Nuvens de areia produzem imagens impressionantes em municípios paulistas; Inmet explica fenômeno

De acordo com o Inmet, as condições de temperatura, ventos fortes e umidade relativa do ar favorecem o surgimento da nuvem, comum em áreas agrícolas

Vários municípios de São Paulo — como Franca e Ribeirão Preto — registram tempestades de areia na tarde deste domingo, 26. No Twitter, os usuários compartilham vídeos de uma nuvem de cor terrosa, avançando entre prédios e casas. Veja:

 

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— O FISCAL do IBAMA (@fiscaldoibama) September 26, 2021

De acordo com o meteorologista Heráclito Alves, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o fenômeno é, na realidade, uma nuvem de poeira levantada pela instabilidade climática. Quando há formação de chuvas, a temperatura elevada, a baixa umidade relativa do ar e os ventos fortes provocam um área de instabilidade. Assim, o ar frio desce, levantando a poeira de terrenos geralmente desmatados. 

"[Esse fenômeno] É muito comum em áreas agrícolas", explica o meteorologista. O estado de São Paulo estava com umidade relativa do ar em torno dos 20% e 25%, além de registrar alertas no Inmet para chuvas entre hoje e amanhã, dia 27, com ventos intensos (de 40 a 60 km/h). O estado também estava com alerta para queda de granizo.

"A origem são normalmente de áreas desmatadas ou sem vegetação. Pode transportar por longas distâncias, dependendo das variações de pressão atmosférica e ventos turbulentos", comenta Jeovah Meireles, professor do departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Por outro lado, a nuvem de poeira de SP não deve sair do estado, afirma o meteorologista Heráclito.  

Pode ocorrer no Ceará?

O Ceará entrou na temporada de ventos fortes em agosto e a Marinha emitiu alerta, neste domingo, 26, para ventos de até 60 km/h na faixa litorânea do Estado. 

No entanto, as condições cearenses não devem causar nuvens de poeira como as vistas em SP, analisa a professora Elisa Zanella, do curso de Geografia da UFC e vice-coordenadora do Mestrado do Programa de Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema/UFC). 

"No Ceará, não acredito que tenhamos ventos com tamanha velocidade para suspender tanto solo. Nossos ventos fortes estão associados à estabilidade do tempo, não à instabilidade", explica. "Nossos solos também não estão tão descobertos, pois embora a vegetação esteja seca, o solo não é muito utilizado para a agricultura. Tem as raízes que protegem", completa. 

Relações com a emergência climática

Apesar de não ser um fenômeno anormal, ele também não era tão comum no Brasil até há pouco tempo, afirma o geógrafo Wellington Romão Oliveira: "As queimadas do corte de cana podem ter contribuído pra deixar o solo exposto, pode ter sido sim um fator. Mas é impossível negar o efeito das mudanças climáticas, episódios como esses são novos e até pouco tempo atrás eram uma novidade para nós brasileiros".

Assim como Wellington, o professor Jeovah comenta a tendência de nuvens de poeira ocorrerem em áreas desmatadas. Além disso, ele destaca a importância de identificar o local de origem da nuvem. "Se for de uma área desmatada,", reflete, "o vento suspendeu argila, cinzas e areia muito fina". 

O Inmet recomenda que os moradores fiquem em locais fechados enquanto a nuvem de areia passa - elas não costumam ficar muito tempo e são logo dissipadas pela chuva. Ainda, se houver necessidade de sair para a área externa, é importante cobrir o rosto com um pano ou máscara, para evitar a inalação de poeira.

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