Dez vezes em que Bolsonaro criticou ou disse que não compraria a CoronaVac

Hoje, o governo federal conta com a CoronaVac para cumprir o calendário de vacinação estabelecido, após o fiasco nas negociações para adquirir a vacina desenvolvida na Índia

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda-feira, 18, que “não tem mais o que discutir” após a aprovação das vacinas CoronaVac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e da vacina de Oxford, desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na tarde do último domingo, 17.

Imediatamente após o sinal verde da agência regulatória para o uso dos imunizantes contra o coronavírus, o governo do estado de São Paulo, ao qual o Butantan está ligado, deu início à vacinação. Após um sumiço das redes sociais, onde costuma ser bastante ativo, Bolsonaro declarou a apoiadores nesta segunda que “havendo disponibilidade no mercado, a gente vai comprar” a Coronavac.

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O episódio foi interpretado como uma vitória do governador paulista João Doria (PSDB), que durante a pandemia tem investido em uma postura apoiada nas recomendações científicas, diferente de Bolsonaro, criticado pela postura negacionista da gravidade do coronavírus, pela oposição às medidas de distanciamento social e o incentivo ao uso de remédios comprovadamente ineficazes no tratamento da Covid-19.

Hoje, o governo federal conta com a CoronaVac para cumprir o calendário de vacinação estabelecido, após o fiasco nas negociações para adquirir, em caráter emergencial, a vacina desenvolvida na Índia.

No entanto, a disposição de Bolsonaro de adquirir a CoronaVac contrasta com seu comportamento e declarações nos últimos meses, em que foi crítico ferrenho do composto desenvolvido pelo Butantan. Agora, o presidente até falou em ir “atrás do contrato que fizemos também”, em referência à compra tardia da vacina pelo Ministério da Saúde em janeiro deste ano. A pasta havia anunciado a aquisição do imunizante em outubro de 2020, mas voltou atrás por ordens de Bolsonaro.

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Confira abaixo 10 vezes em que Jair Bolsonaro criticou a CoronaVac. As informações são do O GLOBO

 

1) 30 de julho de 2020: “Não é [a vacina] daquele outro país”

Em live em julho de 2020, o presidente Jair Bolsonaro, ao lado do então ministro interino da Saúde Eduardo Pazuello, aproveitou para fazer críticas veladas tanto à China quanto ao ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. “Tivemos lá um médico primeiro [Mandetta], ó a desgraça que foi”, comentou ao responder as críticas por Pazuello, um general da ativa, não ter conhecimentos em saúde, a pasta que comanda.

Sobre a CoronaVac, Bolsonaro preteriu a vacina desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e a empresa chinesa Sinovac. O mandatário exaltou o contrato de 100 milhões de doses firmado entre o governo federal e os responsáveis pela vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford/AstraZeneca, ressaltando que esta vacina, de origem britânica, “Não é daquele outro país [China] não, tá ok, pessoal?”

2) 6 de agosto de 2020: “Diferente daquela outra”

Em cerimônia oficial no Palácio do Planalto, no dia 6 de agosto de 2020, o presidente Jair Bolsonaro exaltou novamente o acordo firmado entre governo e a AstraZeneca/Orford para aquisição da vacina contra Covid-19. Na ocasião, Bolsonaro assinou a liberação de 2 bilhões de reais para aquisição do imunizante, desenvolvido no Brasil pela Fiocruz.

Durante o evento, Bolsonaro não perdeu a oportunidade de criticar a CoronaVac: “E o que é mais importante nessa vacina, diferente daquela outra que um governador resolveu acertar com outro país, vem a tecnologia pra nós”

3) 21 de outubro de 2020: “Não será comprada”

Um dia após o ministro da Saúde Eduardo Pazuello anunciar a compra da CoronaVac pelo governo federal para a vacinação dos brasileiros, Bolsonaro desautorizou seu ministro em comentário no Facebook, negando a aquisição do imunizante.

