Análise: como joga o Independiente, adversário do Ceará na Sul-Americana

O Esportes O POVO analisou os confrontos do "Rey de Copas" e traçou quais as principais características táticas do time

Primeiro adversário do Ceará na Copa Sul-Americana, o Independiente-ARG é um dos clubes mais tradicionais da Argentina e vem de vitória na Copa da Liga Argentina, por 1 a 0, contra o Barracas Central. O triunfo, porém, foi o primeiro da equipe depois de uma seca de seis partidas sem vencer, com cinco empates no período.

Comandado por Eduardo Domínguez, o Independiente tem apenas duas vitórias em nove jogos sob o comando do jovem treinador argentino. O Esportes O POVO analisou os confrontos do “Rey de Copas” e traçou quais as principais características táticas do time.

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Sistema tático

O Independiente de Eduardo Domínguez atua preferencialmente em um 4-4-2, seja com dois volantes recuados e com dois meias abertos, ou no formato "diamante", com um jogador cabeça de área, dois meio-campistas pelo lado e um meia-atacante atrás dos dois homens de frente, que realizam tanto a função de presença de área quanto a de cair pelas pontas para dar suporte aos laterais, como é o caso de Damián Batallini.

A equipe costuma variar de sistema tático durante os jogos, a depender do adversário, e também no decorrer do confronto. Na partida contra o Córdoba, válido pela Copa da Liga Argentina, Eduardo Domínguez montou uma formação com três zagueiros e dois alas pelas extremidades no primeiro tempo, enquanto na segunda etapa voltou com um 4-4-2. Apesar da mudança na estrutura, os laterais continuaram com forte presença ofensiva.

Time base do Independiente-ARG
Time base do Independiente-ARG (Foto: Pedro Mairton)

Por vezes, o camisa 10, Soñora, é opção na equipe principal e atua próximo de Lucas Romero para dar sustentação na saída de bola. Geralmente entrando ao decorrer das partidas, o camisa 14, Lucas González, é uma opção na meia esquerda. O atacante Benegas também é bastante utilizado, alternando entre o time principal e reserva.

O colombiano Andrés Roa joga como meia-direita ou meia-atacante centralizado, a depender do sistema tático de momento, e é uma das principais peças da equipe no setor de criação de oportunidades de gol.

Saída de bola

O Independiente pode realizar a saída de bola tanto com os dois zagueiros e o volante um pouco à frente, dando opção de passe, como também pode fazer com os dois defensores centrais e o meia mais recuado fechando a linha.

Independentemente de sair com dois ou três jogadores, o meia Lucas Romero é o principal responsável pelo início da fase ofensiva da equipe. O camisa 29 busca se livrar da marcação e servir de opção para os zagueiros e laterais enquanto a equipe tenta sair para o jogo trocando passes curtos e procurando espaços para dar prosseguimento ao ataque.

No duelo contra o Central Norte, era comum o volante se posicionar e ficar alinhado aos zagueiros e acenar para o lateral direito, Alex Vigo, a avançar pelo lado do campo.

O volante realiza a saída de bola ao lado dos zagueiros com o intuito de liberar os laterais para o ataque
O volante realiza a saída de bola ao lado dos zagueiros com o intuito de liberar os laterais para o ataque (Foto: InStat)

Além disso, Romero pode progredir com passes curtos pelo meio-campo e posicionar-se mais adiantado em determinadas situações onde a equipe não encontra espaços na defesa adversária e busca superioridade numérica.

Em determinadas circunstâncias, Lucas Romero sai tabelando com os companheiros e avança com a bola, quebrando as linhas defensivas do adversário e servindo como opção mais a frente
Em determinadas circunstâncias, Lucas Romero sai tabelando com os companheiros e avança com a bola, quebrando as linhas defensivas do adversário e servindo como opção mais a frente (Foto: reprodução/InStat)

Fase ofensiva

No 4-4-2

Na fase ofensiva, o Independiente se porta em um 3-4-3, ou um 3-4-1-2, com Andrés Roa atrás dos dois atacantes e um dos laterais avançando para o meio, formando uma linha de quatro à frente da defesa e com o outro lateral, ou Lucas Romero, construindo o jogo.

formação do Independiente durante a fase ofensiva
formação do Independiente durante a fase ofensiva (Foto: reprodução/InStat)

O time opta pela troca de passes rápidos e dificilmente utiliza lançamentos buscando o atacante de referência. Para encontrar espaços, é comum os jogadores realizarem lançamentos e inversões à procura de companheiros melhores posicionados.

Os homens de lado da defesa de Eduardo Domínguez têm uma presença muito forte no setor de ataque. Conforme a equipe avança no campo do oponente, um dos laterais, seja o esquerdo ou o direito, posiciona-se como ponta e penetra os espaços, sendo acionado pela linha de fundo com frequência.

O gol marcado pelo meia-atacante Andrés Roa contra o Córdoba partiu dos princípios do treinador durante a fase ofensiva. A equipe recuperou a bola e trocou passes rápidos até encontrar Togni, que realizava a ultrapassagem na linha de fundo adversária, e cruzou rasteiro para o camisa 7 empatar o confronto.

