Coletivo das Torcidas LGBTQ ingressa no STJD contra Atlético-MG, Ceará, Corinthians e outros cinco clubes

Fluminense, Internacional, Náutico, Paysandu e Remo também foram incluídos na denúncia por cantos homofóbicos da torcida

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva comunicou o recebimento de sete Notícias de Infração envolvendo oito clubes brasileiros em função de cantos homofóbicos de suas torcidas. O material foi encaminhado para análise do Procurador-geral Ronaldo Piacente, que pode enquadrar as instituições no artigo 243-G por ato discriminatório.

Quem ingressou com as Notícias de Infração foi o coletivo de torcidas Canarinhos LGBTQ, que elaborou documento de 44 páginas, detalhando o que chamam de ações homofóbicas praticadas por torcedores, jogadores e presidentes dos clubes citados. No documento, são descritos e apresentados vídeos de episódios em que são realizados cânticos com palavras de cunho homofóbico.

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Onã Rudá, fundador do coletivo de torcidas Canarinhos LGBTQ, destaca que os estádios de futebol continuam sendo um ambiente violento para pessoas LGBTQIA+. “Temos dado passos na inclusão e diversidade no futebol, mas ainda temos muitos desafios, em alguns clubes do Brasil como aqui no Bahia que tem um trabalho forte, mas também no Vasco e Botafogo já é possível ver pessoas LGBTQIAP+ indo de forma tranquila e sem importunação assistir aos jogos, infelizmente essa não é a realidade da maioria das torcidas LGBTQIAP+”, ressalta.

Entre os episódios mostrados, há um caso do Ceará Sporting Club ocorrido durante o jogo contra o Corinthians, realizado no dia 25 de novembro, no Castelão. Segundo o Coletivo das Torcidas LGBTQ, em vídeo juntado, é possível ouvir um coro gigantesco gritando: "A tuf é gay" e "matador de leão e come c* de tufgay", se referindo ao clube adversário, Fortaleza. Há outros episódios narrados de partidas dos dias 14 e 17 de novembro, também da Série A. Através da assessoria de imprensa, o clube disse que aguarda a notificação da denúncia e que só irá se manifestar sobre o assunto após o fim do processo.

Outro caso relatado envolvendo um time nordestino é o Clube Náutico Capibaribe, em partida válida pela Série B diante do Sampaio Corrêa, no dia 15 de novembro, no Estádio dos Aflitos, em Recife-PE.

LEIA OS TEORES DA DENUNCIA

No dia 15 de setembro, na vitória do Flamengo por 2 a 0 sobre o Grêmio, no Maracanã, a torcida rubro-negra entoou cântico: "Arerê, gaúcho dá o c* e fala tchê". Os vídeos circularam nas redes sociais dias depois e chegaram ao Canarinhos LGBTQ+, que organizou um Observatório para coletar e encaminhar casos de LGBTfobia no futebol. A notícia de infração foi apresentada a Procuradoria, que acatou e denunciou o clube carioca e os árbitros da partida. 

A Primeira Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), então, decidiu pela multa de R$ 50 mil (50% do teto). Apesar de caber recurso, o clube acatou a decisão. Segundo a corte, foi a primeira punição a um clube por cantos homofóbicos.

Onã Rudá afirmou que o Canarinhos LGBTQ lançará em breve lançaremos o 1° anuário do observatório de LGBTfobia no futebol. O registro trará um conjunto de informações e dados sobre episódios que o coletivo mapeou. “O documento será um raio X com quase todos os episódios que envolvem pessoas LGBTQIAP+ e o futebol, tanto de forma positiva com as ações, iniciativas e pronunciamento dos clubes em datas especiais, quanto de episódios de LGBTfobia dentro e fora de campo.” explica Onã Rudá.

O Canarinhos LGBTQ é uma articulação nacional de torcidas que visa combater a LGBTfobia no futebol. Foi fundada por Onã Rudá, criador de conteúdo sobre diversidade e coordenador da área de esportes da Aliança Internacional LGBT. O coletivo reúne torcidas LGBTQIA+ dos seguintes clubes: ABC-RN, Vitória-BA, Paysandu-PA, Vasco-RJ, Bahia, Athletico Paranaense, Ceará, Cruzeiro-MG, Paraná, Corinthians-SP, Palmeiras-SP, Coritiba-PR e Santa Cruz-PE.

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