Veleiro brasileiro vai rodar o mundo durante dois anos para avaliar poluição nos mares

Entre diversas paradas, duas serão no nordeste brasileiro, uma na Bahia e outra em Pernambuco

Neste domingo, 29, uma longa jornada começa para os tripulantes do veleiro brasileiro da Voz dos Oceanos. Liderada pela Família Schurmann e os funcionários do veleiro Kat, o barco vai rodar o mundo durante dois anos para monitorar a poluição dos oceanos com materiais plásticos. Além da avaliação, a viagem vai ser, segundo a tripulação, um convite para a conscientização a respeito em relação ao descarte inadequado de lixo plástico nos oceanos e uma forma de dar visibilidade a soluções que estão sendo desenvolvidas na preservação ambiental marinha.

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A expedição tem apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e deve partir, no fim de semana, de Balneário Camboriú, Santa Catarina. São 60 pontos em diversos países do mundo. No Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco vão ser paradas do veleiro. A expedição vai organizar momentos educativos com iniciativas ambientais nos estados, voltadas para a preservação ambiental. Os locais também vão fazer parte de um mapeamento dos cenários locais em terra, alinhados com os pontos de parada da expedição. Haverá o levantamento de escolas, ONGs e parceiros locais, identificando fragilidades e trazendo soluções, com os chamados Núcleos locais Voz dos Oceanos.

A família tem um longo histórico de viagens nos mares e, ao longo de 30 anos, começou a notar as mudanças que os ecossistemas marinhos vêm passando por problemáticas climáticas diante da poluição. David Schurmann conta como a família foi surpreendida, ainda 1997, com a poluição em praias remotas e muito distantes de centros urbanos.

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“A primeira vez que a gente notou isso foi em uma ilha muito isolada no Pacífico, e ela não é habitada. Começamos a andar e percebemos o lixo em uma praia tão distante”, ressaltou o velejador. Segundo ele, foram recolhidos dez sacos grandes de resíduos e, ao longo dos anos, a frequência de lixo recolhido só aumentou.

“Nós vimos uma curva de crescimento de lixo que encontramos, inclusive no meio dos oceanos. A primeira reação é procurar quem jogou (esses resíduos), mas você se dá conta que isso veio da terra, da humanidade, de vários lugares do mundo”, relembra David. Os velejadores vão realizar registros da poluição, incluindo algumas partes remotas do planeta.

A bordo, além dos registros, a expedição vai produzir dados sobre a poluição dos oceanos, com a presença de pesquisadores e equipamentos. Vai ser possível investigar a qualidade das águas e biogeoquímica dos oceanos, além de analisar visualmente por meio de drones e do sensoriamento remoto satelital as maiores áreas dos oceanos. O resultado das pesquisas devem ser inseridas em uma grande base de dados para serem compartilhadas com governos, universidades e setor privado.

"Isso é uma ação continuada para que a gente possa reduzir a quantidade de plástico nos oceanos. É a construção de um novo acordo global para combater o lixo no mar", defende Regina Cavini, oficial sênior de programas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Segundo ela, a expedição vai possibilitar novos estudos e uma análise das condições atuais para que possam ser pensadas estratégias de preservação.

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