“"Presidente, a China é uma ditadura, não compre essa vacina, por favor. Eu só tenho 17 anos e quero ter um futuro, mas sem interferência da ditadura chinesa”, escreveu um usuário. Bolsonaro respondeu, em caixa alta, “NÃO SERÁ COMPRADA”.

4) 21 de outubro de 2020: “Brasileiro não será cobaia”

No mesmo dia 21 de outubro em que desautorizou Pazuello publicamente, Bolsonaro chamou a CoronaVac, desenvolvida no Brasil pelo Instituto Butantan, de “vacina chinesa de João Doria” e afirmou que “o povo brasileiro não será cobaia de ninguém”.

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) October 21, 2020

5) 21 de outubro de 2020: “Mandei cancelar”

Ainda no dia 21 de outubro, em evento público em São Paulo, reforçou que havia ordenado o cancelamento da compra da CoronaVac pelo Ministério da Saúde. “Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”, disse Bolsonaro.

Pazuello, que estava infectado com Covid-19, minimizou o caso e respondeu que “um manda, o outro obedece”.

6) 22 de outubro de 2020: “Não compraremos, é decisão minha”

Um dia após mandar o Ministério da Saúde cancelar a compra da CoronaVac, Jair Bolsonaro afirmou em entrevista à rádio Jovem Pan que não compraria nenhuma vacina de origem chinesa, mesmo que fosse aprovada pela Anvisa.

“ A da China nós não compraremos, é decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população”, asseverou. Na sequência, afirmou que “a China, lamentavelmente, já existe um descrédito muito grande por parte da população, até porque, como muitos dizem, esse vírus teria nascido por lá”.

7) 29 de outubro de 2020: “Procura outro para pagar a tua vacina aí”

A despeito da tentativa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) de vincular ao governo federal o financiamento do estudo do Instituto Butantan que levou à aprovação da CoronaVac, no fim de outubro de 2020 o presidente Jair Bolsonaro atacou o governador paulista, João Doria, e confirmou que não iria injetar dinheiro do governo federal na pesquisa.

“Ninguém vai tomar a sua vacina na marra não, tá ok? Procura outro. E eu, que sou governo, o dinheiro não é meu, é do povo, não vai comprar a vacina também não, tá ok? Procura outro para pagar a tua vacina aí”, disse em recado endereçado ao chefe do Executivo estadual de São Paulo.


8) 10 de novembro de 2020: “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”

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Um dia após a Anvisa suspender os testes clínicos com a CoronaVac pela morte de um dos voluntários - que conforme a própria Anvisa afirmou posteriormente, a causa da morte não teve relação com os testes da vacina -, Jair Bolsonaro comemorou o episódio.

Em resposta a um comentário no Facebook, o presidente da República escreveu: “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.

9) 23 de dezembro de 2020: “Eficácia parece que está lá embaixo”

Na quarta-feira, 23 de dezembro, o governo de São Paulo e o Instituto Butantan informaram que a CoronaVac havia ultrapassado o patamar mínimo de 50% de eficácia exigido pela Anvisa para ser liberado. A despeito do resultado qualificar o imunizante para vacinação, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou o número para criticar novamente o composto em live transmitida em seus perfis nas redes sociais: “A eficácia daquela vacina em São Paulo parece que está lá embaixo, né?”

10) 15 de janeiro de 2021: “Baixa taxa de sucesso”

Na sexta-feira, 15 de janeiro, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governador João Doria estava desmoralizado pela “pela baixa taxa de sucesso na sua vacina [Coronavac]”.

E completou: “Ele está sendo esculachado nas mídias sociais sobre a vacina que ele queria impor. Ele disse que a vacina que seria dele, a CoronaVac aí, que eu não vou falar nada nem contra nem a favor... Eu falo é depois da Anvisa decidir”, disse o presidente, dois dias antes da Anvisa decidir a favor da Coronavac. No mesmo dia da fala de Bolsonaro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, requisitou a entrega imediata de 6 milhões de doses da CoronaVac, a despeito do composto não ter sido aprovado ainda, como disse Bolsonaro.

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