para a Rede Nordeste

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