Iza rebate críticas da antropóloga Lilia Schwarcz sobre novo filme de Beyoncé
Lilia Moritz Schwarcz analisou o "Black is King" e afirmou que o projeto da norte-americana "chegou em uma boa hora", mas que "causa estranheza que a cantora recorra a imagens tão estereotipadas e crie uma África caricata e perdida no tempo das savanas"O novo trabalho de Beyoncé, "Black is King", tem repercutido bastante desde o seu lançamento na última sexta-feira, 31. A história, que traz uma exaltação da cultura negra ao recriar a narrativa de "O Rei Leão" vista por um jovem negro, foi recentemente analisada e criticada pela antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz, autora de livros como"Brasil: uma biografia", "Sobre o autoritarismo brasileiro" e "O espetáculo das raças". O filme de Beyoncé está no catálogo da plataforma Disney+, ainda não disponível no Brasil.
Em coluna no jornal Folha de S. Paulo, a professora da Universidade de São Paulo (USP) afirmou que o projeto de Beyoncé "chegou em uma boa hora" visto os protestos após o assassinato de George Floyd. Mas, segundo a professora, "causa estranheza que a cantora recorra a imagens tão estereotipadas e crie uma África caricata e perdida no tempo das savanas".
E continuou. "Nesse contexto politizado e racializado do 'Black Lives Matter', e de movimentos como o 'Decolonize this Place', que não aceitam mais o sentido único e ocidental da história, duvido que jovens se reconheçam no lado didático dessa história de retorno a um mundo encantado e glamorizado, com muito figurino de oncinha e leopardo, brilho e cristal".
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Em resposta, a cantora Iza usou seu Instagram para tecer uma crítica ao texto. A cantora repreendeu a chamada para o artigo, no qual apresentava: "Diva pop precisa entender que a luta antirracista não se faz só com pompa, artifício hollywoodiano, brilho e cristal".
"Lilia Schwarcz, meu anjo, quem precisa entender SOU EU. Eu preciso entender que privilégio é esse que te faz pensar que você tem uma autoridade para ensinar uma mulher negra como ela deve, ou não, falar sobre seu povo. Se eu fosse você (valeu Deus) estaria com vergonha agora. Melhore!", escreveu a artista em publicação nos stories de seu Instagram.
Logo após a publicação, outros artistas negros também se posicionaram. Foi o caso da jornalista Maíra Azevedo, conhecida como Tia Má. "O erro é uma mulher branca acreditar que pode dizer a uma mulher preta como ela pode contar a história e narrar a sua ancestralidade", informou em publicação no Instagram. "Lilia é uma historiadora, pesquisa sobre escravidão, mas está longe de sentir na pele o que é ser uma mulher preta".
Tia Má também respondeu aos seguidores que se incomodaram com a postagem. " O racismo é tão cruel que a primeira coisa que fazem é mandar ler todo artigo! Foi, exatamente, após ler todo texto que achei fundamental me posicionar", informou. No comentário, falou sobre a linguagem do texto que traz, segundo ela, traz "uma coleção de palavras difíceis, para dar aquele distanciamento que academicistas adoram" e ressalta que o que a incomodou, de fato, foi "o corpo do texto mesmo".
Após a enxurrada de críticas, a escritora publicou um pedido de desculpas em seu Instagram. Ela agradeceu aos comentários e sugestões e reafirmou ter gostado do trabalho da norte-americana. "Gostaria de esclarecer que gostei demais do trabalho de Beyoncé. Penso que faz parte da democracia discordar. Faz parte da democracia inclusive apresentar com respeito argumentos discordantes. Já escrevi artigo super elogioso à Beyoncé, nesse mesmo jornal o que só mostra meu respeito pela artista. E por respeitar, me permiti comentar um aspecto e não o vídeo todo", explicou.
Assista ao trailer de "Black is King"
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