RJ: homem que torturou jornalista por 3 dias em Copacabana já agrediu avós e ex-namoradas

Entre diversas passagens pela polícia e períodos de detenção, Fred Henrique Lima Moreira já foi condenado por violência doméstica. Ele está preso desde essa quinta-feira, 5

Não é a primeira vez que Fred Henrique Lima Moreira agride gravemente pessoas de seu convívio. Preso nessa quinta-feira, 5, o homem é acusado de espancar, torturar e manter a namorada Ana Luiza Dias em cárcere por três dias em Copacabana, no Rio de Janeiro. Desde 2010, ele já foi denunciado e condenado por agressão outras três vezes.

Levantamento do portal G1 aponta que o primeiro contato de Fred Henrique com a Justiça foi em 2010, aos 18 anos, quando respondeu a um processo por lesão corporal decorrente de violência doméstica contra os avós. Em um acordo, ele foi condenado a se apresentar à Justiça mensalmente e ficou proibido de visitar os avós. A pena foi obtida a partir do perdão das vítimas.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

No ano seguinte, foi acionado por violência doméstica contra a mãe de um de seus filhos. Em depoimento à polícia, a vítima disse que durante uma crise de ciúmes Fred começou a xingá-la e agredi-la com socos no rosto e em todo o corpo. Ela narrou ainda que Fred esquentou uma panela vazia no fogo e colocou na perna e costas dela.

O acusado não negou que teria invadido a casa da vítima, agredido seu pai e posteriormente agredido a vítima, mas alegou que a mesma se queimou ao esbarrar em uma panela que estava em cima do fogão. Fred foi condenado a um ano de prisão em regime aberto.

Em 2020, um termo circunstanciado foi lavrado para apurar a prática de crime de lesão corporal contra uma namorada, que teria sido agredida com socos e golpes de telefone na cabeça. Ela também descreveu que, no decorrer das agressões, foi obrigada a fazer sexo oral com Fred, que teria filmado o ato e dito que divulgaria o vídeo, se a vítima o denunciasse.

Ainda em 2020, a mãe de seu outro filho foi até o apartamento de Fred depois de receber uma ligação dele falando que queria conversar sobre a criança. No local, ela começou a ser agredida depois de seu telefone tocar algumas vezes e Fred alegar que ela estava apanhando por permitir que a criança chamasse outro homem de pai.

No cárcere, ela foi espancada, levou vassouradas e choques, e foi queimada com uma panela. A mulher só foi resgatada depois que pediu ajuda ao ex-marido. As informações constam no processo em que ele foi condenado a seis meses de prisão.

Na última quinta-feira, 5, Fred Henrique foi preso por policiais da 12ª Delegacia de Polícia, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. O mandato de prisão temporária aponta os crimes de pelos crimes de tentativa de feminicídio, estupro, cárcere privado e tortura contra a jornalista Ana Luiza Dias (entenda o caso abaixo).

Na casa dele foram apreendidos um cassetete, um soco inglês e também um simulacro de pistola. As armas foram reconhecidas pela vítima.

Três dias de agressão e cárcere

Conforme a polícia, em depoimento Ana Luiza conta que as agressões começaram no dia 26 de abril, quando a mulher foi até a casa do namorado. Após ouvir acusações de infidelidade, ela foi agredida com um cassetete nas pernas, costas e cabeça e desmaiou.

A jornalista passou a primeira noite desacordada e, ao acordar, tentou gritar por ajuda, mas percebeu que havia fraturado o maxilar — o que a impedia de falar e mastigar. Então, teria sofrido uma nova agressão: um mata-leão, que se repetiu nas outras duas vezes em que tentou chamar por socorro.

Ainda de acordo com depoimento à polícia, no terceiro dia, a jornalista tentou fugir, correndo em direção à porta do apartamento, mas Henrique a puxou pelos cabelos e a agrediu até que ela desmaiasse.

A jornalista conseguiu fugir no dia 29 de abril em um momento em que Henrique saiu e deixou a porta destrancada. Ela seguiu direto para a delegacia de Copacabana para registrar um boletim de ocorrência.

