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Curiosidades da Copa do Mundo: quando política e futebol se misturam

22:34 | Mai. 31, 2018
Autor Samuel Pimentel
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Samuel Pimentel Jornalista no OPOVO
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Tipo Notícia
Faltam 14 dias para a Copa do Mundo 
[FOTO1]Na história das Copas do Mundo ocorreram momentos em que política e futebol se misturaram, e em alguns casos cenas lamentáveis foram protagonizadas.
 
 
Confira a lista das histórias mais chocantes e um caso que surpreendeu:
 
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Líder fascista manipulou a Copa do Mundo de 1934

Cá está Mussolini nos holofotes da Copa do Mundo. No Mundial organizado em seu país, em 1934, ele tomou providências para que a festa fosse italiana. A competição foi banhada de polêmicas. Foi praxe ver o líder fascista se reunir com os árbitros antes das partidas. Nos jogos, expulsões, gols anulados, todas em favor da Itália, que chegou à final.

No último jogo, Benito Mussolini deu uma ordem clara para o treinador italiano Vittorio Pozzo: "vencer ou morrer". Inevitavelmente a Itália foi campeã em casa. O ditador fez da Copa propaganda do regime fascista com êxito.

 
Time alemão faz saudação nazista durante o hino nacional na Copa de 1938

À beira da 2ª Guerra Mundial, a Copa do Mundo de 1938, na França, recebeu 90% de seleções européias e ficou conhecida como a "copa menos mundial".

Somente Brasil e Cuba fizeram parte do torneio além dos europeus. Por sinal, a Europa não vivia seu melhor momento. A animosidade era clara e se acirrou ainda mais quando a Alemanha anexou a Áustria e a seleção do país chegou à França com um selecionado de jogadores dos dois países.

O que piorou o clima ainda mais foi o momento que foi tocado o hino nacional alemão pela primeira vez na competição. O time germano-astríaco inteiro fez a saudação nazista que chocou o planeta.
 

Espanha impedida de jogar por causa de guerra

A Espanha tinha um dos melhores elencos da Europa e iria à Copa do Mundo de 1938 como favorita. No entanto, a seleção ibérica nem chegou a pisar em solo francês após ser impedida de participar do torneio por conta de uma guerra civil que arrasava o país.

Os aliados espanhóis, Alemanha e Itália, observavam de perto a situação, assim como França e Inglaterra reprovavam a guerra. Essas mesmas alianças foram vistas pouco tempo depois, já num campo de batalha da 2ª Guerra Mundial.

 
Imprensa italiana celebra vitória sobre o Brasil com teoria fascista

Chegando à Copa do Mundo de 1938, na França, defendendo o título no futebol e o orgulho fascista de um regime que se fortalecia rumo à 2ª Guerra, a Itália mais uma vez chocou o mundo por duas razões ligadas à política.

Em jogo contra os donos da casa - França -, os italianos precisaram usar uma camisa alternativa, já que os dois times usam camisetas azuis, e a escolhida foi a cor que representava o regime fascista: o preto.

A segunda e mais séria polêmica aconteceu no jogo contra o Brasil. No campo, a Itália venceu o que rendeu comentários lamentáveis de jornais italianos. Um deles chegou a escrever: “Saudamos o triunfo da inteligência branca italiana sobre a força bruta dos negros".

A Itália foi bicampeã mundial, com direito a recorde do treinador italiano Vittorio Pozzo se tornando o primeiro e único técnico bicampeão, mas a Copa do Mundo em 1938 foi lastimável por questões políticas.

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Seleção brasileira de 1970, o orgulho do regime

A relação do Brasil se estreitou com o regime militar após o treinador João Saldanha, que havia classificado o Brasil para a Copa do Mundo de 1970, ser demitido poucos meses antes do Mundial. O escolhido pela CBD foi Zagallo, bicampeão do mundo e um símbolo do futebol nacional.

Pouco antes da convocação final para a Copa do Mundo, o presidente Emílio Médici deu uma entrevista em que "pedia" a convocação de Dadá Maravilha para o Mundial, o que foi acatado pelo novo treinador Zagallo. Depois ficou claro que havia sido por essa questão que Saldanha foi demitido: ele não iria chamar Dadá, que nunca fora convocado antes para Seleção.

O treinador de personalidade forte chegou ao ponto de dizer que Médici deveria se preocupar em "escalar o ministério" e deixar a escolha dos 23 da Seleção com a comissão técnica. Além da "questão esportiva", o regime também suspeitava que Saldanha levava para viagens internacionais documentos que comprovariam a ditadura e a tortura no Brasil.

O próprio Dadá Maravilha reconheceu ao Zero Hora, que a entrevista de Médici "ajudou" na sua convocação para a Copa do Mundo no México.

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Estados Unidos x Irã

Após o sorteio que definiu os grupos da Copa do Mundo de 1998, eram esperadas faíscas no jogo que colocaria Estados Unidos versus Irã. Depois de tensões políticas que iniciaram na Revolução Islâmica, os americanos passaram a ser odiados por parte radical do Irã.

Mas, as faíscas do pré-jogo não se transformaram em fogo dentro de campo, pelo contrário. Antes da partida, jogadores iranianos ofereceram flores aos norte-americanos e posaram para fotos juntos. Na partida em si, jogo mais tranquilo, e no fim, zebra: o Irã venceu por 2 a 1 - a única vitória persa na história das Copas - para delírio do povo árabe.

PS: As duas seleções pernaceram unidas até mesmo no fim da fase de grupos, sendo eliminadas juntas como as últimas colocadas do grupo que ainda tinha Alemanha e Iugoslávia.
 

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