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Após incêndio, Flamengo defende contêineres em CT: "Alojamento confortável"

18:36 | Fev. 09, 2019
Autor Agência Estado
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Tipo Notícia

Quase um dia e meio após um incêndio em um contêiner que servia como alojamento matar dez jogadores da base entre 14 e 16 anos e ferir outros três no CT do Flamengo, o clube carioca fez sua primeira manifestação pública para se defender da tragédia. Por cerca de 15 minutos, o CEO rubro-negro, Reinaldo Belotti, discursou sobre as instalações do Ninho do Urubu que pegou fogo, as quais classificou como "alojamento confortável".

Foto aérea mostra como ficou o centro de treinamento do Flamengo após incêndio. Dez pessoas morreram (Foto: Thiago Ribeiro/AFP)
Foto aérea mostra como ficou o centro de treinamento do Flamengo após incêndio. Dez pessoas morreram (Foto: Thiago Ribeiro/AFP) (Foto: Thiago Ribeiro/AFP)

Segundo ele, o Flamengo "não poupa esforços para dar o melhor" para os seus jogadores. No fim do seu pronunciamento, assim como fizera o presidente flamenguista, Rodolfo Landim, na manhã do dia do incêndio, na sexta-feira, o CEO do clube não quis responder perguntas dos jornalistas.

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Sem citar nomes, Belotti rebateu a afirmação do comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Roberto Robadey, que na sexta-feira havia chamado o alojamento de "puxadinho". "Aquilo não era um puxadinho que a gente escondia (os jogadores da base), ao contrário. Era um alojamento confortável, adequado ao que se propunha e que nós mostrávamos com orgulho", afirmou o executivo rubro-negro. O incêndio em um dos contêineres matou dez garotos e deixou outros três feridos, um deles ainda em estado grave.

Belotti defendeu o uso dos contêineres em pelo menos três oportunidades de seu discurso, lembrando que eles são usados desde 2011, quando o CT foi inaugurado. Nada comentou sobre as 31 multas da Prefeitura do Rio de Janeiro por falta de documentos necessários para a utilização do local, tampouco sobre o fato de o Flamengo ter informado à Prefeitura do Rio que havia um estacionamento onde o clube, na verdade, montou o alojamento para os garotos da base. "Por esse alojamento passaram vários times titulares do Flamengo, jogadores consagrados, como Ronaldinho Gaúcho e Vagner Love, e também a seleção olímpica do Brasil", enumerou o dirigente.

"Aconteceu um acidente trágico. Não foi por falta de investimento do Flamengo, não foi por falta de cuidado do Flamengo. Afinal de contas, esse é nosso maior ativo. Aquela turma que estava dormindo lá é o nosso futuro. Nós prezamos muito por essa turma", discursou o CEO.

O executivo também ressaltou que as instalações tinham aprovação de diversos órgãos do Rio de Janeiro. "Ele (alojamento) foi certificado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, que nos emitiu certificado de regularidade, e pela Ferj e CBF, que emitiram certificado de clube formador." Preferiu ignorar a informação de que o Ministério Público do Rio de Janeiro abriu uma ação civil pública em 2015 alertando para "as precárias condições dos alojamentos e pedindo a interdição do CT.

O representante do clube carioca comentou ainda sobre a ausência de documentação dos Bombeiros e da Prefeitura do Rio. "O CT, suas licenças, seus alvarás, suas multas... Na realidade, isso não tem nada a ver com o acidente que ocorreu. Temos algumas providências a serem tomadas para tornar o CT plenamente legalizado e estamos trabalhando arduamente nisso com o Corpo de Bombeiros", afirmou Belotti, que disse ainda que o Flamengo possui oito certificados de nove exigidos para se ter o alvará.

CAUSAS - De acordo com Reinaldo Belotti, a perícia dos Bombeiros apontou preliminarmente que o incêndio começou no aparelho de ar condicionado do alojamento. Ele reiterou que os equipamentos estavam com a manutenção em dia, e levantou a hipótese de que o temporal que atingiu o Rio de Janeiro na quarta-feira à noite tenha ajudado a provocar um curto-circuito.

"O problema começou no ar condicionado, mas ninguém pode garantir por quê. Eles estavam em perfeita ordem. A suposição existente agora é que os picos de energia podem ter influenciado no funcionamento regular do ar condicionado e originado o princípio de incêndio", considerou o CEO.

"Nós tivemos todo o cuidado, nós não poupamos esforços para dar o melhor para o nosso pessoal, mas infelizmente, uma sucessão de eventos após um dia catastrófico no Rio de Janeiro nos trouxe essa catástrofe ainda maior." As informações apuradas pelo Estado dão conta de que apenas um aparelho de ar condicionado teria tido curto-circuito.

Dirigentes do Flamengo devem começar a serem ouvidos a partir de segunda-feira pelos órgãos do Rio encarregados de apurar os fatos. O Flamengo prestou ajuda a todos os parentes dos jogadores mortos.

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