Participamos do

José Neto analisa momento do país na NBA e agradece experiência na Seleção

A constante evolução do basquete brasileiro em âmbito nacional, visível na NBB, e até mesmo em ligas europeias não demonstra o mesmo aproveitamento na NBA. O número de atletas do país no basquete americano tem diminuído consideravelmente a cada temporada e o problema pode ser visto com relação direta à seleção, que se vê obrigada [?]
08:15 | Nov. 03, 2017
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

A constante evolução do basquete brasileiro em âmbito nacional, visível na NBB, e até mesmo em ligas europeias não demonstra o mesmo aproveitamento na NBA. O número de atletas do país no basquete americano tem diminuído consideravelmente a cada temporada e o problema pode ser visto com relação direta à seleção, que se vê obrigada a promover renovações intermitentes. Depois da eliminação na primeira fase dos Jogos Olímpicos, o ciclo Rubén Magnano à frente da Seleção Brasileira chegou ao fim e, juntamente com o argentino, José Neto, treinador de basquete do Flamengo, deixou os times nacionais depois de 14 anos de serviços prestados. Após um período de comissão técnica interina, a Confederação anunciou a contratação do croata Aleksandar Petrovic.

Uma das grandes expectativas era o seguimento do trabalho nas mãos de José Neto, mas o comandante Rubro-Negro acabou não sendo o escolhido para assumir o cargo deixado por Magnano. Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, o treinador revelou não ter nenhum tipo de mágoa ou sentimento ruim com a Confederação Brasileira por não ter sido o escolhido da vez, depois de tantos serviços prestados. Neto ainda disse só guardar coisas boas e gratidão de todos que comandam o basquete no país.

?Não ficou nenhum sentimento ruim ou mágoa com a Confederação e nem com ninguém de forma particular. Muito do que eu aprendi como técnico e à minha evolução se deve ao período que estive na Seleção. Sou realmente muito grato pelos 14 anos que fiquei lá e, a partir do momento em que o ciclo mudou, os dirigentes tem o direito de escolher quem eles realmente acham estar mais capacitado. Cabe a nós, que não fomos o escolhido, torcer pelo bem do basquete brasileiro?, afirmou José Neto.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

A oportunidade de ter no currículo passagens pela Seleção já é um motivo de orgulho para Neto, que afirmou nunca ter trabalhado para fazer parte da seleção. Segundo o comandante Rubro-Negro, trabalhar no time nacional é apenas uma consequência do trabalho no clube. ?Eu sempre comando meus times sem pensar em mais nada. Não vivo pela Seleção. Isso vem como uma consequência de um bom trabalho e já fico grato por ter sido valorizado com esse prêmio em algum momento da minha carreira?, disse. ?Eu desejo muita sorte ao basquete brasileiro, seja na mão de quem for. Só quero ver ele bem no cenário internacional e dando orgulho para torcedores, porque eu vivo disso e quando o basquete do Brasil está bem, quem trabalha com ele acaba só ganhando com isso?, completou o treinador.

Depois de trabalhar com Moncho Monsalve e Rúben Magnano, José alves dos Santos Neto analisou o novo treinador do Brasil e afirmou só esperar coisas boas do comandante. ?O Petrovic é de uma escola muito conhecida, do leste europeu, que possui o histórico de ótimos treinadores, gabaritados. Ele teve um bom desempenho nas Olimpíadas e no Eurobasket de 2015. Nos resta apenas esperar o que terá de diferente, visando sempre somar ao nosso basquete em nível nacional. Acredito que se a gente tirar o melhor de cada escola podemos ajudar o esporte de forma geral?, ressaltou o auxiliar técnico dos últimos Jogos Olímpicos.

Apesar da grande expectativa com Petrovic, principalmente pelos trabalhos que o treinador croata já liderou, Neto fez questão de valorizar os técnicos brasileiros e afirmou que a expectativa para um compatriota assumir o posto era muito grande. ?Eu realmente esperava que um brasileiro pudesse assumir a Seleção Brasileira neste momento de renovação. Temos treinadores muito capacitados no país e, na minha opinião, esse poderia ser o momento para essa tentativa. Já que isso não aconteceu e a Confederação optou por um estrangeiro, vou torcer para que dê certo e ele possa contribuir para o bem do basquete brasileiro?, disse José Neto.

A questão das diferentes escolas de basquete pelas quais o Brasil passou nos últimos anos é um ponto benéfico para o esporte da bola laranja. O treinador do Flamengo fez questão de valorizar os técnicos com quem trabalhou no time principal. ?Cheguei na Seleção em 2004 convidado pelo Lula Ferreira, a quem sou eternamente grato por ter me dado essa oportunidade de compor a comissão técnica da equipe adulta. Depois trabalhei com o Moncho (Monsalve) e com o (Rubén) Magnano e acho que os dois acrescentaram muito na maneira de como o Brasil joga hoje, porque é evidente que o país colhe a organização que eles implantaram no nosso basquete. O Moncho promoveu aquela ideia do estilo europeu, com um jogo mais cadenciado, e o Magnano deu bastante ênfase a defesa, motivo que o fez ser o escolhido para dois ciclos olímpicos?, frisou Neto.

O número de fãs da NBA no Brasil é algo que está crescendo consideravelmente. Entretanto, o número de atletas do país na liga americana diminui a cada ano. Além de contratos que chegaram ao fim, alguns acabaram dispensados por suas equipes. Essa situação difícil do basquete brasileiro na liga, para José Neto, está totalmente relacionada ao projeto de formação feito com os jogadores desde as categorias de base.

?A realidade é que nós não fazemos um projeto de formação consistente para esses atletas atingirem o nível da liga americana. Acredito que nós, técnicos, temos que assumir a responsabilidade e achar meios de evoluir nesse sentido. A ATBB (Associação de Treinadores do Basquete Brasileiro) está trabalhando nesse sentido, mas cabe a nós nos unirmos em pró do melhor rendimento dos atletas para termos um número maior de brasileiros em ligas como a NBA?.

A projeção para o futuro é considerada difícil pelo treinador do Flamengo, que só vê algo promissor com melhores políticas e projetos nesse sentido. ?Já tivemos momentos melhores na NBA. Chegamos a ser o terceiro país com mais atletas na liga e hoje esse número tem caído a cada temporada. Uma projeção para o futuro é difícil, porque depende das ações que forem pensadas em pró do basquete?, finalizou José Neto.

 

 

 

Gazeta Esportiva

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente