Dia das Crianças: há 10 anos, O POVO promovia jogo entre Ceará e 100 estudantes

Dez anos após partida comemorativa entre atletas profissionais e crianças do colégio Santa Cecília, ex-estudantes e jogadores destacam importância do evento, que promoveu uma maior proximidade entre clube e torcedores-mirins

Quando criança, garotos e garotas fãs de futebol sonham, seja por dez segundos ou por dez anos, em ser jogador. Entrar em campo para jogar pelo time do coração contra o maior rival rival e ouvir a torcida gritando seu nome são pensamentos que passam pela cabeça de muita gente na infância. Poucas são as oportunidades de realizar tal o sonho.

Dez anos atrás, entretanto, 140 crianças tiveram a oportunidade de serem jogadores de futebol por uma tarde. Era 7 de outubro de 2011 quando 140 alunos do colégio Santa Cecília foram ao estádio Presidente Vargas, onde não somente desafiaram, como também venceram uma equipe especial de jogadores Ceará, formada por craques e ídolos como Sérgio Soares, Fernando Henrique e João Marcos. A criançada venceu os marmanjos por 3 a 2.

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O evento foi promovido pelo O POVO, em parceria com o colégio e o clube, e ocorreu numa tarde bastante quente, entre às 13 e 15 horas. Com a torcida dos pais na arquibancada da praça esportiva hoje em reforma, 100 crianças entraram em campo para enfrentar Fernando Henrique; João Marcos, Michel, Rudnei e George; Paulinho, Sinho e Geovane; Epitácio, Roger e Sérgio Alves. Cada etapa do jogo teve 14 minutos. O primeiro tempo terminou com igualdade no placar: um gol foi marcado de cada lado.

No segundo tempo, 40 crianças foram substituídas, mas todas as 140 estavam em campo ao apito final, que selou a vitória do Colégio Santa Cecília em 3 a 2. Á época goleiro titular do Vovô, Fernando Henrique descreveu a experiência como inesquecível. "Nunca vi nada igual a isso, mas é bacana. São experiências que a gente vive e não tem como esquecer", falou o atleta ao O POVO após o embate. Aos 37 anos, o arqueiro encerrou a temporada 2021 pelo Oeste-SP.

Presente no jogo, o estudante e torcedor do Ceará, Leonardo Villar, hoje com 18 anos, recorda com carinho do duelo diante do time do coração. “Faz muito tempo desse dia, mas nunca vou esquecer. Foi um dia marcante, que eu tive a oportunidade de entrar em campo. Como eu era mais novo, eu admirava muito os jogadores. Foi inesquecível, eu lembro até hoje”, resume o jovem.

Leonardo já era torcedor do Vovô antes daquele dia, mas, segundo ele, o embate foi fundamental no fortalecimento da relação com o clube, com o estádio cearense e com o futebol no geral.

“Jogar no PV foi muito legal. Eu costumava ir ver o Ceará jogar no estádio. Entrar dentro de campo e jogar contra o time foi inexplicável. Pisar no gramado do PV e não somente ficar na arquibancada foi muito bom. Aquele jogo com certeza me motivou mais a seguir esse caminho de acompanhar futebol constantemente. Teve muita influência, pois me deixou mais interessado por futebol", frisa.

Capa do O POVO em 12 de outubro de 2011
Capa do O POVO em 12 de outubro de 2011 (Foto: O POVO.doc)

Mas ele não foi o único a recordar do duelo. Do outro lado do campo, com uniforme laranja, estava João Marcos, que hoje é coordenador de captação do clube e trabalha principalmente nas divisões de base. O ex-volante, que defendeu a camisa alvinegra por oito anos, falou com O POVO sobre o evento. Para ele, experiências como aquela promovem uma inclusão social necessária ao esporte nos dias atuais.

"Totalmente válido esse tipo de experiência. As crianças se realizam, os pais ficam felizes, principalmente se for o time do coração que o filho está jogando e brincando contra. Sou a favor de, no Brasil todo, os clubes terem uma responsabilidade social e usar o futebol como arma de inclusão social. O futebol absorve todo tipo de pessoa, qualquer classe social, e acredito que esse tipo de experiência é totalmente válida”, destaca.

Capa do caderno de esportes do O POVO em 12 de outubro de 2011
Capa do caderno de esportes do O POVO em 12 de outubro de 2011 (Foto: O POVO.doc)

Recordando a derrota por 3 a 2 contra 140 crianças, o ex-jogador tem como principal lembrança do dia o sorriso que viu no rosto das pessoas presentes no evento.

"O que mais me marcou aquele dia foi a alegria das crianças. Eles jogaram contra atletas profissionais num estádio oficial, que recebe jogos do Campeonato Brasileiro. Você olhava a fisionomia das crianças e dos pais que estavam juntos e a gente ficava muito feliz em ter participado daquilo. É muito bom presenciar como o futebol é maravilhoso, que em algumas ações a gente pode alimentar o sonho de uma criança e isso nos deixa muito marcados, lembrar daqueles gols e ver que a gente, de alguma forma, conseguiu fazer com que o dia deles fosse mais alegre”, pontuou João Marcos.

Veja fotos do duelo entre Ceará x 100 crianças:

De onde veio a ideia da partida

Editor do caderno de Esportes do O POVO em 2011, o jornalista Rafael Luis Azevedo, hoje gerente da rádio FM Assembleia e dono do blog Verminosos por futebol, foi o autor da ideia do embate, inspirada em uma experiência feita no Japão com o time do Cerezo Osaka. O duelo japonês também terminou com vitória das crianças, desta vez por 2 a 0. Esse jogo ocorreu em 2010, mas pouco se sabe sobre essa partida em específico.

Em entrevista ao O POVO, Rafael relembrou que tinha o costume de pensar em pautas diferentes e que teve ajuda dos então repórter Emanuel Macêdo e Ana Flávia Gomes. "Na época, eu era editor e tinha um costume de pautar esquisitices, coisas que saíssem do factual. A ideia era fazer algo em homenagem aos dias das crianças envolvendo-as. Dois repórteres estiveram envolvidos, Emmanuel Macêdo e Ana Flávia Gomes. A ideia era juntar 100 crianças de alguma escola e o Colégio Santa Cecília levou 140 crianças e convencemos o Ceará a partir", disse.

O jornalista também recordou que haviam meninos e meninas em campo e que alguns deles rememoram do evento até os dias atuais. "Tinha meninos e meninas. Foi muito divertido. Tenho contato com meninos que participaram e até hoje eles relembram disso. Foi um grande prazer pra eles jogar no PV contra ídolos", falou. 

Tradição japonesa

 

A disputa entre jogadores profissionais e 100 ou mais crianças acabou por se tornar uma tradição de ano-novo no Japão, de acordo com matéria do jornal britânico Daily Mail. De lá para cá, diversos atletas japoneses entraram em campo para jogar contra centenas de crianças no período final do ano.

O jogo mais recente documentado ocorreu em 2018, quando os jogadores Hotaru Yamaguchi, Hiroshi Kiyotake e Yosuke Ideguchi entraram em campo e venceram 90 crianças por 2 a 1.

 

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