Versátil, Gaston Togni atua como lateral-esquerdo, ala-esquerdo ou meia-esquerda, e é uma das principais válvulas de escape do time de Domínguez pelo lado do campo. O lateral-direito Alex Vigo também tem forte presença no ataque. O camisa 19, porém, é dúvida para o jogo devido a uma lesão na partida anterior.

Os laterais avançam rumo à defesa adversária e costumam ser presença ofensiva durante a construção de jogo e contra-ataques
Os laterais avançam rumo à defesa adversária e costumam ser presença ofensiva durante a construção de jogo e contra-ataques (Foto: reprodução/InStat)

No 3-4-1-2

Quando joga com três zagueiros, o Rey de Copas se porta em um 3-2-5 no momento da fase ofensiva, com os três zagueiros responsáveis pela saída de bola, e Lucas Romero e mais um volante à frente da trinca defensiva.

Escalação do Independiente contra o Córdoba no primeiro tempo
Escalação do Independiente contra o Córdoba no primeiro tempo (Foto: Pedro Mairton)

Desse modo, os alas atuam nas extremidades do campo, criando amplitude, e formam uma linha de cinco ofensiva com os homens de ataque.

Os dois alas criam amplitude para abrir espaços na defesa adversária e serem opções de passe pelo lado do campo
Os dois alas criam amplitude para abrir espaços na defesa adversária e serem opções de passe pelo lado do campo (Foto: reprodução/InStat)

Fase defensiva

4-4-2

Sem a bola, o Independiente se porta em um 4-4-2, com duas linhas de quatro e realiza uma marcação mista. Ou seja, quando um oponente é acionado, o jogador mais próximo do setor defensivo avança e realiza um encaixe individual.

O Independiente forma um 4-4-2 quando está sem a bola
O Independiente forma um 4-4-2 quando está sem a bola (Foto: reprodução/InStat)

Por vezes, quando um dos laterais realiza essa marcação, ao quebrar a linha de quatro, abre-se um espaço, que geralmente é ocupado pelo zagueiro. Nesse movimento, o zagueiro cobre a abertura do lateral e permite a abertura de um novo vácuo, desta vez pelo meio da defesa, que pode ser infiltrado por um dos homens de frente adversários.

3-4-1-2

Quando utiliza três zagueiros, o Independiente forma uma linha de cinco defensiva, com os dois alas fechando os espaços no lado da defesa e os três meias posicionados à frente.

Com três zagueiros, esta é a formação do Independiente quando está sem a bola
Com três zagueiros, esta é a formação do Independiente quando está sem a bola (Foto: reprodução/InStat)

Características defensivas

Seja no 4-4-2 ou no 3-4-1-2, Eduardo Domínguez não abre mão de algumas características da equipe quando está sem a posse de bola. O comandante ordena os jogadores a recuperarem a pelota a todo instante e orienta uma marcação forte, com a presença de muitos atletas concentrados próximos à região do adversário portador da bola.

Repare no números de jogadores do Independiente concentrados para executar a marcação na cobrança de lateral do rival
Repare no números de jogadores do Independiente concentrados para executar a marcação na cobrança de lateral do rival (Foto: reprodução/InStat)

Na saída de bola do rival, o time faz pressão e realiza encaixes que dificultam os passes dos jogadores de defesa e o obrigam a realizar lançamentos diretos, com o intuito dos “diablos rojos” brigarem pela bola aérea e recuperá-la ainda no campo de ataque.

Quando o adversário tenta jogar com passes curtos na defesa, Eduardo Domínguez orienta os atletas a encaixarem a marcação nas opções de passe do portador da bola
Quando o adversário tenta jogar com passes curtos na defesa, Eduardo Domínguez orienta os atletas a encaixarem a marcação nas opções de passe do portador da bola (Foto: reprodução/InStat)

Transições

Transição ofensiva

Quando recupera a bola e o adversário está desorganizado defensivamente, o Independiente contra-ataca em velocidade, com bastante apoio dos laterais no momento da transição ofensiva.

Porém, quando está construindo o jogo, a equipe ao perder a bola realiza a pressão pós-perda com o intuito de recuperar a posse o mais rápido possível e dar continuidade à fase ofensiva.

Como o Independiente joga trocando passes, é comum os atletas estarem servindo de opção a todo instante, e assim facilita a execução da estratégia de buscar retomar a bola no momento em que a perde.

Transição defensiva

O Independiente em muitos momentos ataca com um dos laterais, que chega a pisar na grande área em determinadas situações. Ao perder a bola e não conseguir realizar a pressão pós perda, a equipe se torna bastante frágil no momento que o adversário realiza o contra-ataque em velocidade.

Vale ressaltar que os meias mais avançados têm mais obrigações defensivas ao realizar o “perde e pressiona” do que recompor a defesa, o que torna a transição defensiva ainda mais frágil quando o oponente consegue espaços para progredir.

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