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Para Pedro Serrano, STF esvazia direitos constitucionais

|OAB | O professor e constitucionalista integrou debate em Conferência Internacional de Direitos Humanos, em Fortaleza. Na ocasião, outros advogados criticaram atuação do Supremo
01:30 | Mai. 26, 2018
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As recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) foram alvo de críticas do professor e constitucionalista Pedro Serrano. Na opinião dele, o País vive o que chama de esvaziamento democrático. “O STF tem uma função contramajoritária. Ele deveria garantir a constituição contra as maiorias ocasionais, ser antipático. Por conta de manipulação midiática, de vaidades humanas e de uma série de fatores, creio que está desempenhando um papel negativo de esvaziamento do sentido dos direitos da constituição em favor da barbárie e não da civilização”, afirmou.

 

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As declarações foram feitas em Mesa Redonda na sétima edição da Conferência Internacional de Direitos Humanos, promovida pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB). Para ele, a discussão sobre democracia no meio jurídico é muito útil e o enfraquecimento constitucional tem atingido principalmente a população jovem e negra.

 

Durante o painel Estado Policial, ativismo judicial e fragilização das garantias processuais penais, Serrano explicou que, depois do pós-guerra, a democracia deixou de ser somente a soberania popular e passou a ser também a defesa de direitos. “Não há democracia se não houver uma garantia eficaz dos direitos humanos”, argumentou.

O constitucionalista criticou ainda a associação dos direitos humanos à ideia de esquerda política. Conforme ele, o pensamento está mais associado à tradição liberal do que necessariamente com a esquerda. “Eu não tenho problemas se chamam isso de esquerda ou direita. Não é essa a questão. Mas, quando chamam isso de esquerda, demonstram que o ponto de vista é de extrema direita”, afirma.

Além do professor, outros advogados presentes na mesa também criticaram os últimos processos políticos, inclusive as decisões jurídicas referentes ao processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Ninguém quer que Lula seja tratado além de um cidadão, mas ninguém quer que ele seja tratado aquém de um cidadão, e é isso o que está acontecendo”, afirmou Juliano Breda, presidente da Comissão Especial do Direito de Defesa do CFOAB.

 

Para Marcelo Mota, presidente da OAB-CE, o debate é importante devido ao momento de crise política e econômica no País. “O STF, que deveria ser o guardião da Constituição Federal, muitas vezes tem sido palco de bate-boca entre ministros. Ministros esses que representam o mais alto escalão do Judiciário, mas que, por vezes, falham ao fazer embates de caráter pessoal. Isso enfraquece a jovem democracia do Brasil”, conclui.

 

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