Após celebrar casamento, padre realiza velório e sepultamento de casal
Em 2020, Sara e Bernardo se casaram e estavam planejando ter filhos. Eis dois morreram na tragédia de Petrópolis, com o temporal na semana passada
Quatorze meses depois de celebrar o casamento de Sara Walsh, 32, e Bernardo Albuquerque, o padre Alan Rodrigues realizou, no último sábado, 19, velório e sepultamento do casal, que morreu soterrado no deslizamento de terra do Morro da Oficina, em Petrópolis, região Serrana do Rio de Janeiro. As informações são do jornal O Globo.
Ao saber do temporal que assolava Petrópolis, o padre ficou atento às notícias para poder disponibilizar a Paróquia de São Sebastião de Carangola em caso de emergências na região da cidade nova, igreja onde atualmente realiza as celebrações, o que não foi necessário.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Com a informação de que havia acontecido um deslizamento no Morro da Oficina, Rodrigues tentou contato com a família de Sara e Bernardo. Logo em seguida, soube da notícia infeliz. "Eles estavam morando no Morro da Oficina, a casa deles não sobrou nada. Assim que as notícias começaram a circular em grupos de WhatsApp, eu logo perguntei para a família. Aí a família comunicou que eles estavam soterrados e infelizmente a gente já sabia", contou ao O Globo.
O sacerdote relembra do casal, com quem tinha amizade, com carinho e saudades. Eles eram frequentadores e colaboradores dos projetos sociais da paróquia.
Segundo Alan Rodrigues, "existia uma felicidade por poder ajudar a consolidar uma família, que estavam planejando ter filhos em breve. Nós sempre fomos muito próximos, eles eram como filhos para mim, além de amigos. Ela inclusive havia me chamado para ser padrinho de crisma dela, mas infelizmente eu não pude por que tive compromissos na data. A cerimônia foi linda, pelas fotos você vê a felicidade. Agora eles estavam planejando ter filhos, era um casal muito maduro e preparado. Não vou ter mais a companhia, a brincadeira, pois eles eram muito bem humorados", disse, também ao O Globo.
Não é a primeira vez que o padre passa por uma situação de tragédia ambiental. Em 2011, quando celebrava as cerimônias em Teresópolis, Rodrigues vivenciou um forte temporal que devastou a cidade, deixando 382 mortos. "Eu me considero um sobrevivente de Teresópolis. Em 2011, a minha paróquia era a do Sagrado Coração de Jesus, na Barra do Embuí. Em frente, ficava o Morro do Espanhol, que também teve muita morte, foi uma coisa catastrófica. Na verdade, eu estou revivendo essas cenas todas", afirmou.