Professora com Down rebate em carta ataques da desembargadora Marília Castro Neves
"Quem discrimina é criminoso", escreveu a professora, se defendendo da publicação. Desembargadora já havia se envolvido em outra polêmica na última semana após divulgar notícias falsas sobre a vereadora Marielle Franco
[FOTO1]A desembargadora Marília Castro Neves, do Rio de Janeiro, se envolveu em outra polêmica ao fazer uma publicação preconceituosa sobre a primeira professora com síndrome de Down do País. A educadora Débora Seabra, de Natal (RN), escreveu uma carta, publicada nas redes sociais, respondendo a postagem feita no último fim de semana, que questionava o que uma professora com Down poderia ensinar a alguém. Marília Castro Neves é a mesma desembargadora que havia publicado notícias falsas sobre a vereadora Marielle Franco, morta no último dia 14.
Em um grupo privado para juízes no Facebook, a desembargadora Marília Castro Neves fez uma publicação contando sua reação ao escutar a notícia de que o Brasil tinha a primeira professora com síndrome de Down. “Ouço que o Brasil é o primeiro em alguma coisa!!! Apuro os ouvidos e ouço a pérola: o Brasil é o primeiro país a ter uma professora portadora de síndrome de Down!!! Poxa, pensei, legal, são os programas de inclusão social... Aí me perguntei: o que será que essa professora ensina a quem???? Esperem um momento que eu fui ali me matar e já volto, tá?”, escreveu.
Na carta, Débora Seabra se afirmou como professora auxiliar de crianças em uma escola de Natal. “Eu ensino muitas coisas para as crianças. A principal é que elas sejam educadas, tenham respeito pelas outras, aceitem as diferenças de cada uma, ajudem a quem precisa mais. (...) O que eu acho mais importante de tudo isso é ensinar a incluir as crianças e todo mundo pra acabar com o preconceito porque é crime. Quem discrimina é criminoso", declarou.
Na última semana, a desembargadora havia se envolvido em polêmica após divulgar que Marielle Franco “estava engajada com bandidos” e que teria sido eleita com o apoio da facção criminosa do Comando Vermelho. Por causa desta postagem, uma representação contra a desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio foi protocolada no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down publicou na última segunda-feira, 19, uma carta de repúdio "à demonstração de preconceito manifestado por uma autoridade pública, a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em relação às pessoas com síndrome de Down". “A FBASD considera que mensagem carregada de preconceito, ofende, definitivamente, os ditames impostos aos juízes por seu Código de Ética”, divulgou.
Ao jornal Tribuna do Norte, de Natal, os assessores da desembargadora não confirmaram a veracidade da postagem nem quando ela teria sido feita. O POVO Online entrou em contato com o do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para um posicionamento sobre o caso. A assessoria respondeu que o órgão "não irá se pronunciar sobre uma declaração pessoal da desembargadora".
Redação O POVO Online
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