Caso Daniel Alves: como foi o primeiro dia de julgamento

Atleta será julgado até quarta-feira, 7, em processo de acusação de estupro a uma mulher no banheiro de uma boate em dezembro de 2022, em Barcelona, na Espanha

O jogador Dani Alves começou a ser julgado nesta segunda-feira, 5, por supostamente ter estuprado uma mulher no banheiro de uma boate em dezembro de 2022, de quem a Justiça tenta preservar a identidade em um processo de grande repercussão.

A jovem prestou depoimento a portas fechadas durante pouco mais de uma hora em um tribunal da Audiência Nacional (principal instância judicial da Espanha), em Barcelona, sem "contato visual com o réu", segundo o despacho dos magistrados, para proteger sua identidade. A voz e a imagem da vítima também foram distorcidas em uma gravação para uso exclusivo dos juízes para evitar qualquer vazamento.

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O processo, que deve se prolongar até a quarta-feira e foi acompanhado por dezenas de jornalistas, será retomado na terça-feira, às 14 horas (11 horas no horário de Brasília).

Saiba detalhes do 1° dia de julgamento do Daniel Aves

Com um semblante sério e vestido com camisa branca e calça jeans, o ex-jogador da Seleção Brasileira acompanhou a sessão na primeira fila, sentado ao lado de um policial. O atleta, preso há mais de um ano, é acusado de ter estuprado a jovem no banheiro da boate Sutton, em Barcelona, na noite de 30 para 31 de dezembro de 2022.

O Ministério Público o denuncia por crime de "agressão sexual com penetração", pede nove anos de prisão e uma indenização de 150 mil euros (801 mil reais na cotação atual) para a vítima, além de mais uma década de liberdade supervisionada após cumprir a pena.

De acordo com o texto da acusação do MP, o incidente ocorreu em uma sala reservada na casa noturna em que o jogador já frequentava. Ele estava acompanhado por um amigo e havia conhecido a vítima, que estava com uma prima e uma amiga. Após convidá-las para beber champanhe, o ex-lateral da Seleção Brasileira teria chamado a jovem para entrar em outra área exclusiva onde ficava o pequeno banheiro, o qual ela desconhecia.

Segundo o MP, o ex-jogador do Barcelona teria demonstrado uma "atitude violenta", agredindo a mulher. Ela teria sido forçada a manter relações sexuais, apesar de sua resistência."A vítima reiteradamente pediu que a deixasse ir embora, que queria sair dali, o que o réu não permitiu", indica o texto, afirmando que a jovem viveu uma "situação de angústia e terror".

Essa versão foi corroborada pela amiga da denunciante nesta segunda-feira, que descreveu que Alves apresentava uma "atitude babaca". Com sua amiga, o comportamento do jogador foi "mais obsessivo", recordou a jovem, que desatou a chorar ao lembrar como a denunciante lhe havia pedido "chorando desconsolada" para que fossem embora depois de sair do banheiro, dizendo-lhe que Daniel Alves lhe havia causado "muitos danos".

A jovem, que após receber atendimento médico denunciou os fatos em 2 de janeiro de 2023, sofre atualmente "um transtorno de estresse pós-traumático de intensidade elevada", pelo qual se encontra em tratamento, indica o Ministério Público.

"Ela não dorme, tem que tomar remédios (...) começou a tomar antidepressivos", contou sua prima durante depoimento, no qual indicou que a vítima "quase não sai de casa" depois do ocorrido.

O jogador, que inicialmente negou conhecer a jovem, mudou sua versão diversas vezes. Acabou, por fim, admitindo que tiveram relações sexuais, mas consensuais, e alegou que se mentiu no início, foi para tentar salvar seu casamento.

Seu depoimento será o último a ser ouvido pelos magistrados, na quarta-feira.

A Audiência Nacional negou em diversas ocasiões os recursos de liberdade provisória solicitados pelos advogados do atleta, alegando, entre outros motivos, o risco de fuga. A possibilidade de um acordo entre as partes, que poderia ter implicado um hipotético reconhecimento de culpa por parte de Alves e uma indenização à vítima, em troca de uma redução parcial da pena, tem, no entanto, ofuscado o caso até o início do julgamento.

No final de novembro, a advogada da vítima, Ester García, negou que tenha chegado a um acordo com a defesa do jogador, mas que houve "conversas" a pedido dos advogados do atleta, nas quais se constatou a "impossibilidade de chegar a qualquer entendimento".

O jogador, que fez parte do vitorioso Barça de Messi e Guardiola, estava de férias em Barcelona após a Copa do Mundo do Catar. Horas depois de sua entrada na prisão, seu time, o Pumas do México, rescindiu seu contrato.

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