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Cearense condenado por racismo contra Maju Coutinho é sobrevivente da Chacina do Benfica

Ele foi condenado a pelo menos cinco anos de reclusão em regime semiaberto e multa. Em 2015, a Polícia apreendeu computador e celulares na casa dele, no bairro São João do Tauape
13:15 | Mar. 10, 2020
Autor Lucas Braga
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Lucas Braga Repórter do O POVO Online
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Tipo Notícia

Exatamente dois anos após ser baleado na Chacina do Benfica, o cearense Rogério Wagner Castor Sales foi condenado pela Justiça de São Paulo pelos crimes de racismo e injúria racial contra a jornalista Maju Coutinho, da Rede Globo.

A chacina, que ocorreu em 9 de março de 2018, em Fortaleza, deixou sete mortos e pelo menos três feridos, entre eles Rogério Wagner. 

Neste 9 de março de 2020, a 5ª Vara Criminal da Comarca de São Paulo publicou a condenação. Rogério Wagner (vulgo Irene Acácio ou Ariel Vieira) e Erico Monteiro dos Santos (vulgo Erico Abelhão, Jaaziel Sousa da Silva, Thiago San Monteiro ou Conan Trindade) foram condenados a pelo menos cinco anos de reclusão em regime semiaberto e multa.

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Os crimes

Entre junho e julho de 2015, a dupla, usando perfis falsos em redes sociais, acessou a página da emissora de TV e, lá, deixou comentários injuriosos contra a jornalista, referindo-se a sua raça e cor. Eles também foram condenados por corrupção de menores, por terem induzido três adolescentes aos mesmos crimes.

Em 3 de julho de 2015, Rogerio Wagner, usando o pseudônimo “Ariel Vieira”, postou abaixo da foto de Maria Julia Coutinho, as seguintes afirmações: "Só conseguiu emprego no JN por causa das cotas, preta macaca" (x3) / "Não pago energia pra ver essa macaca na televisão".

Para o Ministério Público, havia “nítida intenção” de ofender sua honra profissional e pessoal. Rogério era um dos líderes e mentores do ataque à página do Jornal Nacional no Facebook e um dos responsáveis por ensinar aos novos membros a maneira de realizar as “derrubadas” de páginas rivais ou páginas “alvo”.

No início da manhã do dia 10 de dezembro de 2015, a Polícia apreendeu um notebook e quatro celulares na casa dele, no bairro São João do Tauape, na Capital cearense, durante operação comandada pelo Ministério Público de São Paulo. 

Processo judicial

A denúncia oferecida pelo Ministério Público, detalha que eles “praticaram, induziram e incitaram a discriminação e o preconceito de raça (negra ou preta) e cor (negra ou preta), ofendendo a dignidade e o decoro”, cometendo-os na internet, ou seja, praticaram o delito denominado “racismo virtual”. Além disso, o grupo utilizava saudações nazistas entre si.

A decisão foi assinada pelo juiz Eduardo Pereira dos Santos Júnior. Nela, o magistrado afirmou que "os réus, deveras, incitaram e induziram a discriminação e o preconceito de raça e cor.

O ataque racista, desse modo, não estaria restrito a um gueto ou ao submundo da internet no qual transitavam os acusados. Ao atacar figura pública emblemática, os réus visavam e de alguma forma obtiveram - ampla repercussão de suas mensagens segregacionistas", detalha a decisão judicial.

Outros dois réus, Kaíque Batista e Luis Carlos Félix de Araújo, foram absolvidos por insuficiência de provas.

Entre as ofensas, estava:

“Negros são uma raça maldita!!! Merecem morrer!!! Não era pra ter acabado com a escravidão!!!”

“Lugar de preto é na senzala.”

“Preto tem que ser extinto”

“Negra desgraçada!!! Raça maldita que estraga a tv globo!!! Morte dos negros!!!”

“Porque é que o preto não erra? Porque errar é humano. Macaca!”

“Negros negros lixo”

“Qual é band-aid de preto? R: Fita isolante"

“A mão do xicote chega a tremer md vê essa tua cara!!! Negra maldita !!!”

“Pegaram essa mendiga na rua? Essa negra Tizil (sic)?”

“Quem deixou essa preta sair da gaiola?”

Com informações do repórter Carlos Holanda

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