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Palestra com especialistas discute transgeneridade no esporte

Uma mesa de discussão entre especialistas na questão de gênero e a inserção das pessoas trans no meio esportivo tomou conta do Teatro Cásper Líbero na manhã deste sábado, em São Paulo. Possuindo como base para a discussão a oposto Tiffany, do Bauru Vôlei, única atleta trans da Superliga, teóricos e estudiosos do tema explicaram [?]
13:45 | Mar. 17, 2018
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Uma mesa de discussão entre especialistas na questão de gênero e a inserção das pessoas trans no meio esportivo tomou conta do Teatro Cásper Líbero na manhã deste sábado, em São Paulo. Possuindo como base para a discussão a oposto Tiffany, do Bauru Vôlei, única atleta trans da Superliga, teóricos e estudiosos do tema explicaram qual pode ser o caminho para uma integração esportiva e, consequentemente, social dos transgêneros.

?A Tiffany nem jogou o último set de um jogo decisivo para o clube dela. Ela tem uma altura incomum, mas não improvável. Assim como a força?, avaliou Amara Moira, travesti doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp e autora do livro autobiográfico ?E se eu fosse puta?.

?Não há um legado histórico da transgeneridade no esporte, não sabemos os efeitos prós e contras da inserção desses atletas no esporte. É algo que só saberemos daqui uns 100 anos?, continuou Moira, que arrancou aplausos da plateia em meio ao seu discurso.

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Quem também esteve na mesa com ela foi Thomas Fernandes, universitário e professor de inglês, que adotou o triathlon e o duathlon como esportes e esse ano começou a treinar rugby em um time LGBT. ?Meus colegas não sabiam que eu era um homem trans e me quebraram no meio nos primeiros treinos?, recordou-se Fernandes, em meio a risadas.

?Acredito que o esporte, como fator social, é muito importante para acolher essas pessoas. É preciso criar regras para o esporte de alto rendimento, como o Comitê Olímpico (COI) já faz, mas acredito que isso pode se expandir ainda mais?, continuou o atleta.

Completaram a discussão Rachel Macedo Rocha, advogada, mestre em Ciências pela ECA-USP e especialista em Gênero e Sexualidade pela UERJ, e Renan Lucena, médico pernambucano, ator e LGBT. Composta quase integralmente por um público universitário, a plateia agradeceu aos palestrantes pela oportunidade de conversa pública sobre o tema.

?Não acredito que eu vá ver um time inteiro formado por atletas trans em toda a minha vida, mas fico imaginando essa possibilidade. O mais importante é que, tomando-se o cuidado para as partes mais difíceis, como vaias e piadas maldosas, o esporte continue como um meio em que a pessoa trans sinta que faz parte daquilo?, concluiu Moira.

Gazeta Esportiva

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