Editor do maior jornal peruano ao J10, sobre final da Libertadores: “Jogo europeu”

Editor do maior jornal peruano ao J10, sobre final da Libertadores: “Jogo europeu”

Sergio Mejía, do "Líbero", concede entrevista exclusiva e fala sobre Palmeiras x Flamengo, seleção peruana e importância da decisão no país

Um dos jornais mais importantes do Peru, o diário “Líbero” fará uma cobertura diferenciada da final da Libertadores, marcada para sábado (29/11), em Lima. E o Jogada10 se fez presente na redação do tabloide esportivo, que faz parte do “Grupo La República Publicaciones”, nesta terça-feira (26/11) para uma entrevista com o editor Sergio Mejía.

O jornalista mostrou as dependências do local, que conta com cinco andares e um terraço, englobando redações de outras marcas que fazem parte do conglomerado. A parte destinada ao “La República” (notícias gerais) focava plenamente no julgamento do ex-presidente Martín Vizcarra, condenado a 14 anos de prisão por corrupção. O Líbero – no segundo piso -, por sua vez, já respira a final da Libertadores. Para Mejía, a escolha da Conmebol por levar mais uma decisão da maior competição do continente para Lima é motivo de celebração.

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“Era algo que se vinha cozinhando. Já tínhamos recebido a final de 2019, que o Flamengo foi campeão. Para nós, é uma alegria total. Sobretudo por receber dois times brasileiros. Pensávamos em receber um brasileiro e um argentino, mas é pura fantasia ver dois brasileiros na final. Creio que vai ser um jogo de tamanho mundial. Não parece um jogo de futebol sul-americano, e sim um jogo europeu. São os dois plantéis mais caros da América do Sul. E vão fazer uma tarde muito boa, definitivamente”, analisou.

Ele revelou que dois repórteres e um fotógrafo estarão no estádio Universitário de Lima representando o portal. Na redação, porém, todos os olhos estarão voltados para a decisão. Eles, aliás, realizarão uma live de reações na redação durante o jogo, apostando no engajamento online.

Futebol peruano em segundo plano

O Campeonato Peruano já terminou, com o maior campeão Universitario conquistando o tri consecutivo. No entanto, ainda há jogos para decidir os classificados à Libertadores da próxima temporada. Na próxima terça (2/12), Sporting Cristal e Alianza Lima – dois dos três maiores clubes do país – começam duelo para quem chega à “final” dos playoffs contra o Cusco, que aguarda seu adversário de camarote. A volta no clássico será no dia 6. O vencedor dos playoffs vai direto para a Liberta, enquanto o perdedor disputará as fases preliminares. Mesmo com tal importância, a final da Libertadores está em primeiro plano.

“Agora, todo mundo voltado para a Libertadores. Você vai ver na televisão, nas redes sociais, no tik tok… tudo é “Flamengo x Palmeiras”. Os jogos são na próxima semana, então a gente está muito focado na Libertadores mesmo. Até porque o jogo é por uma segunda posição, não é tão atrativo. É um clássico, é verdade, há muita coisa em jogo. E definirá a continuação de muitos jogadores e até mesmo de treinadores. Mas o foco é a final”, analisou.

Final da Libertadores: visibilidade para Lima

Mejía falou também sobre a importância do aumento da visibilidade de Lima para o restante da América do Sul. Segundo o próprio, o Peru não está entre os países mais visitados, mas existe projeto do Ministério do Turismo para que essa história mude. A final da Libertadores, então, passa por isso.

“Sim, mais de 50 mil turistas virão. Nos falam algo como 100 milhões de dólares no turismo. É uma oportunidade para mostrar como é Lima. Nas redes sociais, falam que Lima é uma cidade feia, que não tem árvores. Temos problemas políticos, com muitos protestos. E nessa semana, ainda que com dois ex-presidentes passando por julgamentos, a final da Libertadores é uma festa. É um lado positivo para os peruanos. Boa oportunidade para os torcedores brasileiros “venderem” a cidade de Lima quando voltarem. Não estamos no Top-5 de países que mais recebem turistas, mas o Ministério do Turismo tem uma iniciativa para aumentar esse número”, afirmou.

E a seleção do Peru?

O fim da entrevista marcou um papo sobre a seleção peruana. Afinal, após um excelente período sob comando de Ricardo Gareca (2017-2022), o time retornou à Copa do Mundo em 2018 e bateu na trave (perdeu na repescagem) em 2022. Para Mejía, o Peru não aproveitou esta boa fase para realizar uma renovação em sua geração.

“Quando fomos para a Copa do Mundo de 2018, pensávamos que muitos de nossos jogadores iriam para grandes clubes do mundo. A imprensa pensava isso. Mas a realidade foi distinta! Quando terminou a Copa, muitos jogadores foram para clubes pequenos, outros voltaram, outros se aposentaram. Então, pouco a pouco, fomos reparando que não houve renovação geracional na seleção. Não à toa, Paolo Guerrero, com 41 anos, foi titular nas Eliminatórias. Não só jogou, como foi titular! Então, a atual geração não é do nível anterior. Não temos um novo Guerrero, Pizarro, Farfán. Nosso principal jogador é o Tapia, que está nos Emirados Árabes, que não é uma liga tão grande”, discorreu.

Por fim, ele comparou a escola brasileira com a peruana, já que muitos jogadores nascem na pobreza e crescem jogando bola em situação desfavoráveis, criando um controle de bola próprio e característico – tal qual no Brasil. Para Mejía, porém, a seleção não reencontrou esse estilo depois da saída de Gareca.

“Nosso futebol é bonito, temos um estilo de muito passe, o tal “chocolate”. Passe curto, passe curto, lançamento para alguém livre, que domina e faz o gol. O Ricardo Gareca, pessoa mais amada no Peru, conseguiu isso. Nossos melhores jogadores vieram do futebol de rua, tiveram infância pobre e jogavam nas ruas todos os dias, sem chuteira, nem nada. Então, esse estilo de rua, Gareca soube complementar. Mas quando não conseguimos a classificação em 2022, ele saiu. Entrou Reynoso, Fossati, o interino Ibáñez… Não conseguiram resultados favoráveis. Então nunca houve essa renovação geracional que precisávamos”, finalizou.

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