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Sírio em Fortaleza sonha em torcer pela própria seleção na Copa do Mundo

Desde 2014 vivendo em Fortaleza, o sírio Samer Badeen, 26 anos, deixou o país de origem por causa da guerra civil, se formou em Economia na Capital cearense e abriu um fast food de comida árabe
16:41 | Out. 09, 2017
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[FOTO1] Devastada pela guerra civil iniciada em 2011, a Síria superou as dificuldades e está próxima de conquistar uma vaga na Copa do Mundo na Rússia em 2018. A seleção disputa nesta terça-feira, 9, às 6 horas, o segundo jogo de mata-mata contra a Austrália na repescagem das Eliminatórias da Ásia. Entre os milhares de torcedores sírios que estarão ligados na partida, um deles estará torcendo de Fortaleza pelos compatriotas.
%2b Sonho Sírio de chegar à Copa do Mundo nunca esteve tão próximo

Desde 2014 vivendo em Fortaleza, o sírio Samer Badeen, 26 anos, deixou o país de origem por causa da guerra civil, se formou em Economia na Capital cearense e abriu há um mês o fast food de comida árabe Laziz Arabic Food junto com o amigo libanês, Tony Moussa, 45. Fanático por futebol, Samer não perde um lance da Seleção Síria, nem de equipes como Real Madrid e Corinthians. Ele não esconde a felicidade sobre a possibilidade de torcer pela primeira vez pela própria seleção em uma edição de Copa do Mundo.

"Foram anos só de tristeza e notícia ruim. Agora todo mundo está junto torcendo pelo time. Tem unido o país, é a única alegria. Sempre torcia por outras seleções na Copa. Imagina torcer pelo meu país agora", comentou Samer em entrevista ao Esportes O POVO.

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Três jogos separam a Síria da Copa. Mesmo próximo do torneio, a missão não é nada fácil. Eliminando os australianos, os sírios ainda terão o último confronto decisivo contra o quarto colocado das Eliminatórias da Concacaf na repescagem intercontinental, valendo o passaporte para o Mundial.

%2b Seleção de futebol da Síria divide opiniões

Entretanto, o time já está acostumado com as dificuldades. Foi assim em toda a caminhada nas Eliminatórias da Ásia até o momento. Por causa da falta de segurança com a guerra, a Seleção não pôde fazer seus jogos com mando de campo dentro do país após determinação da Fifa.

“A Seleção tentou países vizinhos, ninguém aceitou. Pelo menos nestes países teríamos torcida. Só achamos a Malásia. A Seleção não tinha dinheiro nem para investir em amistosos para se preparar. Os jogadores tiveram que se entrosar no jogo. Mesmo assim conseguiu passar (para a repescagem)”, contou Samer.

Para o empreendedor, ninguém na Síria esperava o time ir tão longe nas Eliminatórias. Samer explica que o esporte tem unido o país.

“Com quase sete anos de guerra, o país ficou dividido. Mas agora está todo mundo junto. Ninguém está nem aí. Todos estão torcendo pelo time do país, unidos por causa do futebol. Tinha jogadores contra o governo, tiveram que sair por causa disso. O governo os chamou de volta, eles voltaram. Significa muito essa união”.

Vinda ao Brasil

Samer vivia em Damasco, Capital da Síria. Ele precisou deixar os irmãos, os pais e amigos para buscar melhores condições no Brasil. O sírio acabou escolhendo Fortaleza porque um primo já morava na Capital cearense. "Eu saí por causa da guerra. Estudava economia lá e teria que servir ao Exército depois de terminar a faculdade. Acabei terminando os estudos aqui em Fortaleza".

Segundo Samer, a atual situação da Síria está mais "tranquila" do que no início da guerra civil. "Estava horrível quando eu saí. Falo todos os dias com minha família e meus amigos. Era muito complicado. Nunca presenciei, mas sempre escutava bombas, sabia de um parente que havia morrido ou algo que havia acontecido a um amigo".

A Síria é governada pelo regime ditatorial de Bashar Al-Assad. A guerra civil no país envolve conflitos entre governistas, rebeldes e grupos terroristas como o Estado Islâmico. Os confrontos já mataram mais de 400 mil pessoas e deixaram mais de 5 milhões de refugiados, segundo estimativa da BBC e dados da ONU.

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