Lula e Bolsonaro colocam "liberdade" em disputa na estreia da TV
Programas dos dois principais candidatos usaram a palavra em contextos distintos durante primeiro programa do Horário Eleitoral Gratuito
Duas candidaturas mais bem posicionadas nas pesquisas de opinião, Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) usaram em sentidos diferentes neste sábado, 27, a palavra “liberdade” durante a estreia das campanhas presidenciais no Horário Eleitoral de rádio e televisão.
“Não existe liberdade sem democracia”, destacou o programa do candidato do PT, em narração feita pelo cantor e ex-ministro Gilberto Gil. “Democracia é respeito às leis, à Constituição, ao próximo. Democracia não combina com ódio e violência, nem autoritarismo e fake news. Nosso povo já aprendeu: ditadura e ditadores nunca mais”, continua.
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O programa de Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, exibiu imagens do presidente durante a convenção que o lançou à reeleição, realizada no final de julho no estádio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. “Não ousem tocar na liberdade do meu povo”, diz o presidente, que aparece visivelmente emocionado nas imagens.
No contexto da fala, Bolsonaro vivia momento dos mais tensos na relação entre sua gestão e o Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente com relação ao ministro Alexandre de Moraes. Desde o início da pandemia, o presidente vem utilizando a palavra liberdade para questionar imposições da Justiça e medidas de governos locais que contrariam o Planalto.
Um dos momentos em que mais utilizou o termo, por exemplo, foi quando governadores de todo o País passaram a decretar medidas de isolamento social como forma de combate à Covid-19. Outra situação semelhante ocorreu quando o STF passou a atuar contra empresários e políticos aliados de Bolsonaro que defendiam medidas como o fechamento do Congresso ou um golpe militar do País.
A atual crise econômica do País também foi um importante tema para a estreia dos candidatos no Horário Eleitoral Gratuito. Entre as principais candidaturas, os temas da fome e carestia praticamente dominaram os programas das campanhas, principalmente no rádio.
Em sua primeira gravação para a propaganda política, o candidato do PT, Lula (PT), destacou dificuldades econômicas do Brasil e prometeu “reconstruir” o País. “Nesse exato momento, milhões de irmãos e irmãs brasileiras não têm o que comer, a família sofre com os preços, que não param de subir, e com o salário, que mal paga uma cesta básica”, diz.
“Como pode um governante não se importar com o sofrimento de tanta gente?”, continua o petista. O programa também inclui um depoimento do candidato a vice, o ex-governador paulista e ex-adversário de Lula Geraldo Alckmin (PSB), que justificou a união. “Mesmo que a gente não pense igual em tudo, algo nos une: o desejo de reconstruir o Brasil”.
Exibido na sequência, o programa de Jair Bolsonaro (PL) também falou da questão econômica, destacando trechos de discurso do presidente em sua convenção eleitoral no Rio de Janeiro. No rádio, o chefe do Executivo aproveita para criticar e responsabilizar governadores e políticas de isolamento pela atual má fase da economia.
“Temos enfrentado uma pandemia, onde muitos obrigaram a todos a ficar em casa. E eu falei, vamos combater o vírus e também fazer que nossa economia não seja destruída”, diz. Depois, o programa fala sobre o Auxílio Emergencial, criado durante a pandemia, e do Auxílio Brasil, destacando que o benefício paga mais em média que o extinto Bolsa Família.
Terceiro lugar nas pesquisas de opinião, Ciro Gomes (PDT) também focou programa de estreia na rádio na questão econômica, destacando propostas de sua campanha para o setor. Entre elas, por exemplo, estão a lei anti-ganância, que proibiria a cobrança de juros abusivos, e a renegociação de devedores do SPC.