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Governo Federal pode desperdiçar até 6,8 milhões de testes com prazo de validade próximo do fim

Valor estocado em armazém do governo em Guarulhos é superior a número de testes aplicados pelo SUS até o momento
17:31 | Nov. 22, 2020
Autor Redação O POVO
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O Governo Federal pode ter de descartar um total de 6,86 milhões de testes para o diagnóstico do novo coronavírus, que perderão a validade entre dezembro deste ano e janeiro de 2021. Os exames RT-PCR, um dos tipos mais eficazes de diagnóstico do vírus, foram comprados pelo Ministério da Saúde, estocados em um armazém do Estado em Guarulhos e, até hoje, não foram distribuídos para a rede pública. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo neste domingo, 22.

No total, a Saúde investiu R$ 764,5 milhões em testes. Deste amontoado, R$ 290 milhões são relativos somente ao custo do lote que está prestes a vencer. A validade dos testes estocados é de oito meses. Relatórios obtidos pelo Estadão indicam que 96% dos 7,15 milhões dos exames encalhados vencem em dezembro e janeiro. Os outros 4% dos testes, por volta de 290 mil, até março. O ministério, comandado pelo general Eduardo Pazuello, já pediu ao fabricante uma análise para prorrogar a validade dos produtos.

Outro imbróglio que estaria dificultando a logística de distribuição dos testes é a falta de entendimento entre governo federal e governos estaduais e municipais. Enquanto a pasta afirma que só entrega os testes sob demanda dos Estados, secretários estaduais e municipais de saúde alegam não terem utilizado todos os testes devido a kits incompletos para o diagnóstico, com falta de alguns reagentes para extração de RNA, tubos de laboratório e cotonetes de coleta de amostras. A impossibilidade das prefeituras em armazenar grandes quantidades do produto também foi alegado como adversidade.

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Dos 24,2 milhões de exames projetados para aplicação pelo SUS até dezembro, conforme o programa Diagnosticar para Cuidar, somente 20%, cerca de 5 milhões de testes, foram realizados. Com meta de alcançar 115 mil testes diários no SUS, o ministério registrou em outubro média de 27,3 mil na rede pública, número inferior ao dos dois meses anteriores, segundo apuração do Estadão.

Procurada pelo Estadão, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não deu detalhes sobre como a validade do produto pode ser renovada, mas reforçou que a entrega de testes vencidos é uma infração sanitária. O Ministério da Saúde disse que a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) está realizando estudo “para verificar a estabilidade de utilização dos testes”. Os testes foram comprados pelo governo federal por meio da organização. O resultado da análise deve sair na próxima semana, diz o Ministério da Saúde.

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