Ex-presidente do Fortaleza, Girão questiona SAF e diz que dívida pode chegar a R$ 100 milhões

Além do planejamento financeiro da SAF, Girão criticou ainda a contratação de "medalhões"

12:08 | Out. 20, 2025

Por: Lara Santos
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 11-09-2024: Sabatina do canditado a prefeitura Eduardo Girão do Novo na Radio O Povo CBN. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo) (foto: Samuel Setubal)

Ex-presidente do Fortaleza, o senador Eduardo Girão (Novo) lamentou a atual situação do clube e criticou a gestão da SAF. Em entrevista ao programa O POVO no Rádio, na manhã desta segunda-feira, 20, Girão apontou os fatores que, em sua visão, levaram o Tricolor do Pici à vice-lanterna da Série A.

“Eu fico muito triste com a situação como torcedor do Fortaleza, porque isso tudo poderia ter sido evitado se o clube tivesse mantido a linha de humildade e união. Sem colocar a culpa em um ou em outro, mas a soberba e a desunião infelizmente prevaleceram e aí perdemos nosso rumo”, lamentou o ex-mandatário.

Girão também criticou a mudança de perfil na formação do elenco. Segundo ele, a aposta em jogadores consagrados desestabilizou a harmonia da equipe nos bastidores.

“Sempre tivemos um elenco muito unido e compacto, sem estrelas. A partir do momento que começaram a trazer medalhões que já estavam no fim de linha do futebol, desarmonizou o time”, avaliou.

Dívidas do clube

Ainda durante a entrevista, o ex-presidente demonstrou preocupação com a situação financeira do Fortaleza e afirmou que o déficit nas contas do Leão pode chegar a R$ 100 milhões. Para ele, a implementação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) ocorreu de forma equivocada, não levando em consideração o futuro do clube.

“Eu me preocupo com essa dívida que pode chegar à casa dos R$ 100 milhões. Como é que vai ficar o Fortaleza no ano que vem? Muita gente vai ter que ser desempregada. Então tudo isso é um problema que a SAF construiu, com meu voto inclusive. O Fortaleza perdeu o timing de fazer a SAF e trazer investimentos para se segurar em momentos difíceis”, afirmou.

“A SAF, não sei se por vaidade, não aconteceu. Então fico muito triste com a situação, mas dei minha contribuição ao Fortaleza. Em 2017, o time estava em uma situação de dívidas muito menor do que está hoje. Hoje, minha preocupação como torcedor são as dívidas na Série B. Quando eu peguei o Fortaleza, a gente estava com dívida de duas folhas e meias de pagamento, mas deu para ajustar e conseguir trabalhar com uma folha salarial bem menor. Hoje tem uma estrutura gigante, mas infelizmente muita desarmonia”, finalizou Girão.

Procurado pelo Esportes O POVO sobre as declarações do ex-presidente, o Fortaleza não se manifestou até a publicação desta matéria.

Jade Romero rebate críticas

Vice-governadora do Ceará e esposa de Marcelo Paz, CEO da SAF do Fortaleza, Jade Romero (MDB) saiu em defesa da atual gestão do clube e rebateu as críticas feitas por Eduardo Girão. Ela classificou as declarações do ex-presidente como “oportunismo” e lembrou as dificuldades financeiras enfrentadas por ele durante sua passagem pelo Tricolor.

"Infelizmente, o oportunismo tomou conta da política. Mais uma vez o senador tenta usar o Fortaleza como seu trampolim político, na tentativa de ser o candidato ao governo da oposição. Além do acesso à série B e de deixar o clube com uma dívida de R$ 7 milhões com ele mesmo, e como garantia o (Everton) Cebolinha, na época único ativo do Fortaleza", disse Jade em declaração à coluna de Guilherme Gonsalves.

"Girão resolve virar uma metralhadora sobre gestão, o que atesta sua incapacidade como político, afinal, quase oito anos no Senado e não há nada que ele possa apresentar. Lembro ainda que quem pagou a dívida dele foi a atual diretoria, com o Marcelo à frente da gestão. O próprio Marcelo também emprestou dinheiro ao Fortaleza na época da pandemia, mas nunca publicizou isso, porque o bem não precisa de holofote”, concluiu.