Secel propõe grama sintética no PV, mas clubes divergem e sugerem "blindagem" ao estádio

Apesar de não ter o termo "arena" em seu nome oficial, o estádio Presidente Vargas é equipamento multiuso. Além das partidas de futebol, a praça esportiva do bairro Gentilândia costuma receber outros esportes e os mais variados eventos. Mais recentemente, chegou a virar hospital de campanha durante cinco meses, no até então momento mais delicado da pandemia do novo coronavírus em Fortaleza.

A nobre missão impactou diretamente no gramado do PV e agora, sem o hospital de campanha e com licitação concluída para recuperação e reforma do gramado, o estádio deve ser disponibilizado em breve novamente para a prática esportiva. Pensando na conservação do novo “piso” a ser feito, no entanto, a Secretaria de Esporte e Lazer do Município (Secel) reuniu os presidentes de três clubes cearenses e da Federação Cearense de Futebol para propor a instalação de grama sintética na praça esportiva.

"Os técnicos levantaram preocupações em relação à durabilidade do gramado, porque o PV tem (recebe) muitos eventos, bem mais que o Castelão. Eventos profissionais, amadores, encontros, eventos religiosos, com palcos e a madeira ali prejudica. O Castelão, que é mais blindado (não sedia tantos eventos), já tem suas dificuldades com gramado", explicou o novo secretário do Esporte e Lazer, Ozires Pontes. A proposta, então, seria colocar a mesma grama sintética do Allianz Parque, que é aprovada pela CBF e Fifa. A empresa que ganhou a licitação para reformar o gramado do PV, inclusive, é a mesma que implantou o "tapete" do estádio do Palmeiras.

Robinson de Castro, presidente do Ceará, Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, e Newton Filho, do Ferroviário, assim como Mauro Carmélio, presidente da FCF, compareceram à reunião convocada pelo titular da Secel, realizada na terça-feira, 19, e opinaram sobre o tema. Houve unanimidade em declinar a sugestão e manter a ideia original de instalar a grama do tipo bermuda celebration, a mesma utilizada no Castelão.

"Eu achava que não seria interessante tomar essa decisão de forma isolada, sem a participação deles. Até porque, na prática, no dia a dia, eles sabem o que agrada mais", justificou Ozires, que também convidou o presidente do Floresta, mas não obteve retorno. Como sugestão, os dirigentes presentes pediram para que o secretário tentasse "blindar" mais o PV — ou seja, priorizar a utilização do equipamento para os jogos de futebol, a fim de evitar mais desgaste do gramado.

“Temos 76 areninhas e vamos inaugurar mais 10 nos próximos seis meses. Eles sugeriram que a gente tentasse migrar muitos desses eventos para esses equipamentos, que possuem gramado sintético, e deixasse o PV mais para os jogos do futebol cearense”, relatou o titular da Secel.

A reforma do gramado do PV está orçada em R$ 1.946.899,79 e serão feitos, além do gramado em si, serviços de drenagem e a instalação de sistema de irrigação automatizado. A obra deve durar cerca de seis meses, mas ainda não há previsão de início. Falta apenas, porém, a homologação e publicação na Central de Licitações da Prefeitura de Fortaleza (CLFOR) para que a ordem de serviço seja dada pela Secretaria de Infraestrutura do Município (Seinf).

O estádio Presidente Vargas está incluso no plano de vacinação de Fortaleza como um dos pontos de imunização. Ao O POVO, a Secel disse que isso não inviabiliza o início das obras, mas ainda não há uma data definida.

Além do gramado, o secretário debateu com os dirigentes outros assuntos ligados à pasta que estão diretamente relacionados ao futebol e solicitou que os clubes cedessem alguns de seus jogadores profissionais para participar do programa Atleta Cidadão, realizado pela Prefeitura de Fortaleza, que leva atividades de esporte e lazer para algumas comunidades com a presença de esportistas. Os presidentes dos três clubes estiveram de acordo.

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