Exames em uma unidade hospitalar constataram um traumatismo craniano e fratura na mandíbula. Ana Luiza ficou internada até essa quarta-feira, 4.

Violência contra a mulher - o que é e como denunciar?

A violência doméstica e familiar constitui uma das formas de violação dos direitos humanos em todo o mundo. No Brasil, a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, caracteriza e enquadra na lei cinco tipos de violência contra a mulher: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial.

Entenda as violências:

Violência física: espancamento, tortura, lesões com objetos cortantes ou perfurantes ou atirar objetos, sacudir ou apertar os braços.

Psicológica: ameaças, humilhação, isolamento (proibição de estudar ou falar com amigos).

Sexual: obrigar a mulher a fazer atos sexuais, forçar matrimônio, gravidez ou prostituição, estupro.

Patrimonial: deixar de pagar pensão alimentícia, controlar o dinheiro, estelionato.

Moral: críticas mentirosas, expor a vida íntima, rebaixar a mulher por meio de xingamentos sobre sua índole, desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir.

A Lei 13.104/15 enquadrou a Lei do Feminícidio - o assassinato de mulheres apenas pelo fato dela ser uma mulher. O feminicídio é, por muitas vezes, o triste final de um ciclo de violência sofrido por uma mulher - por isso, as violências devem ser denunciadas logo quando ocorrem. A lei considera que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Veja como buscar ajuda:

Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180

Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza (DDM-FOR)
Rua Teles de Souza, s/n - Couto Fernandes
Contatos: (85) 3108 2950 / 3108 2952

Delegacia de Defesa da Mulher de Caucaia (DDM-C)
Rua Porcina Leite, 113 - Parque Soledade
Contato: (85) 3101 7926

Delegacia de Defesa da Mulher de Maracanaú (DDM-M)
Rua Padre José Holanda do Vale, 1961 (Altos) - Piratininga
Contato: 3371 7835

Delegacia de Defesa da Mulher de Pacatuba (DDM-PAC)
Rua Marginal Nordeste, 836 - Jereissati III
Contatos: 3384 5820 / 3384 4203

Delegacia de Defesa da Mulher do Crato (DDM-CR)
Rua Coronel Secundo, 216 - Pimenta
Contato: (88) 3102 1250

Delegacia de Defesa da Mulher de Icó (DDM-ICÓ)
Rua Padre José Alves de Macêdo, 963 - Loteamento José Barreto
Contato: (88) 3561 5551

Delegacia de Defesa da Mulher de Iguatu (DDM-I)
Rua Monsenhor Coelho, s/n - Centro
Contato: (88) 3581 9454

Delegacia de Defesa da Mulher de Juazeiro do Norte (DDM-JN)
Rua Joaquim Mansinho, s/n - Santa Teresa
Contato: (88) 3102 1102

Delegacia de Defesa da Mulher de Sobral (DDM-S)
Av. Lúcia Sabóia, 358 - Centro
Contato: (88) 3677 4282

Delegacia de Defesa da Mulher de Quixadá (DDM-Q)
Rua Jesus Maria José, 2255 - Jardim dos Monólitos
Contato: (88) 3412 8082

Casa da Mulher Brasileira

A Casa da Mulher Brasileira é referência no Ceará no apoio e assistência social, psicológica, jurídica e econômica às mulheres em situação de violência. Gerida pelo Estado, o equipamento acolhe e oferece novas perspectivas a mulheres em situação de violência por meio de suporte humanizado, com foco na capacitação profissional e no empoderamento feminino.

Telefones para informações e denúncias:

Recepção: (85) 3108 2992 / 3108 2931 – Plantão 24h
Delegacia de Defesa da Mulher: (85) 3108 2950 – Plantão 24h, sete dias por semana
Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher: (85) 3108 2966 - segunda a quinta, das 8 às 17 horas
Defensoria Pública: (85) 3108 2986 - segunda a sexta, das 8 às 17 horas
Ministério Público: (85) 3108 2940 / 3108 2941, segunda a sexta, das 8 às 16 horas
Juizado: (85) 3108 2971 – segunda a sexta, das 8 às 17 horas

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

violência contra a mulher violencia doméstica Fred Henrique Lima Moreira ana luiza dias rio de janeiro copacabana

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar