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Mulheres se dispõem a cuidar dos filhos das candidatas do Enem durante o exame

O projeto surgiu na semana passada e já conta com mais de mil curtidas no Facebook. A idealizadora da iniciativa disse que a ideia é ajudar as mães que não tem com quem deixar seus filhos a fazer o exame
21:21 | Ago. 19, 2016
Autor O POVO
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Conciliar trabalho e estudo não é uma tarefa fácil. Exige muita dedicação e investimento. Para quem vive nessa situação, entende que é necessário abrir mão de algumas horas de sono ou de momentos de lazer durante a semana. Agora, imagina conciliar maternidade, estudo e trabalho. A ideia soa mais como um desafio. Mas, mesmo assim, há mães que abraçam essas tarefas e lutam diariamente para exercê-las com perfeição.
 
Entretanto, não são todas as mães que podem contar com a ajuda da família e do pai da criança, o que as obrigam a abrir mão de alguma dessas tarefas. Quando isso acontece, o estudo é o primeiro a ser cortado na lista. Pensando nisso, a jornalista e mãe, moradora da cidade de Santos (SP), Fernanda Vicente, decidiu criar um projeto para ajudar as "mães solos", termo para se referir as mulheres que cuidam de seus filhos sem ajuda do parceiro. Elas desejam participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas não tem com quem deixar os filhos durante a prova.


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O “Mães no Enem” promove a aproximação de mulheres voluntárias, dispostas a cuidar dos filhos das candidatas, enquanto as mães solos ficam concentradas na prova. Em entrevista ao O POVO Online, Fernanda conta que a ideia de criar o projeto surgiu com uma corrente no Facebook. Ela conta que se propôs a cuidar dos filhos de outras mulheres em sua casa no litoral de Santos e compartilhou a ideia no perfil. “Fiz um texto para quem tivesse interesse pudesse deixar o nome e a cidade para que as mães candidatas encontrassem voluntárias. Após 5h de divulgar a ideia, havia recebido inúmeras mensagens no Facebook e vários comentários na publicação de todo o País”, contou.

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Devido tamanha procura, Fernanda decidiu criar, no último dia 11 de agosto, a página “Mães no Enem” para concretizar o projeto e facilitar o encontro das candidatas do exame com as voluntárias. Segundo ela, até o momento há 200 mulheres espalhadas por todo o país e diariamente a página recebe em média 30 e-mail de mães interessadas no projeto. “Não esperava por essa repercussão. Esperava que fosse algo pequeno e com voluntárias locais, pois foi uma coisa sem pretensão. Fui pega de surpresa”, afirmou.

Para participar, é preciso solicitar a ficha de inscrição pelo email do projeto. A partir daí, as candidatas voluntárias e as "mães solos" preenchem seus dados (RG, CPF, comprovante de endereço entre outras informações). Logo em seguida, as fichas são analisadas por Fernanda junto com uma advogada para serem aprovadas. Sendo aprovada, o projeto se encarrega de promover o contato entre as voluntárias e as "mães solos" de acordo com o perfil de cada uma.

“Quando as duas fecharem a parceria, as duas assinam um termo de responsabilidade. Fica uma cópia para mãe, uma para voluntária e outra para o projeto”, detalhou o processo. Sobre a questão da segurança, Fernanda entende que por ser uma iniciativa nova pode causar a princípio um estranhamento, mas que todas as medidas possíveis são adotadas pela organização do projeto. ’’A gente entende a questão de segurança e a estranheza em relação a proposta, mas a gente faz de tudo para que tenha o máximo de respeito com essas famílias. Por esse motivo, propiciamos meios para que essa relação seja mais segura possível”,garante.

 

Uma mãe ajudando a outra
Criado na semana passada, a página “Mães no Enem” já possui mais de 1 mil curtidas. Fernanda enxerga a adesão à iniciativa como um símbolo da união entre as mulheres. “Eu acho que mostrou o quanto somos solidárias umas com as outras. O quanto a gente consegue se unir a nossa força. Juntas somos mais forte e quebra aquela ideia de que somos rivais. Na verdade, somos irmãs”, ressaltou.

A estudante do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC), mãe e única voluntária de Fortaleza, Izabel Accioly, lembrou da época em que fez vestibular há 10 anos ao conhecer o projeto. Em entrevista ao O POVO Online, ela contou que ficou grávida no período do pré-vestibular. Por não ter com quem deixar e por ser recém-nascido, Izabel decidiu adiar o ingresso à universidade para cuidar do pequeno Vinícius. “Quando Fernanda postou no Facebook, me senti na obrigação de ajudar outras mães pois já passei por isso”, afirmou.

A universitária também acredita que com o passar dos meses a procura de mulheres em ser voluntárias e mães interessadas vai aumentar. Além disso, para divulgar ainda mais a iniciativa em Fortaleza, Izabel vai promover cursinhos de pré-vestibular para que as mães jovens possam ter conhecimento do apoio. “A minha ideia é de compartilhar o projeto nesses cursinhos em que adolescentes e jovens não possuem muita ajuda”, declarou. O Exame Nacional do Ensino Médio acontece nos dias 5 e 6 de novembro.

 

Confira a lista de voluntárias em todo o País aqui.

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