Weintraub diz que discurso de Bolsonaro é de quem "sabe que perdeu" e "não quer ser preso"
Ex-ministro comentou as recentes declarações do presidente em caso de derrota nas eleições
O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (PMB) comentou as recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmando que pretende “passar a faixa” e “se recolher” em caso de derrota nas eleições presidenciais de 2022. Para o político, a fala do chefe do Executivo demonstra o discurso de quem "já sabe que perdeu o pleito e não quer ser preso".
Weintraub analisou, em vídeo, a participação de Bolsonaro na entrevista ao podcast Collab, produção voltada para o público evangélico. Ele afirma que não somente as palavras usadas pelo chefe do Executivo, mas também seu olhar, tom de voz e expressões surpreenderam, indicando aspectos de um “perdedor”, em um “discurso tão fraco, tão ruim e sem energia”.
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O ex-ministro foi um dos principais aliados do político durante seu mandato. Ele assumiu o Ministério da Educação entre abril de 2019 e junho de 2020. No entanto, o ex-chefe da Educação, que disputa vaga na Câmara dos Deputados por São Paulo, chegou a dizer que Bolsonaro é “desonesto”, “mentiu” para o povo e se juntou aos “porcos”, em críticas à sua aliança com o Centrão.
"Para mim esse discurso é de quem perdeu as eleições e está querendo se recolher, ficar em paz, sem ser preso, ameaçado. Fechou um acordo (e disse): 'ô, estou saindo de campo, passo a faixa, me deixa em paz”', ressaltou Weintraub sobre o discurso do político.
Para o ex-ministro, o tom de Bolsonaro não é motivado apenas por seu principal rival, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estar à frente nas pesquisas de intenção de voto. De acordo com o Agregador de Pesquisas do O POVO, ferramenta que reúne os levantamentos eleitorais e as tendências de voto deste ano, o petista tem 44%, dez pontos percentuais a mais que o atual chefe do Executivo, que tem 34%.
Na avaliação do ex-titular da Educação, o presidente teme que novos escândalos envolvendo sua gestão e seus filhos apareçam. Ele cita o caso mais recente em que uma matéria do UOL revelou que cerca da metade dos bens do candidato, que disputa a reeleição para a Presidência, e seus familiares foi adquirida nos últimos 30 anos com uso de dinheiro em espécie.
Conforme a reportagem, desde a década de 90 até 2022, Bolsonaro, os filhos, os irmãos, a mãe e até ex-esposas compraram 107 imóveis. Desse total, 51 tiveram a negociação concluída em dinheiro vivo.
Sobre o chefe do Executivo dizer que "perdeu a linha" em algumas declarações durante a pandemia da Covid-19, Weintraub afirma: "Não acho que ele viu toda a quantidade de bobagens que ele fez, deu remorso, isso não". Durante entrevista ao podcast, Bolsonaro fez ‘mea culpa’ por falas durante a pandemia. Ele afirma que, ao ter dito que não era "coveiro" quando questionado sobre mortes pela Covid-19, “deu uma aloprada” e “perdeu a linha” quando fez as afirmações.
“Ai eu me arrependo. Eu parei de falar com a mídia porque o seguinte, os caras batiam na tecla o tempo todo e eu não percebo que queriam me tirar do sério. Aí quando começou... o cercadinho, pode ver, não é mais lá fora, é lá dentro, só com o povo”, disse o político na ocasião.