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Raimundo Fagner lembra ligação de Maradona às 2 horas da manhã

Maradona chamou o artista cearense para uma noitada no Rio de Janeiro, nos anos de 1980, no auge da carreira como jogador

Eram duas horas da manhã. O telefone toca. Atordoado, o cantor cearense Raimundo Fagner acorda, em sua casa no Rio de Janeiro, e atende. Do outro lado da linha fala o eufórico argentino Diego Armando Maradona, no auge da carreira nos anos de 1980.

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Em entrevista ao O POVO, Fagner relembra a marcante ligação do maior ídolo do futebol argentino, que morreu nesta quarta-feira, 25, após uma parada cardiorrespiratória. Maradona conheceu a música do cearense por influência de César Luis Menotti, primeiro técnico do Pibe de Oro na seleção nacional.

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Na época, o cantor via a carreira decolar na América Latina, em especial na Argentina, em meio à parceria com Mercedes Sosa, uma das cantoras mais famosas do país. Os dois gravaram juntos "Años" para o álbum Traduzir-se (1981), do cearense.

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"Ele me ligou de madrugada, me convidando para uma noitada. 'Raimundo, venha cá, o Menotti te ama!'. Eu nunca esqueci. Ele disse que aprendeu a gostar de mim por causa do Menotti. Eu falei pra ele que estava tarde e que a gente se via no outro dia", contou Fagner.

Na manhã daquele mesmo dia, Maradona causaria alvoroço na Praia de Copacabana ao jogar futevôlei, atraindo multidão. O eterno craque argentino estava de passagem pelo Rio de Janeiro para uma partida festiva em comemoração ao retorno de Zico ao Flamengo.

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"Eu lembro perfeitamente do sotaque, da maneira carinhosa de falar. Ele foi logo se identificando. Eu estava fazendo muito sucesso na Argentina. O Menotti era da minha geração e ídolo dele."

Apesar do convite, Fagner não encontrou o craque argentino no Rio de Janeiro. Os dois acabaram nunca se encontrando pessoalmente, mesmo com outras duas oportunidades no Brasil e na Argentina. O motivo central foi a amizade do músico com Pelé e, principalmente na época, com Zico, devido à concorrência e rivalidade criada entre os craques brasileiros e o Diez argentino.

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"O personagem Maradona se tornou protagonista entre os gênios. Um dos maiores. Tive três oportunidades de encontrá-lo, mas por conta da animosidade com Zico e Pelé, eu evitei, infelizmente. Teve um célebre comercial com Zico e Maradona, da Coca-Cola. Não era muito legal porque tratava esse coisa com concorrência entre eles. Eu evitava porque podia sair uma foto com ele (Maradona) no jornal. Foi uma preocupação boba", afirma.

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Para o músico, que tem forte ligação com o futebol e amizade com grandes nomes do esporte, as polêmicas vivenciadas por Maradona nunca tiraram o brilho do que fez o jogador dentro de campo. "Ele representa bem o argentino, do lado tango, da tragédia que confunde entre o lado humano e da genialidade. Reforçou que os mitos também são humanos."

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