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Paralisações dos caminhoneiros: o que se sabe até agora do movimento

21:59 | Mai. 30, 2018
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Tipo Notícia
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Há exatos dez dias, caminhoneiros brasileiros ganharam destaque internacional ao deflagrar um movimento integrado no Brasil de bloqueio das estradas. Eles reivindicam redução no preço do diesel. Também pedem demandas próprias da categoria, como a isenção da cobrança de pedágio para os caminhões que circulam com eixo suspenso em todo o País. O POVO Online explica o que provocou a série de obstruções nas rodovias e a situação política da greve. 

Das exigências da categoria, praticamente todas já foram atendidas pelo presidente Michel Temer (MDB). Entre elas, a redução de R$ 0,46 no preço do diesel por 60 dias. Também se dispôs a editar Medida Provisória (MP) estabelecendo a tabela mínima de frete. Contudo, apesar da flexibilidade, os caminhões permanecem parados nas rodovias. Nesta quarta-feira, por exemplo, faixas da BR-116 e da BR-222 tinham interdições no Ceará ao longo da manhã.

A inflexibilidade dos caminhoneiros tem dado dor de cabeça à Presidência. Já na quinta-feira, 24, ele havia tentado entrar em acordo, anunciado como “trégua” e assinado por entidades do setor. O documento foi completamente ignorado nas estradas. 
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Tensão 

Em resposta, na sexta-feira, 26, Temer engrossou o tom e afirmou que usaria forças de segurança federais para desbaratar o movimento. Do Supremo Tribunal Federal (STF) veio liminar do ministro Alexandre de Moraes determinando multa diária de R$ 10 mil aos motoristas que bloqueassem as vias.

Em meio à ofensiva contra os manifestantes, o Governo Federal ainda acusou o grupo de manifestantes estarem articulado com empresários do setor. A prática, chamada de locaute, é investigada pela Polícia Federal (PF) em 52 inquéritos em 25 estados. Todos os ataques ao movimento foram ignorados pelos manifestantes. 

Por meio do Whatsapp, eles mantêm a organização dos movimentos. A decisão do presidente de tensionar a relação com a categoria foi criticada e criou situação peculiar: o Exército está designado para desobstruir as estradas enquanto parte dos caminhoneiros pedem intervenção militar e exaltam a presença dos militares. 
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Impasse 
 
O impasse entre o Governo e os manifestantes também mostrou outra face do movimento que ganhou as estradas: a falta de liderança. Nem mesmo os comandos nacionais, como a Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam) e o Sindicato dos Caminhoneiros, são reconhecidos pela categoria como líderes. "Líder, aqui, só Deus", dizem.

Conforme O POVO Online mostrou, uma palavra em comum entre os caminhoneiros é o desejo de tirar Michel Temer da presidência. Faixas pedindo intervenção militar ficam espalhadas na via, apoiadas entre os caminhões. Em veículos menores estacionados, adesivos expressando a mesma aspiração. Contudo, ninguém assume ser o responsável pelos materiais. "Pessoas se infiltraram no nosso movimento e espalharam as faixas. Houve resistência nos três primeiros dias, mas depois ficou incontrolável", contam alguns manifestantes. 

Independentemente das posições políticas, as paralisações chegam ao décimo dia causando impactos em diversas áreas. Setores estimam que, se a desobstrução de bloqueios e manifestações dos caminhoneiros seguirem enfraquecendo, a logística de distribuição de produtos pode ser normalizada em uma semana no Ceará, mesma previsão do Governo Federal para o País.
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De acordo com dados divulgados por 13 segmentos da economia indicam perdas de mais de R$ 50 bilhões com fábricas paradas, exportações suspensas, vendas adiadas e animais mortos, entre outros problemas. 

No grupo de setores com maiores perdas estão o de distribuição de combustível, que deixou de vender o equivalente a R$ 11 bilhões, e o químico, com perda de faturamento de US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 9,5 bilhões). 

A cadeia produtiva da pecuária de corte deixou de movimentar entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões. Produtores de aves e suínos contabilizam R$ 3 bilhões em prejuízos, incluindo a morte de 70 milhões de aves e de 20 milhões de suínos, a maior parte por falta de ração.
 
Ao longo da semana, percebendo a força que a mobilização ganhou e a flexibilidade da Presidência, outras categorias começaram a realizar atos. Topiqueiros, motoboys e motoristas de vans paralisaram no Brasil. Nesta quarta-feira, 30, trabalhadores da Petrobras entraram em greve de advertência pedindo a redução dos preços de gás de cozinha e dos combustíveis.
 
Redação O POVO Online 

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