Entenda fala de Tebet sobre apoio de Bolsonaro a assassino da deputada Ceci Cunha
Candidata do MDB lembrou votação na Câmara em que Bolsonaro foi contra cassação do deputado Talvane Albuquerque, que mandou matar deputada
No debate presidencial do último domingo, a candidata do MDB, Simone Tebet, lembrou o caso do assassinato da deputada federal Ceci Cunha, em 1998, em Maceió (AL). Ela destacou que o presidente Jair Bolsonaro (PL), à época deputado federal, votou contra a cassação do mandante do crime, o ex-deputado Talvane Albuquerque, condenado a 103 anos de prisão.
“O candidato Bolsonaro, como deputado, defendeu o assassino de uma mulher”, disse Tebet em pergunta endereçada ao presidente, no bloco de confronto direto entre os candidatos. Na resposta, Bolsonaro evitou comentar a acusação: “Me acusa sem provas nenhuma”, disse.
Em seguida, o presidente desconversou sobre o assunto ao relacionar a fala de Tebet à defesa de um estuprador. “Começa dizendo que eu defendi um estuprador, qual? Por que essa forma barata de me acusar como se eu não gostasse de mulheres?”, afirmou ele, emendando a resposta citando ações desenvolvidas pelo seu governo relacionadas à agenda feminina. Na réplica, Tebet não voltou a tratar sobre a acusação.
O assassinato de Ceci Cunha foi relembrado um dia antes do debate pelo deputado federal André Janones (Avante), em publicação nas redes sociais. Ele compartilhou um vídeo em que Bolsonaro aparece discursando na tribuna da Câmara contra a cassação de Talvane Albuquerque.
A defesa de Jair Messias Bolsonaro ao assassino de duas mulheres, e detalhes inéditos dos crimes:
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32) pic.twitter.com/VINQYJSXwi— André Janones 7040 (@AndreJanonesAdv) August 28, 2022É + que streaming. É arte, cultura e história.
“Eu fico com a minha consciência pesarosa para votar pela cassação desse parlamentar, porque amanhã qualquer um de nós pode estar no lugar dele. É mais do que uma cassação de um mandato, praticamente nós estamos condenando o Talvane Albuquerque como sendo o mentor do assassinato de uma companheira”, discursou Bolsonaro à época.
A fala de Bolsonaro ocorreu três meses após o pistoleiro Maurício Novaes, apelidado de “Chapéu de Couro”, confessar que matou Ceci Cunha a mando de Talvane. Além da deputada, também foram assassinados o seu marido, Juvenal Cunha da Silva; o cunhado, Iran Carlos Maranhão Pureza; e a mãe de Iran, Ítala Neyde Maranhão.
O crime aconteceu no dia 16 de novembro de 1998, data em que Ceci foi diplomada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL). Ele tinha sido reeleita para a Câmara Federal nas eleições realizadas em outubro daquele ano. Talvane, que era o primeiro suplente da vaga que seria ocupada por ela na legislatura seguinte, arquitetou o assassinato para assumir a titularidade do mandato.
Com a morte de Ceci, ele chegou a tomar posse no cargo, mas foi cassado menos de dois meses depois após o avanço das investigações sobre o crime. A cassação do mandato foi levada ao plenário da Câmara e aprovada por 425 votos a favor e 25 contra.
Na sessão, o então deputado Bolsonaro foi o único parlamentar a usar a tribuna da Casa para defender a preservação do mandato de Talvane. “É apenas a minha posição e não poderia dormir em paz se não falasse nesse momento”, disse ele durante a votação.
Em 2012, Talvane foi condenado a 103 anos de prisão em regime recluso pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) como autor intelectual do assassinato de Ceci e dos três familiares da deputada. Além dele, outras quatro pessoas envolvidas na chacina também tiveram penas de prisão decretadas pelo tribunal.
Em outubro do ano passado, Talvane conseguiu a progressão da pena para o regime semiaberto. Desde então, ele cumpre prisão domiciliar, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica. Sete meses antes, em maio, a sexta turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) havia reduzido a pena para 92 anos, nove meses e 27 dias.
Ao relembrar o crime nas redes sociais, André Janones anunciou que “Bolsonaro quer tirar do ar” o vídeo em que ele aparece se manifestando contra a cassação de Talvane. “Assistam antes que ele consiga”, escreveu o deputado, que retirou sua pré-candidatura à Presidência da República para apoiar o ex-presidente Lula (PT).
BOMBA: BOLSONARO CÚMPLICE DE ASSASSINO DE MULHER!
— André Janones 7040✌️ (@AndreJanonesAdv) August 27, 2022
Lembram da “mamadeira de piroca” que decidiu a eleição de 2018 a favor de Bolsonaro? Pois é, essa aqui é a de 2020, porém com duas diferenças:
1 - Essa não é Fake News
2 - Se aquela lhe deu a vitoria, essa vai derrotá-lo! pic.twitter.com/XZc9uOnPq4