Atleta da Seleção Brasileira de Taekwondo sofre racismo no metrô de São Paulo
Em depoimento, o agressor alegou "estresse" como motivação do crime. Após o cumprimento de medidas cautelares, o autor dos ataques foi liberado
Lutador da Seleção Brasileira de Taekwondo, Gabriel Campolina dos Santos, conhecido como Mussum, foi alvo de violência física seguida de injúria racial na tarde desta quarta-feira, 15, na estação de metrô São Caetano do Sul, localizada no ABC paulista, em São Paulo.
Segundo informações do jornalista Demétrio Vecchiolli, o caso aconteceu enquanto Gabriel estava abraçado com uma amiga, quando o agressor, identificado como Matheus Cerqueira Santana, aplicou uma voadora por detrás do atleta. Logo após o golpe, Matheus começou a proferir insultos racistas contra Gabriel.
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Após os insultos raciais, Gabriel desferiu uma joelhada contra o agressor. Insistindo em ofensas contra o atleta de taekwondo, Matheus começou a ser linchado pela população que presenciou as falas criminosas e só foi protegido após intervenção da guarda municipal presente no local.
Os envolvidos no caso foram conduzidos à delegacia após o episódio. Em depoimento à polícia, a amiga de Gabriel, Sabrina Soares dos Reis Santos, disse que o agressor a perguntou: “Você não tem vergonha de estar com um cara negro?”.
Em declaração ao blog de Vecchioli, Gabriel relatou o ocorrido. “Ele virou pra mim e falou que eu estava me fazendo de vítima. E disse assim: ‘Você é preto e estava abraçado com uma pessoa branca’”.
O caso foi registrado como injúria racial e lesão corporal. Entretanto, após prestar depoimento, Matheus Cerqueira Santana teve liberdade provisória concedida pelo Tribunal de Justiça devido ao cumprimento de medidas cautelares. Na delegacia, Matheus teria alegado estresse como motivo da agressão.
Sobre o acontecimento, a Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) saiu em defesa de Gabriel e manifestou solidariedade ao atleta em nota. Por meio de suas redes sociais, o lutador declarou estar bem e se recuperando do ocorrido.
Confira a nota da CBTKD na íntegra:
Nós, Confederação Brasileira de Taekwondo, vimos por meio desta expressar nosso veemente repúdio e indignação diante da ofensa racista dirigida ao atleta Gabriel Campolina dos Santos. É inadmissível que em pleno século XXI, em uma sociedade que preza pela igualdade e respeito mútuo, ainda nos deparemos com atos tão repugnantes de discriminação racial.
A discriminação racial não só fere a dignidade humana, mas também vai contra os valores de justiça e igualdade que buscamos promover em nossa comunidade. Repudiamos veementemente qualquer forma de preconceito, seja ele racial, étnico, religioso ou de qualquer outra natureza.
Expressamos nossa solidariedade ao atleta Gabriel Campolina dos Santos e reiteramos nosso compromisso em combater ativamente o racismo e todas as formas de discriminação. É dever de todos nós lutar por uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todos possam viver livremente, sem medo de serem alvo de ódio e intolerância.
Devemos agir firmemente para garantir que casos como este não se repitam, e que os culpados sejam responsabilizados conforme a lei.
Encorajamos também a reflexão e o diálogo dentro de nossa comunidade, promovendo o respeito à diversidade e o entendimento mútuo como ferramentas essenciais na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Reiteramos nosso apoio a Gabriel Campolina dos Santos e a todas as vítimas de discriminação racial, e nos comprometemos a continuar lutando por um mundo onde o respeito e a dignidade de cada indivíduo sejam verdadeiramente valorizados.
Lembramos que o Comitê Olímpico Brasileiro disponibiliza cursos de combate ao racismo. Maiores informações em www.cob.org.br.