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Prefeitura de São Paulo descarta volta às aulas em setembro após estudo mostrar alto índice de alunos assintomáticos

A medida foi anunciada pelo prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), nessa terça-feira, 18
10:52 | Ago. 19, 2020
Autor Redação O POVO
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Tipo Notícia

 

As escolas públicas e privadas de São Paulo não poderão reabrir em setembro para atividades de reforço, como prevê o plano do governo estadual. A medida foi anunciada pelo prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), nessa terça-feira, 18, após estudo revelar que 2 a cada 3 alunos que contraíram o coronavírus são assintomáticos. As informações são do portal UOL.

Apesar de a capital estar dentro dos requisitos do governo do Estado para a liberação, o prefeito aponta que uma volta representaria um aumento no número de casos da Covid-19 na cidade. A justificativa está em um inquérito sorológico feito com 6 mil alunos da rede municipal, com idade entre 4 e 14 anos.

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Um dos resultados do teste mostrou que 64,4% dos estudantes são assintomáticos. Isso significa que, mesmo infectados, eles não apresentam sintomas, mas é possível que disseminem o vírus.

Por isso, conforme Covas, seria pouco eficaz realizar a medição de temperatura na porta das escolas para evitar a disseminação do vírus, já que estes alunos não apresentariam febre.

"[São] Duas a cada 3 crianças contaminadas com o vírus, sem inclusive não apresentar nenhum sintoma. A escola coloca o medidor de temperatura na porta, não vai apresentar que está febril. Mas ela está contaminada —e, às vezes, com a mesma carga viral de um adulto", afirmou.

De acordo com os dados divulgados pela Prefeitura, 16,1% dos alunos da rede pública municipal já contraiu a Covid-19. O índice é maior do que o encontrado na população geral de São Paulo, que foi de 10,9% de infectados.

"Retomada das aulas nesse momento significaria a ampliação do número de casos [do novo coronavírus], a ampliação em consequência do número de internações e de óbitos na cidade de São Paulo. Razão pelo qual não teremos o retorno em setembro como o estado autorizou, com apenas 35% das salas funcionando. Isso não ocorrerá", disse o prefeito.

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Alunos moram com idosos

 

O prefeito acrescentou que 25,9% dos estudantes testados disseram morar em casas com pessoas com 60 anos ou mais, que fazem parte do grupo de risco da Covid-19.

Estimando o número de 1 milhão de alunos na rede municipal, Covas disse se tratar de "250 mil crianças que moram muito provavelmente com avôs, avós, tios e tias com mais de 60 anos —e, portanto, podem agravar a disseminação da doença nessa faixa etária da população, que é a que tem o risco de maior vulnerabilidade".

Esta combinação, segundo o prefeito, permitiria um aumento de casos, internações e mortes. Covas ainda declarou que é mais difícil garantir o respeito ao distanciamento social dentro de uma sala de aula do que em outros locais.

"É muito mais complicado manter o distanciamento social dentro da sala de aula, dentro da escola do que em bares, restaurantes, supermercados, lojas, estabelecimentos já autorizados a retornar", disse Covas.

Os dados do inquérito sorológico apontam ainda que, considerando a renda familiar mensal dos alunos testados, as classes D e E têm 15,2% de infectados, enquanto a classe C tem 13,9%. Por outro lado, as classes A e B têm 9,3% de infectados.

Decisão vale para toda a área da Educação

 

Segundo Covas, a decisão por não abrir as escolas da capital para a realização de algumas atividades em setembro é válida para instituições públicas e particulares de todas as etapas de ensino, desde a educação infantil até o ensino superior.

"Claro que cabe ao prefeito e ao secretário de educação organizar as escolas municipais na retomada das aulas, mas as decisões municipais são para todos. Então, nós não teremos o retorno às aulas na cidade de São Paulo [em setembro]", reforçou.

Retomada em outubro será avaliada

 

O prefeito afirmou ainda que, para a retomada das aulas presenciais, o mês de outubro permanece como um "horizonte". Ainda não há, no entanto, uma data marcada para a reabertura das escolas.

A avaliação sobre as condições para a volta das aulas terá como base outros inquéritos sorológicos que serão realizados com alunos da rede estadual, da rede privada e com suas famílias.

Creches seguirão protocolos específicos

 

A retomada das atividades nas creches municipais seguirá mais ou menos o mesmo esquema dos demais níveis de ensino. Segundo o secretário de Educação da cidade, Bruno Caetano, esses grupos precisam de alguns protocolos específicos porque são crianças com nenhuma ou quase nenhuma autonomia.

"O distanciamento, neste caso, é muito mais difícil de acontecer, então a gente tem que ter uma redução ainda maior no número de alunos por turma. Também se fazem necessários equipamentos específicos, por exemplo: a secretaria já fez a contratação de serviços de lavanderia para todas as creches municipais para que as roupas desses bebês e crianças sejam higienizadas no período presencial", explicou Caetano em entrevista à CNN Brasil.

Sindicatos de professores apoiam adiamento

 

Silvia Barbara, diretora do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP), que representa os docentes da rede privada, diz que a decisão da prefeitura por não aderir à abertura parcial das escolas em setembro é "acertada".

"Ele [Covas] havia dito no começo [da pandemia] que seria a saúde, e não a educação, que iria definir [a volta]", afirma.

Na avaliação dela, a gestão do governador João Doria (PSDB) cedeu à pressão das escolas particulares ao adiar o retorno das aulas presenciais, mas liberar uma abertura parcial em setembro para a realização de atividades de reforço e acolhimento.

Presidente licenciado do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), o vereador Claudio Fonseca (PPS) afirma que a decisão da prefeitura é "oportuna e responsável". Na avaliação dele, uma reabertura parcial, em setembro, faria com que a responsabilidade recaísse sobre as famílias.

Arthur Fonseca Filho, diretor da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), diz acreditar que os anúncios do governo estadual e da prefeitura de São Paulo são "conflitantes". Ele reforça que este é seu posicionamento pessoal, e não da associação, já que os associados ainda devem se reunir para discutir o tema.


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