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Ato pede realização de feira da reforma agrária em parque de São Paulo

22:40 | Abr. 17, 2019
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Tipo Notícia

Trabalhadores rurais participaram hoje (17), na capital paulista, de um ato em defesa da realização da 4ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária. Os produtores defendem a manutenção do evento no Parque da Água Branca, local em que a feira ocorreu em anos anteriores. O governo de São Paulo, no entanto, decidiu não liberar a realização da feira no espaço sob argumento de que nem todos os produtos comercializados são orgânicos. 

Os manifestantes saíram em caminhada da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em São Paulo, até o Parque da Água Branca. 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) informou que os produtos oferecidos na feira são resultado do trabalho em assentamentos da reforma agrária de todo o país, que não produzem apenas orgânicos, mas também produtos provenientes da chamada transição agroecológica. Nesse período de transição, produtos químicos ainda são utilizados em algumas etapas da produção.

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“Na hora que a gente faz a solicitação [para a realização da feira], a gente não discrimina que é só [produto] orgânico. Colocamos na solicitação que são produtos de origem da reforma agrária. Dentro da feira, temos produtos orgânicos, agroecológicos, produtos em transição agroecológica e aqueles que ainda não são orgânicos porque não têm o certificado”, disse o representante da Coordenação Nacional da Produção do MST Milton José Fornazieri.

O governador João Doria disse ontem (16), em entrevista coletiva, que as secretarias de Infraestrutura e Saneamento e de Agricultura apontaram irregularidades na feira. “Se regularizarem e fizerem dentro das normas sanitárias e dentro das normas estabelecidas e dos dispositivos legais, poderão fazer. Enquanto não atenderem, não farão."

Secretarias

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado informou que “uma feira, para ser considerada orgânica, deve necessariamente comercializar somente produtos orgânicos” e que “as edições passadas da feira do MST não apresentavam a devida certificação”. 

Além disso, a secretaria disse que a feira atrai público muito maior que a capacidade do parque, de 5 mil pessoas. A previsão dos organizadores é que o evento reúna 30 mil pessoas por dia.

A Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do estado também destacou o limte do espaço. A solicitação, de acordo com o órgão, foi apreciada pelo conselho gestor, composto por oito membros do governo e oito da sociedade civil, que negou o pedido. De acordo com a secretaria, foram oferecidos outros parques estaduais, como o da Juventude e o Ecológico do Tietê, que são maiores, mas as sugestões não foram aceitas.

Produtores

Os organizadores alegam que nos três anos anteriores não houve problemas durante a feira em relação ao tamanho do público. “Nós entregamos o parque para a administração perfeitamente como a gente recebeu”, disse Delwek Matheus, que também participa da organização da feira.

Milton José Fornazieri acredita que é possível manter diálogo com o governo estadual para discutir possível limitação de expositores e diminuição de atividades que atrairiam mais público, com objetivo de manter a feira no Parque da Água Branca.

“Achamos que o governo Doria, como os outros governos anteriores, virá para o diálogo, [para] conversarmos e vamos construir uma saída melhor”, afirmou.

Transição agroecológica

Os participantes da feira produzem em diferentes modelos: agroecológico (consolidado), transição agroecológica e no sistema tradicional – que não usa técnicas da agroecologia, mas não utiliza agrotóxicos ou usa de forma residual. 

O produtor e organizador Delwek Matheus destaca produção de arroz agroecológico, que ocorre principalmente na Região Sul em mais de 5 mil hectares em assentamentos. Ele cita ainda que na edição do ano passado da feira foram oferecidas 500 toneladas de alimentos.

“Não é totalmente alimento orgânico certificado. Não é isso e nunca dissemos isso. Mas é um alimento saudável em relação ao alimento que existe no mercado”, argumenta.

Segundo ele, no caso dos não orgânicos, por exemplo, há menor uso dos agroquímicos e sementes transgênicas, além da redução de adubo sintético e de agrotóxico.

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