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57% dos brasileiros acham que o uso da maconha não é moralmente aceitável, diz pesquisa

Na opinião de 47% da população brasileira, ninguém deveria ter acesso à droga. O índice mundial é de 37%
11:41 | Jun. 21, 2019
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Para 57% dos brasileiros, o consumo da maconha de forma moderada não é moralmente aceitável. Esse índice é próximo do registrado no mundo (51%), segundo dados da pesquisa “Global Views on Vices 2019” da Ipsos. Mas para 24% dos entrevistados no Brasil, essa atitude é moralmente aceitável, um percentual um pouco acima do mundial (22%).

Conforme a pesquisa, que avalia a aceitação do consumo de 15 itens, quase metade dos brasileiros (47%) consideram que ninguém deveria ter acesso à droga. Globalmente, o índice é um pouco menor (37%). Para 66% da população brasileira, a maconha é viciante. E para 13% não é. Já no mundo, 63% dos entrevistados concordam com o potencial viciante dessa erva e 17% discordam.

“A percepção de que há uma tendência global de maior tolerância com relação a comportamentos mais liberais não se verifica na pesquisa. Muitas das atividades potencialmente viciantes ainda são vistas com grande desconfiança pela população. O Brasil, na maioria dos casos, acompanha a média tendencialmente mais conservadora. Isso ajuda a explicar dois movimentos sociais que se verificam claramente na atualidade: resgate político de movimentos conservadores e extremismo de opiniões”, comunica Marcos Calliari, CEO da Ipsos.

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Em relação ao consumo recreativo da maconha, 57% dos brasileiros acham que não deveria ser legalizado. O índice é bem próximo do global (54%). A pesquisa mostra que 66% dos entrevistados no Brasil não provariam a erva caso fosse liberado o uso. No mundo, o percentual é de 61%.

Uso na medicina

Mesmo a maconha não sendo vista com bons olhos, pouco mais da metade dos brasileiros (56%) consideram seu valor medicinal. No mundo, 55% dos entrevistados também concordam.

Segundo a pesquisa, cinco em cada dez brasileiros (54%) avaliam que o uso da maconha deveria ser legal no País para uso médico, enquanto 26% discordam. No mundo, os resultados são parecidos: 57% concordam e 24% são contra.

De acordo com o levantamento, Chile e Estados Unidos são os países que mais concordam que a maconha para fins medicinais deveria ser liberada. Por outro lado, Turquia e Rússia registram os maiores índices de discordância, sendo 58% e 57%, respectivamente.

No índice mundial, 41% dos entrevistados avaliam que poderiam pedir para o médico a prescrição da maconha caso o uso fosse legalizado, sendo também o mesmo resultado no Brasil. O Peru é o país com o maior percentual nessa questão (70%).

Nos próximos dez anos

48% dos brasileiros consideram que a maconha para uso médico será legalizado nos próximos dez anos. Globalmente, o índice é de 55%. A África do Sul e o Canadá são os países que mais acreditam nessa afirmação. Já a Rússia (54%) e a Turquia (51%) possuem o maior índice de contrariedade.

Enquanto ao uso recreativo da maconha, 29% dos brasileiros acreditam que a prática será legal em 10 anos. Globalmente, são 33%. Canadá, África do Sul e Estados Unidos foram os países que mais registraram confiança na liberação do consumo da erva, com 79%, 74% e 71%, respectivamente.

Já 47% dos entrevistados mundialmente e 49% dos brasileiros, acreditam que o uso de drogas será maior do que o registrado atualmente.

Outros vícios

Em relação a outros vícios, o consumo de videogames violentos é a prática mais rejeitada, sendo não moralmente aceito por 46% dos entrevistados no mundo. Em seguida aparecem: pornografia (43%), cigarros e jogos de cassino (42%) e apostas online em jogos de azar (41%).

“Pela pesquisa, fica clara a dificuldade em evoluir com discussões de temas que são moralmente condenáveis, segundo a população. Projetos relacionados à liberação da maconha e cassinos precisariam de argumentos e novas informações para uma alteração de percepção pública, em um ambiente particularmente desfavorável para o diálogo”, informa Calliari.

Já outros produtos e serviços têm o consumo com moderação aceito, como chocolate (79%), salgadinhos de pacote (69%), redes sociais (65%), vinho (62%) e cerveja (61%).

“Outro fator interessante é que muitas das atividades condenadas moralmente pelos brasileiros apresentam prevalência de suas praticas particularmente altas no País, como por exemplo, uso de redes sociais e consumo de pornografia. Assim, há suspeita de que nem sempre os brasileiros se comportam do modo como eles desejam ser percebidos, caracterizando uma dose de ‘hipocrisia social’”, diz Calliari.

“De maneira geral, o brasileiro apresenta mais restrições morais às atividades pesquisadas, como uso de maconha, pornografia e jogos de videogame violentos. Em um país cuja percepção estereotípica é permissiva, esse dado é bastante relevante. Há uma tendência de julgamentos morais alta que, muitas vezes, impede debates posteriores, como por exemplo, a saudabilidade ou interesse público”, destaca o CEO da Ipsos.

A pesquisa online foi realizada com 18,6 mil entrevistados em 29 países, incluindo o Brasil, entre 26 de novembro e 7 de dezembro de 2018. A margem de erro é de 3,1p.p.

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