"Você não vai fazer filme pra agradar a minoria com dinheiro público", diz Regina Duarte
Na primeira entrevista após assumir a pasta, Regina Duarte falou sobre reestruturação da Lei Rouanet e o polêmico post sobre apoio de artistasA atriz Regina Duarte, quarta pessoa a assumir a Secretaria Nacional da Cultura durante o atual governo, falou ao Fantástico sobre as polêmicas que envolvem a gestão de Bolsonaro e a classe artística. Questionada sobre movimentos conservadores contra determinadas formas de expressão, a atriz foi categórica: "Você não vai fazer filme pra agradar a minoria com dinheiro público".
Em tópicos, O POVO separou algumas respostas da nova secretária.
"O noivado"
"É um aprendizado imenso para o qual eu não estava preparada. Isso me assustava muito. Mas eu comecei a perceber que isso também poderia dividir com uma equipe competente, experiente, apaixonada por cultura. E, que, na verdade, eu, por patriotismo, aceitei a missão".
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"Altos e baixos. Momentos maravilhosos onde eu me sentia muito viva, como há tempo eu não me sentia. E aí, ao mesmo tempo, momentos muito angustiantes, de perceber que eu tinha que lidar com situações bastante complicadas mesmo, de política, que é uma coisa que nem me passava pela cabeça".
"Você percebe que tem pessoas que estão ocupando cargos e usando esses cargos pra fazer ativismo, pra se eleger nas próximas eleições. No nosso caso, meu e da equipe, o que a gente quer é fazer cultura".
Polêmica sobre apoio de artistas
"Eu achei que era um direito que eu tinha invadido sem autorização. Mesmo que eles já tivessem declarado apoio a mim, eles não estavam declarando apoio à futura secretária do governo Bolsonaro. Isso muda bastante a situação. Quando eu percebi o significado que isso ganhou pra alguns colegas, eu até aproveito pra pedir desculpas, eu retirei".
#ForaRegina
"Já tem uma hashtag #foraregina. Eu nem comecei! Esta semana eu estive lá tentando apagar alguns incêndios que as nomeações e exonerações provocaram, como se fosse a primeira vez na vida que em política alguém entrasse pra gerenciar, digamos, uma pasta pública e fizesse esse tipo de coisa. Exonerações são necessárias. Eu quero ter uma equipe na qual eu possa confiar".
Lei Rouanet
"Eu acho que a Lei Rouanet precisa de alguns ajustes e estamos pensando nisso seriamente. Porque eu acho que ela pode ser mais democratizada, o bolo pode ser repartido em fatias mais equilibradas, mais justas, pra todo fazedor de cultura, de arte".
Retrocesso
"Eu tô vivendo a história do meu país do jeito que ela vem. Porque a história ela é... Ela anda. (...) Eu acho que pra trás não existe, ninguém vive olhando pro retrovisor. Vamos ficar no presente e vamos olhar pra frente".
Conservadorismo
"Eu acho que o dinheiro público deve ser usado de acordo com algumas diretrizes importantes, porque é o que população que elegeu esse governo espera dele. (...) Governa pra todos. E todos estão livres pra se expressar. Contanto que busquem seus patrocínios na sociedade civil. Você não vai fazer filme pra agradar a minoria com dinheiro público. Todas têm espaço. Devem buscar seus patrocínios".