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Mangueira divulga samba-enredo que homenageará Marielle Franco

Samba também cita outras mulheres negras que lutaram por direitos no Brasil
11:11 | Out. 14, 2018
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“Canção para ninar gente grande” é o nome do samba-enredo que será usado pela escola Estação Primeira da Mangueira no desfile do Carnaval 2019. A composição divulgada neste sábado, 13, propõe recontar a história do Brasil, desde 1500. Citando nomes de pessoas conhecidas pela luta por direitos sociais, o enredo fala que é “vez de ouvir” as “Marielles”, em referência ao caso da vereadora do Rio de Janeiro assassinada em março deste ano.
 
O trecho "a liberdade é um Dragão no mar de Aracati" homenageia o líder dos jangadeiros Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, que entrou para a história como o Dragão do Mar. 
 
O samba foi escolhido em uma competição com comissão julgadora composta também pelo presidente da escola, Chiquinho da Mangueira. Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo Firmino são os compositores do enredo que será tocado na Sapucaí no ano que vem. Tomaz, um dos responsáveis pela letra, comemorou o resultado em seu perfil do Instagram. “Pela memória de Marielle e por toda luta que está por vir. Muito obrigado a todo mundo que se encontrou com a gente na luta por esse samba”, agradeceu.
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Além de citar Marielle Franco, a música faz referência a Dandara dos Palmares, guerreira negra que lutava contra a escravidão. Luíza Mahin, líder de revoltas pelos direitos dos negros na Bahia, é outra mulher cantada no enredo. “Eu quero o país que não tá no retrato”, diz o samba, sobre histórias de povos brasileiros que não são discutidas.

Confira o samba-enredo "Canção para ninar gente grande"
 
“Brasil, meu nego deixa eu te contar;

A história que a história não conta;

O avesso do mesmo lugar;

Na luta é que a gente se encontra.

Brasil, meu dengo a Mangueira chegou;

Com versos que o livro apagou;

Desde 1500, tem mais invasão do que descobrimento.

Tem sangue retinto, pisado;

Atrás do herói emoldurado.

Mulheres, tamoios, mulatos;

Eu quero o país que não tá no retrato.

Brasil, o teu nome é Dandara;

Tua cara é de Cariri;

Não veio do céu nem das mãos de Isabel;

A liberdade é um Dragão no mar de Aracati;

Salve os caboclos de Julho;

Quem foi de aço nos anos de chumbo;

Brasil chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles e Malês.

Mangueira, tira a poeira dos porões;

Ô, abre alas;

Pros seus heróis de barracões;

Dos Brasis que se faz um país de Lecis, Jamelões.

São verde e rosa as multidões” 
 
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Redação O POVO Online

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