57% dos brasileiros conhecem alguma mulher que foi ameaçada de morte pelo atual parceiro ou ex

Levantamento nacional apresenta dados sobre as percepções dos homens e mulheres quando o assunto é feminicídio

Quase seis em cada dez brasileiros conhecem alguma mulher que foi ameaçada de morte pelo atual parceiro ou ex. Do outro lado, 41% dos brasileiros afirmam conhecer um homem que ameaçou matar a atual ou ex-companheira. Os dados são da pesquisa "Percepções da população brasileira sobre feminicídio", realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva e divulgada nessa terça-feira, 23.

Os entrevistados, em sua maioria, afirmaram que sentem que os feminicídios (assassinato de mulheres cometido em razão do gênero) aumentaram e se tornaram mais cruéis nos últimos cinco anos.

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Segundo o Instituto Patricia Galvão, 13,7 milhões de mulheres sobreviveram a uma tentativa de feminicído íntimo, ou seja, de serem mortas por companheiros ou ex-companheiros. Isso é equivalente a uma a cada seis brasileiras e resulta em um total maior que a população de um país inteiro - a Bolívia.

Para Hayeska Barroso, professora do departamento do de Serviço Social da Universidade de Brasília (UnB), os indicadores de violência contra as mulheres, de fato, apontam um aumento nos últimos anos. "Mesmo assim, não podemos perder de vista que esses dados só revelam parcialmente a face desse tipo de violência, haja vista a enorme subnotificação que o afeta", lembra.

Hayeska, que também é pesquisadora colaboradora do Observatório de Violência Contra a Mulher (Observem) da Universidade Estadual do Ceará (Uece), aponta que a Lei Maria da Penha existe há 15 anos e cumpre também um papel educativo e pedagógico. "Se antes, envolta pelo manto do machismo e do patriarcado, a violência contra as mulheres era naturalizada por muitos; hoje, o amplo debate sobre a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, por exemplo, possibilitou maior entendimento da população sobre a questão", afirma.

Outro ponto questionado pelo Instituto Patrícia Galvão foi a reação das pessoas ao saberem de uma ameaça de feminicídio. As respostas mais recorrentes foram recomendar que a mulher procurasse a Polícia, recomendar que ela terminasse o relacionamento e aconselhá-la a procurar ajuda especializada.

"Sair de um relacionamento abusivo, marcado pela violência nas suas mais diversas formas, nunca deve ser encarada como uma atribuição exclusiva das mulheres. Estas precisam se sentir seguras, precisam saber que possuem uma rede de apoio e de atendimento", enfatiza Hayeska. "Sem isso, ela se vê diante de uma situação ambígua: precisar sair daquele relacionamento, mas sem quaisquer perspectivas do que fazer, com quem contar e para onde ir com segurança a partir de então."

O levantamento também perguntou o nível de concordância com algumas frases em relação à violência contra as mulheres. Veja alguns resultados:

A pesquisa foi realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e pelo Instituto Locomotiva, com apoio do Fundo Canadá. Participaram do estudo online 1.503 pessoas (1.001 mulheres e 502 homens), com 18 anos ou mais, entre 22 de setembro e 6 de outubro de 2021. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais.

16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres

A campanha anual e internacional que começa no dia 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, e vai até 10 de dezembro, o Dia Internacional dos Direitos Humanos. No Brasil, a mobilização dura 21 dias e abrange o período de 20 de novembro a 10 de dezembro.

É uma estratégia de mobilização de indivíduos e organizações para engajamento na prevenção e na eliminação da violência contra as mulheres e meninas. As ações acontecem desde 1991 e mobilizam mais de 150 países.

Violência contra a mulher - o que é e como denunciar?

A violência doméstica e familiar constitui uma das formas de violação dos direitos humanos em todo o mundo. No Brasil, a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, caracteriza e enquadra na lei cinco tipos de violência contra a mulher: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial.

Entenda as violências:

Violência física: espancamento, tortura, lesões com objetos cortantes ou perfurantes ou atirar objetos, sacudir ou apertar os braços

Psicológica: ameaças, humilhação, isolamento (proibição de estudar ou falar com amigos)

Sexual: obrigar a mulher a fazer atos sexuais, forçar matrimônio, gravidez ou prostituição, estupro.

Patrimonial: deixar de pagar pensão alimentícia, controlar o dinheiro, estelionato

Moral: críticas mentirosas, expor a vida íntima, rebaixar a mulher por meio de xingamentos sobre sua índole, desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir

A Lei 13.104/15 enquadrou a Lei do Feminícidio - o assassinato de mulheres apenas pelo fato dela ser uma mulher. O feminicídio é, por muitas vezes, o triste final de um ciclo de violência sofrido por uma mulher - por isso, as violências devem ser denunciadas logo quando ocorrem. A lei considera que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Veja como buscar ajuda:

Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180

Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza (DDM-FOR)
Rua Teles de Souza, s/n - Couto Fernandes
Contatos: (85) 3108- 2950 / 3108-2952

Delegacia de Defesa da Mulher de Caucaia (DDM-C)
Rua Porcina Leite, 113 - Parque Soledade
Contato: (85) 3101-7926

Delegacia de Defesa da Mulher de Maracanaú (DDM-M)
Rua Padre José Holanda do Vale, 1961 (Altos) - Piratininga
Contato: 3371-7835

Delegacia de Defesa da Mulher de Pacatuba (DDM-PAC)
Rua Marginal Nordeste, 836 - Jereissati III
Contatos: 3384-5820 / 3384-4203

Delegacia de Defesa da Mulher do Crato (DDM-CR)
Rua Coronel Secundo, 216 - Pimenta
Contato: (88) 3102-1250

Delegacia de Defesa da Mulher de Icó (DDM-ICÓ)
Rua Padre José Alves de Macêdo, 963 - Loteamento José Barreto
Contato: (88) 3561-5551

Delegacia de Defesa da Mulher de Iguatu (DDM-I)
Rua Monsenhor Coelho, s/n - Centro
Contato: (88) 3581-9454

Delegacia de Defesa da Mulher de Juazeiro do Norte (DDM-JN)
Rua Joaquim Mansinho, s/n - Santa Teresa
Contato: (88) 3102-1102

Delegacia de Defesa da Mulher de Sobral (DDM-S)
Av. Lúcia Sabóia, 358 - Centro
Contato: (88) 3677-4282

Delegacia de Defesa da Mulher de Quixadá (DDM-Q)
Rua Jesus Maria José, 2255 - Jardim dos Monólitos
Contato: (88) 3412-8082

Casa da Mulher Brasileira

A Casa da Mulher Brasileira é referência no Ceará no apoio e assistência social, psicológica, jurídica e econômica às mulheres em situação de violência. Gerida pelo Estado, o equipamento acolhe e oferece novas perspectivas a mulheres em situação de violência por meio de suporte humanizado, com foco na capacitação profissional e no empoderamento feminino.

Telefones para informações e denúncias:

Recepção: (85) 3108.2992 / 3108.2931 – Plantão 24h
Delegacia de Defesa da Mulher: (85) 3108.2950 – Plantão 24h, sete dias por semana
Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher: (85) 3108.2966 - segunda a quinta, 8h às 17h
Defensoria Pública: (85) 3108.2986 / segunda a sexta, 8h às 17h
Ministério Público: (85) 3108. 2940 / 3108.2941, segunda a sexta , 8h às 16h
Juizado: (85) 3108.2971 – segunda a sexta, 8h às 17h

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