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"A gente nunca faz tudo", disse Bibi Ferreira durante entrevista ao O POVO em 2016

Bibi fez filmes, apresentou programas na TV, gravou discos e dirigiu shows. Seu principal palco foi o do teatro
18:23 | Fev. 13, 2019
Autor O Povo
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Tipo Notícia

A atriz e cantora Bibi Ferreira, de 96 anos, morreu no início da tarde desta quarta-feira, 13, após sofrer ataque cardíaco em sua casa no bairro do Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A notícia foi confirmada por Teresa Cristina, filha única da artista.

Conhecida pelo apelido que ganhou ainda na infância "Bibi", Abigail Izquierdo Ferreira nasceu no dia 1° de julho de 1922. A arte veio do berço: era filha de um dos maiores nomes das artes cênicas do País, o também ator Procópio Ferreira, e da bailarina espanhola Aída Izquierdo.

Considerada uma artista multimídia, Bibi fez filmes, apresentou programas na TV, gravou discos e dirigiu shows. Seu principal palco foi o do teatro.

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A artista também foi tema do enredo da escola de samba carioca, Viradouro em 2003, onde foi homenageada e teve suas obras contadas no sambódromo em "Bibi, uma vida em um musical".

Em passagem por Fortaleza, em 2016, aos 94 anos, veio apresentar em duas sessões o show "Bibi canta Sinatra". O espetáculo trouxe o seu repertório preferido do artista, pelo qual tinha grande admiração.

"Meu nome é credibilidade" Confira na íntegra a entrevista de Bibi Ferreira, ao O POVO Online

Ao O POVO Online, ela contou um pouco da vida, e claro, sobre os dois dias de apresentações.

Durante a entrevista ela contou como foi estrear nos palcos da arte com apenas vinte dias de nascida. Explicando que seu maior incentivo veio dos pais, ambos artistas. "O meu pai foi quem me apresentou no teatro ao público. Eu tinha 17 anos nessa época, e não tinha muita opinião. Você tocou nesse ponto, realmente, válido. Eu não tinha opinião, eu não sabia quem eu era. Eu era uma mocinha como qualquer outra, e papai um dia chegou pra minha mãe e disse: “olha, eu achava bom estrear a Bibi, dar um papel bonito pra ela fazer, uma coisa séria”. E eu estreei com La Locandiera, de Carlo Goldoni, que é um clássico italiano. E eu gostei, fiquei muito prosa, sabe, de ter um pai como esse e uma mãe maravilhosa”, contou.

Depois de falar do pai, Bibi lembrou da mãe. “A importância dela não é só afetiva, mas ativa na carreira. Tudo o que eu aprendi foi através dos conselhos da minha mãe. Meu pai, não. Meu pai era um grande ator que esporadicamente perguntava “como vai a Bibi”, porque eram separados. E eu era uma pessoa que viajava do pai pra mãe, da mãe pro pai. Não tive assim aquele “ninho” bonito, de família papai, mamãe e eu, o filho. Não tive isso. Mas tanto um quanto o outro soube respeitar o seu lugar e deixava que eu entrasse”, explicou.

Ao final da entrevista, Bibi contou que com a carreira, aprendeu a viver de um modo mais livre, e que ainda tinha muito para aprender." Eu acho que a gente nunca faz tudo. A gente nunca chega a fazer tudo o que a gente quer. A gente não chega ao âmago do sentimento das pessoas, muito menos ao âmago do povo, do público. Mas eu quero que você saiba que essa ansiedade é que nos deixa onde estamos. É quem nos dá o chão pra gente pular e ir pra cima, mais alto ainda", despediu-se.

O corpo da artista será velado durante cerimônia aberta ao público até as 15 horas desta quinta-feira, 14, no Theatro Municipal do Rio. Em seguida, é prevista a cremação. 

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