Aprovada em vestibular, faxineira paulista comemora: "Conquistei esse espaço"

Da equipe de limpeza às salas de aula, a faxineira e agora estudante Maria Helena Rosa, de 54 anos, transformou sua história com a Universidade Estadual Paulista (Unesp). Há quase oito anos ajudando a limpar o campus de Bauru, ela começou a buscar uma vaga na instituição em 2017, período em que passou a participar do Projeto Unesp de Educação de Jovens e Adultos (Peja), possibilitado por monitores. Ela também fez o cursinho preparatório Primeiro de Maio, na universidade.

“É uma trajetória bem complicada, né, para falar a verdade. Eu trabalho na Unesp por uma terceirizada, então meu horário de trabalho é das 6h30min às 15h30min, e eu vi lá que tinha oportunidade de estudar”, relatou Maria Helena em entrevista ao portal Uol. “E eu conciliava os três, os dois cursos e o trabalho. Das 15h30min às 17 horas, eu fazia o Peja, e aí 19 horas eu ia pro cursinho”, explicou a caloura do curso de licenciatura em biologia. Ela também estudava durante seu horário de almoço e aos fins de semana.

“Logo no início eu pensava que queria tentar fazer faculdade de arquitetura, mas aí optei mesmo por biologia, porque eu adoro plantas, animais. Foi uma coisa que eu coloquei na minha mente e falei: ‘É nesse caminho que eu vou’’. E fiquei quatro anos nessa luta até conquistar esse espaço maravilhoso”, celebrou. Ela foi aprovada na primeira chamada do vestibular deste ano da instituição. Apesar de pouca confiança durante o processo, a notícia de ter seu nome da lista de aprovados levou Maria Helena a ser recebida com uma comemoração na universidade.

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“Eu fiquei muito tensa. Porque eu prestei o vestibular pensando: ‘Ah, se não der certo eu tento ano que vem’. Porque eu sou assim, teimosa, eu gosto de desafios bons. Aí eu fiz a primeira fase. Quando eu vi: ‘Aprovada para a segunda fase’ pra mim a Unesp ficou assim uma coisinha pequenininha. Aí eu pensei: ‘Será que eu tenho bagagem suficiente para passar da segunda fase?’. E ficava guardando aquilo dentro de mim, preocupada”, lembrou.

Ela contou que chegou a pensar em não abrir o resultado no dia da divulgação, mas foi incentivada pelo chefe do Departamento de Química da Unesp, onde ela atua. “Quando eu abri, foi uma surpresa. Eu sentei e falei pra ele assim: ‘dá uma olhada’. Aí eu dei um grito e falei: ‘a Unesp ficou pequena pra mim’. Eu amei, e agora é seguir em frente, né? Conquistei essa tão sonhada chance de entrar em uma faculdade”, celebrou.

A caminhada de Maria Helena até a faculdade de biologia foi auxiliada pela filha, que é pedagoga e a ajudava nos estudos. “Meus dois filhos estão sempre dando força, sempre do meu lado, apoiando. Minha filha é professora pedagoga, e meu filho é engenheiro mecatrônico. Então assim, eu apoiei, dei todo o básico para eles estudarem, e continuei trabalhando. Aí agora eu falei: ‘bom, meus filhos já estão formados, porque não aproveitar esse espaço? Se eu trabalho em um lugar em que há a possibilidade?’”, acrescentou.

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Com sua conquista, a universitária declarou que espera estimular outras pessoas. “Eu venho da roça, de uma família bastante humilde, e eu lutei sozinha, eu fui mãe e pai para os meus filhos. E eu espero que quem está lendo procure fazer pelo menos um pouquinho, para expandir o mundo, porque essa rotina de só ficar em casa, e só lava e passa, você tem que ter algum tipo de atividade para ocupar a cabeça. Eu gosto de estudar, de ficar sempre iniciando coisas novas pelo estudo, então é o que eu ofereço pro mundo”, finalizou.

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