Réplica da cabeça de Bolsonaro volta a ser usada como bola em performance
Evento reuniu pessoas no Elevado Presidente João Goulart, popularmente conhecido como Minhocão
Uma réplica ultrarrealista da cabeça do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi usada pelo coletivo americano Indecline durante performance e protesto realizado neste domingo, 21, no Elevado Presidente João Goulart, popularmente conhecido como Minhocão. O objeto foi chutado e rasgado durante o evento, que reuniu um pequeno número de pessoas em São Paulo.
As informações são da Folha de S. Paulo. Conforme a reportagem, palavras de ordem como “Fora, Bolsonaro” eram entoadas contra o chefe do Executivo, que disputa a reeleição, pelas pessoas que estavam presentes no local.
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A ação, parte do projeto "Freedom Kick" ou “chute da liberdade”, atraiu a atenção das pessoas que passavam pela via andando, correndo ou pedalando. Eles viam a réplica da cabeça do político ser arremessada de um lado para o outro no tapete de grama artificial que foi estendido pelo asfalto.
"Vamos chutar a cabeça desse verme", dizia uma mulher, presente no local , enquanto apontava para o objeto. "Venham, pessoal, é gostoso demais. É terapêutico”, completou, conforme a Folha de S. Paulo. "Filha, é aqui que você deve fazer cocô", afirmou uma das jogadoras à sua cadela enquanto indicava a bola com rosto do político.
"A gente quer mostrar que esse cara realmente não presta", ressaltou Tiely ao jornal. Atleta do time Tamanduás Bandeiras, ele é um jogador trans que estava presente no local e chutou o objeto. "Nós estamos aqui fazendo algo lúdico. Enquanto isso, tem gente que invade festa dos outros para dar tiro", acrescentou. Tiely fazia referência ao caso do guarda municipal petista Marcelo Arruda, que foi assassinado pelo policial bolsonarista Jorge Guaranho, em julho. "Tenho certeza de que quem parou hoje no Minhocão para chutar essa bola melhorou o seu estado de espírito", concluiu.
Conforme a Folha de S. Paulo, o movimento responsável pela performance foi fundado em 2001 por grafiteiros, fotógrafos e ativistas. Ele já fez ações semelhantes com os rostos do russo Vladimir Putin e do ex-presidente do Estados Unidos Donald Trump. Em outra ocasião, eles penduraram roupas de membros do Ku Klux Klan em árvores como se estivessem sendo enforcados.
Um protesto semelhante já ocorreu em 2020. Na época, um vídeo foi produzido com outra réplica parecida com a cabeça do presidente sendo usada como bola de futebol, mordida por um cachorro e colocada em um saco de lixo. Na ocasião, um inquérito chegou a ser aberto, mas foi arquivado pelo Ministério Público Federal (MPF). Na alegação, o órgão ressaltou que a Constituição Feral garante liberdade de expressão e artística.
Os nomes dos membros do Indecline não são revelados. Segundo a reportagem, os integrantes do coletivo recebem, com frequência, ameaças de morte.