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Entre candidatos, clima é de desconfiança em relação a resultado do Enem

O cearense Lucas Alves Balbino, 20, foi um dos candidatos que entrou com recurso mas não teve a nota atualizada
22:11 | Jan. 20, 2020
Autor Kamilla Vasconcelos
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Kamilla Vasconcelos Repórter do O POVO Online
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Tipo Notícia

O sonho de entrar em uma universidade pública parecia mais próximo para o cearense Lucas Alves Balbino, 20, que presta o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) há quatro anos para o curso de Medicina. Lucas foi uma das seis mil pessoas, número estimado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, que entrou com recurso para correção das notas da prova.

A decepção de Lucas veio no início da noite desta segunda-feira, 20, quando o Ministério da Educação corrigiu as notas e o estudante não percebeu nenhuma atualização. “A expectativa escorreu pelo ralo porque não houve mudança, principalmente na redação. E não só da minha parte, mas de muitos do grupo [de WhatsApp]. Volto a repetir: nós achamos muito curioso que diversos perfis de escolas de redação e plataformas digitais, mostraram na sexta-feira a evolução de pessoas que tiraram [em anos anteriores] 380, 420 na redação e agora 960, 980. É uma baita evolução, mais de 600 pontos. E pessoas, como é meu caso, que já estavam tirando mais de 920, 960, 980 na redação e caíram para 800, 780, 720. A hipótese levantada no grupo é que talvez possa ter havido troca de redação. De pessoas que ano passado tiraram notas altas e agora estão baixas e pessoas que tiraram notas baixas ano passado e agora estão altas”, analisa.

De acordo com Lucas Alves, ele e outros amigos estão discutindo sobre entrar com uma ação no Ministério Público. Além dele, Emanuel Maia, um outro estudante de Fortaleza, também entrou com o recurso para revisão da nota mas não obteve sucesso. Ele diz que o principal sentimento que fica é de raiva, insatisfação e revolta. Ele afirma que todos os estudantes que não tiveram a nota atualizada estão sofrendo uma grande injustiça. “Não sei nem o que fazer. É um descaso com o ensino superior público”, declarou. Ele já é formado em filosofia, mas tem o sonho de cursar música. Emanuel acertou 77% da prova de linguagens, cerca de 35 das 45 questões, mas sua nota foi 584. “Eu esperava pelo menos 630. Com mais de 75% de acerto não tirar nem 600, isso é injusto”, declarou bastante frustrado. 

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Diferente dos casos na capital cearense, o mineiro Bruno Santa, 25, teve sua nota atualizada por volta das 18h. O jovem, que cursa o 7º período em Matemática na Universidade Federal de Viçosa (UFV), fez parte de um dos maiores grupos de candidatos, em Minas Gerais, que se sentiram lesados com o resultado. Apesar da correção das notas, Bruno acredita que o Enem perde a credibilidade após o ocorrido. “Tanto perde que mesmo eles afirmando que corrigiram as pessoas desconfiam. E, pra mim, o que mais deixa margem para isso é a falta de transparência quanto ao resultado final pois só mostram o gabarito, mas não informam quanto que valeu cada questão ou a porcentagem de acertos em cada”.

De acordo com o estudante, havia uma discrepância muito grande em relação a quantidade de acertos e a nota que constava. “Tinha vindo em 374 em Ciências da Natureza e 411 em Matemática. E me estranhou muito porque eu sou um aluno do curso de graduação em Matemática. Então eu fiquei espantado e olhei pra minha amiga e falei “eu posso abandonar o curso”. No começo eu até pensei que pudesse ser a Teoria de Resposta ao Item (TRI), embora eu não concordasse. Eu já faço o Enem desde 2014 e acerto em média de 18 a 20 questões de Matemática. E eu sempre tirei mais de 600 pontos, ficava entre 600/650. Então o que poderia variar nessa média, mesmo com a TRI, era no máximo 50 pontos para mais ou para menos”, explica. O estudante, apesar de já ter sua vaga garantida dentro da Federal, realizou a prova para poder realizar a transferência de modalidade, de licenciatura para bacharelado.

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