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Meninas do Complexo do Alemão constroem própria escola de balé

As alunas decidiram pôr as mãos na massa após anos ensaiando na única quadra do morro
09:26 | Jun. 04, 2019
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Tipo Notícia

As alunas e a professora de um projeto social do Complexo do Alemão, um dos maiores aglomerados de favelas do Brasil, estão construindo a própria escola de balé, no Morro do Adeus, no Rio de Janeiro. A obra teve início em fevereiro deste ano.

As participantes do ‘Na ponta dos pés’, projeto comandado pela bailarina e professora Tuany Nascimento, decidiram pôr as mãos na massa após anos ensaiando na única quadra do morro. A organização ganhou notoriedade internacional pelo webdocumentário ‘Balé e balas: aulas de dança no meio do fogo cruzado’, produzido pela Vice.

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O produto audiovisual aborda a iniciativa que ensina balé às meninas da comunidade enquanto as participantes precisam enfrentar os desafios da violência, o perigo dos confrontos da polícia contra as organizações criminosas e a pobreza generalizada na área. Concomitante ao lançamento do webdoc, a Vice lançou um financiamento coletivo, que tinha como objetivo arrecadar 5 mil euros para construir um espaço próprio do projeto.

A professora, a mais velha de seis irmãos, também cresceu no Alemão e dançava desde pequena até a juventude. “Minha mãe já não podia mais pagar as roupas, os figurinos, as inscrições, foi a partir daí que decidi parar de dançar e trabalhar”, revela no documentário. Mesmo empregada, Tuany treinava na quadra do morro, e, aos poucos, os movimentos elaborados da dança passaram a chamar a atenção das meninas que passavam por ali.

Foi então que a criadora do projeto decidiu oferecer às meninas da favela o que, para ela, foi mais que uma oportunidade: uma alternativa. “Não me vejo como bailarina, me vejo como professora”, afirma. O projeto chegou a atender mais de 50 meninas - sempre na quadra comunitária. Na conta do Instagram, é possível encontrar várias iniciativas do Na Ponta dos Pés para subsidiar suas atividades, como pedidos de doação para comprar as roupas adequadas para que as meninas possam dançar.

O financiamento coletivo atingiu a meta em apenas uma semana e o dinheiro foi entregue à organização, que resolveu erguer seu centro utilizando a própria força. Desde então, é possível acompanhar o passo a passo das obras no perfil do Instagram. 

As obras seguem a pleno vapor e, mesmo após o término do prazo do financiamento coletivo, o projeto recebeu mais doações para manter suas atividades. “O centro cultural ‘Na Ponta dos Pés’ é mais que dança, é uma prova de que podemos fazer qualquer coisa”, comemora Tuany.

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